Primeira noite da Egbé lota sala de exibição do Centro Cultural de Aracaju

Cultura
24/04/2017 10h13

A abertura da 2ª Egbé - Mostra de Cinema Negro de Sergipe, no último sábado, 22, lotou a sala de exibição Valmir Almeida do Centro Cultural de Aracaju, unidade da Funcaju, abrindo uma janela de visibilidade para a cinematografia afrodescendente brasileira. Com homenagem à cineasta convidada, Adélia Sampaio, Feira de Empreendedores Afrodescendentes, exibição do longa "Amor Maldito" e um bate-papo com Adélia, a Egbé iniciou a maratona de filmes que segue até sexta-feira, 28.

Serão exibidas 26 produções que abordam as vivências do negro na sociedade, na política, nas artes, na vida doméstica. "Um momento para nos debruçarmos sobre filmes que nem sabíamos que existiam, pois não passam. São filmes vindos de todo o país e que mostram como é forte e cheia de linguagem essa produção afrodescendente", comenta um dos produtores da Mostra, João Brazil.

As atividades tiveram início ainda pela manhã, no auditório do SESC Centro. O público se reuniu para discutir, junto com as convidadas Adélia Sampaio, Alexandra Dumas e Luciana Oliveira, o espaço da mulher negra no cenário audiovisual durante o Seminário Mulheres Negras Fazendo Cinema no Brasil. Ao contar um pouco da sua trajetória, Adélia, considerada a primeira cineasta negra a dirigir um filme de longa-metragem de ficção no país, ressaltou a importância de se trabalhar em conjunto.

"Quando eu comecei, enfrentei muitas dificuldades. Filha de empregada doméstica, negra, periférica. Mas sempre digo que só foi possível porque houve um ajuntamento. Sou da geração dos agrupamentos. O meu filme, Amor Maldito, foi todo feito em sistema de cooperativa", conta.

Homenagem

Durante a noite de abertura, a cineasta ainda recebeu o troféu Severo D'acelino de Cinema Negro, entregue pelas mãos do próprio ator que compareceu ao evento. Entre aplausos e carinhoso acolhimento do público, Adélia agradeceu o reconhecimento. "Estou muito honrada e desejo muito sucesso à Egbé. Contem sempre comigo".

Após a entrega do troféu, o filme "Amor Maldito" foi exibido. Gravado em 1984, o longa conta a história de duas jovens mulheres que se apaixonam e decidem morar juntas. Porém, uma delas se envolve com um jornalista, engravida e é abandonada por ele, cometendo suicídio. A ex-companheira passa a ser acusada de homicídio e começa a lutar contra os preconceitos para provar inocência. Um filme considerado revolucionário para a época e que, segundo a própria diretora, continua sendo atual.

Programação

As sessões de filmes continuam nesta segunda, 24, até a sexta, 28, das 15h às 21h, no Centro Cultural de Aracaju. A programação completa com filmes e horários está disponível na página da Egbé no Facebook. A mostra é uma realização do Cine Candeeiro, em parceria com a Cacimba de Cinema e Vídeo e Lamparina Animação e Produção de Vídeo, e apoio do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira/FUNCAJU/Prefeitura de Aracaju.