Técnicos do Arquivo Público concluem acervo fotográfico sobre Aracaju

Cultura
31/05/2016 17h11

Quando nos deparamos com imagens, é possível parar e refletir e, se essas imagens forem antigas, o foco imediato é uma viagem no tempo, sendo possível fazermos uma comparação com a nossa atualidade. Com o intuito de preservar e, consequentemente, difundir a história de Aracaju, o Arquivo Público Cidade de Aracaju, unidade de Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), concluiu a montagem de seu acervo fotográfico, reunindo mais de 17 mil fotos. Praças, casarões da década de 30, por exemplo, fazem parte do acervo e, ainda, personalidades, artistas que desempenhavam seus papéis em plena época da ditadura militar.

O acervo fotográfico se transformou em conhecimento para o resgate da nossa história, retratando as transformações ocorridas na capital sergipana, nas áreas da política, economia, cultura e, sobretudo, na urbana. O leque vasto no segmento da fotografia tem valor documental e está disponibilizado para aqueles que desejarem realizar uma pesquisa ou ainda, contrastar as transformações ocorridas na cidade.

As coleções fotográficas remotam de 1898, com a foto do primeiro intendente de Aracaju, Jacintho Porto. Nesta área, as fotos registram os intendentes, interinos e prefeitos até 2013, como Martins de Almeida, Camilo Calazans, Theófilo Dantas, entre outros.

Já imaginou a Avenida Ivo do Prado em 1930? As fotos mostram o canteiro central, bem arborizada e prédios antigos.  E a Praça Fausto Cardoso em 1940? As imagens demonstram palmeiras imperiais, muitas árvores e sem a existência do prédio da Assembleia.

De acordo com a coordenadora do Arquivo, Rita de Cascia Valença, no arquivo também consta fotos da Escola Normal Rui Barbosa, de 1920, localizada em frente ao Parque Teófilo Dantas. Atualmente, o mesmo prédio vem servindo para a comercialização de artesanato (Rua do Turista).

O antigo Hotel Pálace, na sua plenitude está ao fundo da Praça General Valadão que concentra inúmeras transformações até a nossa atualidade, como a fonte. Sabem onde eram os prédios da Delegacia Fiscal e Biblioteca Pública em 1934? Estão em frente a praça Fausto Cardoso (Receita Federal e Arquivo Público do Estado). As estruturas praticamente permanecem as mesmas.

Um fato interessante diz respeito às coleções fotográficas de eventos ocorridos na Sociedade de Cultura Artística de Sergipe (Scas), fundada em 1951, tendo como primeiro presidente Feltre Bezerra. O acervo é fruto de doação realizada por José Carlos Mesquita Teixeira, que foi prefeito de Aracaju, deputado e também integrante da Scas.

São 808 fotos registrando a participação de artistas, jornalistas, professores e de outros segmentos em movimentos culturais. Fotos de Clodoaldo de Alencar Filho, Dom Luciano Cabral Duarte, José Carlos Teixeira, professora Thetis Nunes, governador João Garcez, José Aloísio Campos e muitos outros integram o acervo.

Nessas fotos, também é possível denotar um movimento artístico por meio de peças teatrais advindas da Alemanha, União Soviética, França e outros estados do Brasil. Foi um período difícil para os intelectuais da época, considerando a repressão e a censura, mas de uma forma ou de outra, as expressões estão presentes por meio das fotos.

O trabalho de resgate fotográfico sobre Aracaju contou com as pesquisas e catalogação das historiadoras Jucileide Sampaio Moraes e Mayra Ferreira Barreto, funcionárias do Arquivo Público.