Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência entrega prêmio Pipiri

Assistência Social e Cidadania
22/09/2014 15h34

A noite da última sexta-feira, 19, foi especial para as pessoas premiadas com o Troféu Pipiri. A honraria, concedida pelo Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência agraciou pessoas com e sem deficiência, que são exemplos de superação ou de luta pela causa que, a cada ano, ganha mais e mais adeptos. A solenidade foi realizada no auditório da Escola de Ensino Fundamental Presidente Vargas, no Siqueira Campos.

"O prêmio expressa o reconhecimento do conselho a todas as pessoas que, de uma maneira ou de outra, são engajadas na luta contra o preconceito e a discriminação às pessoas com deficiência", explicou o presidente do colegiado, Everton de Jesus Vieira, acrescentando que os homenageados atuam em diversas áreas, do ensino à advocacia, e fazem da profissão um instrumento de conscientização quanto ao valor e aos direitos da pessoa com deficiência.

Assim faz, por exemplo, Jorge Henrique Vieira Santos, professor de Língua Portuguesa da rede estadual de ensino, atuando no município de Nossa Senhora da Glória, onde mora. Durante seu mestrado, desenvolveu pesquisa sobre o discurso em relação à inclusão de pessoas com deficiência na escola. "A pesquisa mostra que os usos de linguagem interferem significativamente no processo de inclusão", disse.

Em outras palavras, o professor quer dizer que há uma grande distância entre o discurso e as práticas de inclusão social. "Discurso favorável esconde as barreiras reais", explicou o homenageado, salientando sua felicidade pela escolha do seu nome para o troféu. "Sinto-me muito honrado, sobretudo porque entre tantas pessoas que desenvolvem trabalho inclusivo, meu nome foi lembrado", concluiu o professor, que desde os nove anos de idade é cadeirante.

Emocionada estava uma outra homenageada. Também professora, Leila Santos Barreto, atua há cinco anos na Sala de Recursos Multifuncionais da Escola estadual Manoel Franco Freire. Sua principal tarefa é a inclusão de pessoas com deficiência na sala de aula regular. "É uma alegria muito grande ver o meu trabalho reconhecido. Amo o que faço e tenho certeza de que foi Deus quem me encaminhou para trabalhar com as pessoas com deficiência. É muito gratificante, especialmente quando vemos os resultados", ressaltou.

Zé do Pedal

Figura conhecida por onde passa, Zé do Pedal foi uma das presenças marcantes na solenidade de entrega do Troféu Pipiri. "Soube da premiação e fiz questão de vir dar o meu apoio a esta tão expressiva homenagem", declarou o ativista social, que vai cortar o país de Viramutã, no extremo norte do Brasil, ao Chuí, no Rio Grande do Sul, empurrando uma cadeira de rodas.

O objetivo do seu esforço é o de chamar a atenção da sociedade brasileira para um dos principais problemas que afeta a pessoa com deficiência, que são as barreiras arquitetônicas. Em sua jornada social, ele passará por 327 municípios.

Homenageados

- Antônio Rúbio de Carvalho (instrutor de Libras), Vanda Maria Lima Magalhães (servidora pública), Edvaldo Serafim dos Anjos Sobrinho (técnico administrativo), Margarete Gomes (pedagoga), Jailton de Oliveira Santos (comerciário), Leila Santos Barreto Cardoso (professora),  Jorge Henrique Vieira Santos (professor), Maria Lygia Maynard Garcez Silva (funcionária pública aposentada e presidente da APADA), Jailson da Silva Alves (aluno da Apae/Aracaju), Natália Martins Legal (com paralisia cerebral, cursa Análise de Sistema), Edicarlos Santos da Conceição (monitor de Libras), Claudianca Santos da Conceição ( Paratleta), Daniel Mesquita (PcD - desenhista), Ana de Fátima Aribé Alves (ativista social), Charles Graziênio (pesquisador), Yan Almeida Rodrigues (estudante), Pablo Ramon Lima de Barros (em engenheiro da computação), Companhia de Dança Loucurart (cadeirantes), Nielza da Silva Maia de Souza (professora).

Pipiri

Sergipano, nascido na década de 30, filho de Uberlina Santos, Pipiri se chamava Humberto Santos. Foi artista popular e possuía uma deficiência intelectual, por isso foi aposentado na época como débil mental. Essa discriminação acabou levando-o ao alcoolismo. Pipiri dedicou-se à poesia, sobretudo à sátira. Por conta da sua irreverência, ficou conhecido como o ‘Boca do Inferno Sergipano', numa alusão ao também poeta Gregório de Matos, pois tanto um como o outro usava a sátira pra criticar os costumes da sociedade e da política.

Dedicou-se também à realização de shows em praças-públicas, teatros e educandários, com apresentações de imitações e anedotas que rendiam a ele algum dinheiro extra do cachê. Era considerado o ‘Maluco de Deus' pelas crianças e adolescentes.

Nos últimos anos de sua vida, Pipiri foi proibido de exercer sua profissão artística nos locais de costume por causa da ‘sujeira' que fazia quando estava bêbado. Ele sabia que estava decaindo profissionalmente por sua própria culpa, mas tudo isso, segundo ele, foi culpa da sociedade que o discriminou. Devido à sua embriaguez, Pipiri morreu atropelado por um carro na esquina da avenida Barão de Maruim com rua Santa Luzia.