Prefeitura apoia grafite na cena cultural de Aracaju

Agência Aracaju de Notícias
17/11/2017 08h54

Dext é um dos grafiteiros que está modificando a paisagem de Aracaju. Em diversos pontos da cidade é possível identificar o colorido dos seus desenhos e o talento do artista. No registro, seu nome é Dalvan do Nascimento, mas é como Dext que o aluno do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Sergipe ficou conhecido e atua há nove anos no grafite. Ele compõe o grupo Laboratório da Arte, formado por dez grafiteiros, que, além de deixar a capital mais alegre e acolhedora com as pinturas, ainda oferece oficinas para ensinar a técnica para a comunidade do bairro Santa Maria.

De acordo com a lei federal, nº. 9.605/98, a prática de grafite não é considerada crime desde que seja consentida pelo proprietário ou com autorização do órgão competente, em caso de bens públicos. "Às vezes resolvemos pintar algum lugar por iniciativa própria, pedimos autorização aos órgãos e, normalmente, são liberados. Outras vezes, nós somos convidados e recebemos ajuda de custo e materiais, como foi o caso do terminal DIA, que a SMTT (Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito) me procurou por já conhecer o meu trabalho", afirma Dext.

Nino Karvan, diretor de Arte e Cultura da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Funcaju), explica que, em Aracaju, a autorização para pintura em locais públicos é semelhante a qualquer outra utilização de espaço públicos. "No caso do grafite, a liberação depende de uma autorização prévia da administração municipal, através da Emsurb (Empresa Municipal de Serviços Urbanos). O interessado deve apresentar, na sede da administração, um ofício com texto explicativo e, se possível, anexar um croqui da obra", explica Nino.

Além do terminal de integração do DIA, também é possível encontrar artes de Dext no muro externo da Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Dr. José Calumby Filho e no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), ambos no bairro 17 de Março; na Praça da Juventude, conjunto Augusto Franco; na sede da Ronda Escolar, Emei Profª Neuzice Barreto, bairro Getúlio Vargas; entre outros locais públicos e privados de Aracaju. A grande diferença entre o grafite e uma pichação, que é considerada vandalismo, é a autorização e a estética, que envolve estilo, técnicas, projetos e cores.

Para Dext, a arte em locais públicos tem uma importância sociocultural, valorizando locais que antes não eram tão valorizados e que podem ser tornar pontos turísticos. "Através da arte, nos comunicamos facilmente e, até quem não sabe ler, consegue entender. O grafite dá uma nova vida, transforma a cara dos locais e, em algumas cidades do mundo, se tornou patrimônio cultural da cidade", afirmou.

"Temos total interesse, não só de valorizar a arte do grafite, mas de apoiar toda e qualquer manifestação de cultura popular urbana. Inclusive, logo no início da gestão do prefeito Edvaldo Nogueira, o presidente da Funcaju, Silvio Santos, convocou uma série de artistas propondo uma ação, no sentido de espalhar a arte do grafite por vários pontos da cidade, através de painéis e de ações educativas e artísticas em escolas e comunidades. O projeto teve que ser adiado por falta de recursos e de parcerias com a iniciativa privada. Mas, permanece na fila de execução para ser colocado em prática assim que a situação financeira municipal melhorar", ressalta o diretor Nino Karvan.

Com o objetivo de propagar a arte e dar novas opções à comunidade, o grupo Laboratório da Arte realiza eventos anuais no bairro Santa Maria e envolve dezenas de pessoas em oficinas coletivas. "Queremos gerar uma relação social entre a arte e a comunidade. Também estamos organizando o grupo e desenvolvendo alguns projetos para 2018. Um dos objetivos é fazer painéis gigantes nas laterais de prédios, como estão fazendo em outros lugares", acrescenta Dext.