SMS promove discussão sobre saúde mental com profissionais e estudantes

Saúde
28/04/2017 11h22

 “As Reformas Psiquiátricas, Itália e Brasil: aproximações e perspectivas”, foi o tema da aula aberta do Curso de Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, promovido pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio do Centro de Educação Permanente em Saúde (Ceps),  em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP)/Fiocruz. O evento aconteceu na noite desta quinta-feira, 27, na Faculdade Estácio/Fase, no bairro Salgado Filho, e contou com a participação de estudantes e profissionais da área de saúde mental.  As discussões provocaram uma reflexão e uma melhor compreensão de como a extinção dos manicômios na Itália influenciou a reforma psiquiátrica no nosso país.

A abertura da aula foi feita pela referência técnica em educação permanente da SMS, Simone Barbosa, que ressaltou a importância do investimento feito pela Prefeitura de Aracaju na capacitação  dos trabalhadores para que eles tenham mais ferramentas no cuidado com os usuários.  “O curso oficializa a qualificação de mais de 30 profissionais no campo do cuidado e das políticas em saúde mental, álcool e outras drogas, reafirmando a lógica de uma sociedade sem manicômios, sem violência e sem exclusões”.

Psiquiatra e militante do movimento nacional de luta antimanicomial, o professor e coordenador do Curso de Especialização em Saúde Mental pela ENSP/Fiocruz, Paulo Amarante, foi um dos palestrantes da noite. Ele lembrou que a reforma psiquiátrica, em curso no Brasil, já foi adotada em quase todos os países europeus, sendo o modelo italiano o referencial para as ações brasileiras. “Hoje nos tivemos a oportunidade de discutir esse momento importante que estamos vivendo, de avanço na reforma psiquiátrica, mas também de crise. Além disso, debatemos sobre como a Itália influenciou na reforma brasileira, uma vez que o país europeu foi o pioneiro em fechar os manicômios e criar os Centros de Atenção Psicossocial,  então os italianos foram os nossos professores, nossa referencia”, explicou.

Paulo Amarante ressaltou ainda como os debates promovidos durante os módulos do curso influenciam na rotina dos profissionais. “Eu trabalho há muitos anos com a formação dos profissionais de rede e percebo que a já a partir da primeira aula do curso de especialização as pessoas voltam para o trabalho com uma visão diferente. Elas mudam de postura, mudam completamente a forma de olhar e também de tratar os usuários”.

E a opinião do professor é compactuada pela assistente social, Ana Paula Rodrigues. Ela conta que, apesar de atuar na área há muitos anos, o curso de especialização trouxe uma oportunidade de crescimento profissional. “Os debates promovidos pelos professores são sempre de alto nível e as explicações muito esclarecedoras. O que a gente aprende em sala de aula amplia os nossos horizontes, nos dá uma nova perspectiva dentro do nosso ambiente de trabalho”, pontuou.

Participação especial

O professor e psiquiatra italiano, Ernesto Venturini, também proferiu palestra na aula aberta desta quinta-feira. Ele é colaborador de diversas Universidades Italianas e contribuiu ativamente para o êxito da lei da reforma psiquiátrica na Itália. Como assessor da Organização Pan-Americana de Saúde para a América Latina, acompanhou a reforma psiquiátrica brasileira desde 1992.  É também autor de alguns livros, inclusive realizou ontem o lançamento de um deles em Aracaju: “A linha curva”.