Novas praças são estímulo à leitura

Agência Aracaju de Notícias
23/04/2014 18h27

‘Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas'. A frase, do poeta brasileiro Mário Quintana, pode até soar estranha aos ouvidos daqueles que não cultivam o hábito da leitura, mas quem lê sente o impacto de cada história e cada personagem em sua vida. Hoje, no Dia Mundial do Livro, o que chama a atenção na capital sergipana são os novos espaços reservados para a leitura nas praças reformadas.

Em Aracaju, as praças Camerino e Tobias Barreto têm exercido a importante função de propagar o hábito de ler. Recém reformadas pela Prefeitura Municipal de Aracaju, elas contam com um espaço de leitura e de troca de livros, pensado e desenhado pela arquiteta da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Angélica Rocha. "Quisemos dar mais uma opção de convívio e de encontro para as pessoas. É um mobiliário urbano que gera gentileza, uma gentileza urbana. A gente está tentando trazer equipamentos que integrem a sociedade e levem ao encontro nas praças", explicou a arquiteta.

Angélica conta que a ideia de fazer este ambiente veio do fato de que em diversos outros países já existem espaços desse tipo. A troca de livros é voluntária e não necessita de nenhuma intermediação, o usuário deixa o livro e troca por outro que já está lá. "O livro se torna circulatório, é circulação de cultura entre as pessoas num ambiente aberto. Quando você lê, você vai para outro universo, conquista vários universos sem sair do lugar. A leitura deixa a pessoa com a visão ampla da vida, em todos os sentidos", notou.

Antônia Amorosa, diretora de Cultura e Arte da SEC/Funcaju, reconhece o significado de incentivar e cultivar um espaço de incentivo à leitura. "Quanto mais se busca, de forma criativa, essa interatividade para que as pessoas tenham acesso à leitura, mais produtivos serão os resultados. Não tenho dúvida que o espaço será um sucesso. Apesar de todas as mídias criadas ninguém conseguiu destruir a força, o poder e a grandeza e o que significa um livro nas mãos de alguém, isso não tem preço", contou.

Amorosa, que é uma grande adepta da leitura e de colecionar livros, acredita que é necessário estimular as novas gerações da importância do acesso ao livro e do toque, pois elas estão muito voltadas às novas tecnologias. "A leitura amplia o conhecimento, ajuda na capacidade de articulação. A memorização e a capacidade de expressão é muito mais ampla para aquele que lê. Esse incentivo deve partir não apenas dos educadores, mas também de iniciativas públicas, como é o caso do que está acontecendo hoje nas praças de Aracaju", concluiu.

Quem frequenta as praças também vê muitos benefícios em um ambiente como este. Maurício Andrade, universitário e natural da Bahia, conta que nunca tinha visto um espaço desse tipo na sua cidade. "É um modo de interação indireta, é um espaço de troca de livros, alguém que tem um livro bacana que não queira mais pode deixar ali para que outra pessoa conheça uma história nova", afirmou.

Para ele, que estava conhecendo a praça pela primeira vez, a leitura é algo de muita importância. "Ler é você se deparar com várias outras histórias que podem te acrescentar alguma coisa, várias histórias mundo afora, que podem trazer alguma coisa útil para você no dia-a-dia", disse. Maurício foi visitar a praça acompanhado da colega, Aline Barros, que também estava lá pela primeira vez. "Ler é ver o mundo de outra forma, não só pelo conhecimento, mas a cabeça muda completamente. Agora que eu conheço, pretendo usar esse espaço".

Para Luan Lima, estudante de Artes, as vantagens do espaço vão muito além de apenas incentivar a leitura. "Esse ambiente tem o potencial de mudar a cultura regional, as pessoas são muito distanciadas do lado literário, então colocar isso num espaço público torna possível que muitos participem. Quanto mais livros bons, melhor vai ficar o senso comum das pessoas e o convívio com os outros seres humanos", contou.

Dia do Livro

O dia 23 de abril foi escolhido para comemorar o Dia do Livro porque nesta mesma data, há 398 anos, morreram dois dos maiores escritores que já existiram, Miguel de Cervantes e William Shakespeare.  Cervantes, que morreu aos 68 anos, foi o autor do que é considerado o primeiro romance moderno, Dom Quixote, e exerceu grande influência na língua castelhana. Já Shakespeare, autor de uma das maiores histórias de amor do mundo, morreu com apenas 52 anos e foi um grande poeta e autor de peças de teatro.