Médicos da Rede Municipal participam de encontro sobre Microcefalia

Saúde
27/01/2016 14h50

Na manhã desta quarta-feira, 27, no Bloco F da Universidade Tiradentes, profissionais técnicos, pediatras e clínicos gerais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) se reuniram para discutir as diretrizes relacionadas à Microcefalia, ao Zika Vírus e pormenores relacionados ao mosquito Aedes aegypti. Na ocasião, o médico geneticista Emerson Santana Santos palestrou sobre a doença, detalhando nuances baseadas em suas pesquisas ao longo de quase 20 anos de estudos no assunto.

“Existem diversos fatores que implicam no nascimento de crianças com Microcefalia, entre os quais, a genética, consumo de álcool (durante gravidez), consumo de medicamentos, parentesco entre o casal, idade da mulher. Sempre existiu Microcefalia, só que relacionada ao Zika Vírus é um algo novo e que estamos analisando, porém, já sabemos que o Zika Vírus tem predileção pelo cérebro das crianças”, explicou Emerson.

O médico apresentou um paralelo de anos anteriores, onde o nascimento de crianças com Microcefalia era consideravelmente menor. Em 2010, foram três casos; em 2011, apenas um criança com a doença; em 2012 foram dois casos; em 2013 nenhuma criança nasceu com Microcefalia; em 2014 foram dois bebês. Já de agosto de 2015 (quando surgiu a relação entre o Zika Vírus e a Microcefalia) até o momento já foram diagnosticadas 170 crianças com esse quadro clínico em Sergipe (sendo 42 crianças em Aracaju).

“A Zika é uma doença que atinge todas as classes sociais. Temos que ressaltar que esses bebês (nascidos nesse período de surto de Zika no Brasil) possuem também neuropatias graves e necessitarão de auxílio de diversos profissionais. Eles estão nascendo com má formação no sistema nervoso, luxações nas articulações entre outros problemas motores. Não se trata apenas do tamanho do crânio. Temos que pensar a doença e seu tratamento, nestes casos, como algo mais abrangente”, pontuou Emerson.

O especialista ainda pediu que os colegas médicos tenham um olhar mais ativo em relação ao pré-natal das gestantes. “Temos alguns casos onde a criança apresenta quadro de Macrocefalia durante a gestação, mas que no final, ao nascer, demonstra uma evolução para quadro de Microcefalia. Então, precisamos monitorar e comunicar todo tipo de anormalidade durante o período gestacional, para que tenhamos maior controle sobre o estado destes bebês”, disse.

Segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Raulinna Gomes, todo profissional da Rede Municipal deverá comunicar à Secretaria Municipal de Saúde qualquer assunto relacionado ao Zika Vírus. “Temos plantões específicos para atender esses profissionais sobre a doença. Todos os casos suspeitos devem ser notificados, porém, é um desafio para todos nós essa situação devido ao combate em si. Não existe vacina contra as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti; o que temos são medidas exclusivamente baseadas no combate ao vetor. Todo o esforço é para evitar uma epidemia, o que sobrecarregaria todo o sistema de saúde do Brasil. Este encontro tem importância fundamental para que possamos discriminar as informações de forma homogenia entre os médicos”, disse Raulinna.

De acordo com coordenadora do Programa Saúde da Criança e do Adolescente da SMS, Rita Bittencourt, é importante fechar o fluxo de informação para que não exista conduta diferente no trato à questão da criança com Microcefalia. “Em Aracaju, nossa referência para estes bebês está sendo o Centro de Especialidades Médicas da Criança e do Adolescente (CEMCA). Todo caso confirmado de Microcefalia deverá ser notificado na Unidade de Saúde da Família (USFs), onde essa mãe e esse bebê residam, para que, em seguida, comecem os procedimentos especializados. Temos que ressaltar ainda que Aracaju foi a primeira capital do Brasil a ofertar em suas USFs atendimento psicológico para a mãe e para os familiares, que precisarão lidar a partir de agora com uma criança com Microcefalia. Esse fator é importante para a aceitação da doença”, enfatizou.

Para a médica Leslie Cid Castro Bezerra, toda informação sobre o tema é bem-vida. “Como se tornou um assunto muito comentado, já tive acesso a alguns dados, mas essa questão do fluxo, do preenchimento de documentação e contatos para relatar situações eu não sabia. Certamente, este encontro contribuirá para nosso trabalho dentro dos consultórios”, enfatizou.

Confira as unidades de referência em atendimento psicológico para mamães e familiares de crianças com Microcefalia:

USF Augusto César Leite (Rua Elenita Nery Gomes, s/n, Conj. Santa Tereza)

USF Geraldo Magela (Rua Central IV, s/n, Conj. Orlando Dantas)

USF Dona Sinhazinha (Av. Hermes Fontes, s/n, bairro Grageru)

USF Adel Nunes (Rua Hait, s/n, bairro América)

USF Cândida Alves (Rua São João, s/n, bairro Santo Antônio)

USF Porto Dantas (Rua Antônio dos Santos, nº 468, bairro Porto Dantas)

USF Eunice Barbosa (Rua Beira Rio, 92, bairro Coqueiral)

USF Onésimo Pinto (Av. Ayrton Senna, s/n, b. Almirante Tamandaré)

 

USF Walter Cardoso (Rua B, nº 372, b. Veneza)