Participação de atletas da terceira idade é cada vez maior na Corrida Cidade de Aracaju

Juventude e Esporte
15/03/2018 10h35

Seja indo à academia, se exercitando em parques ou praticando esportes, é cada vez mais frequente ver pessoas entre 65 e 80 anos fazendo atividades físicas. A cada nova edição da Corrida Cidade de Aracaju, por exemplo, cresce a participação dos chamados atletas da terceira idade na competição e essa realidade tem sido comum também em outras corridas de rua Brasil a fora.

Segundo o IBGE, a população atual de idosos é 12% do total de brasileiros (ou seja, são mais de 25 milhões de pessoas) e até 2030 este número deve dobrar. A prática de exercícios é fator de comportamento essencial para acompanhar esta nova expectativa de vida. E também por isso que as histórias de corredores da terceira idade têm inspirado cada vez mais as pessoas a praticarem uma atividade física.

É o caso de Reginaldo Bispo que, em sua casa, tem paredes repletas de medalhas e troféus enfileirados em estantes. Ele é o competidor sergipano mais velho inscrito na Corrida Cidade de Aracaju deste ano. O tradicional evento realizado pela Prefeitura Municipal de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Juventude e do Esporte (Sejesp), oferece gratuidade para os atletas com idade acima dos 60 anos, o que estimulou ainda mais o aposentado a praticar o esporte.

"Corro desde 2006, comecei com 68 anos. Quando me aposentei, fiquei em casa sem fazer nada, sem atividade nenhuma. Um dia fomos à praia e comecei a nadar, fui uns 10 metros e cansei. Então vi que o negócio não estava bom e decidi me inscrever na natação. O professor me viu nadando e convidou para correr. Depois disso, descobri que um colega corria e perguntei se eu podia aprender e ele me convidou para participar da Corrida do Exército. Então, fui treinar na lagoa da Atalaia, fiz 10 voltas e já eram 6 km. Foi quando eu resolvi participar da minha primeira corrida, quando fiquei em quinto lugar”, contou Reginaldo.

Indispensável para um envelhecimento bom e saudável, praticar atividades físicas contribui para o bem-estar e o condicionamento da terceira idade. Hoje com 79 anos, o sergipano que já participou de competições na Bahia, Minas Gerais e Alagoas, alerta sobre a importância de realizar exercícios em qualquer fase da vida.

"Pessoas que passam dos 60 anos, não tenham medo. Procurem fazer atividade pela saúde de vocês porque a doença vem se vocês ficarem parados. Eu pratico esporte, mas se eu passar uma semana, 15 dias sem fazer nada, o corpo já começa a reclamar. Você anda na rua e dá vontade de correr, o corpo pede”, relatou.

O atleta que já participou da Equipe Pé no Chão, uma das mais tradicionais do estado, está determinado a correr mais uma vez o maior percurso da competição, 24 km. Para isso, o aposentado conta com ajuda de um caderno onde anota todos seus treinos, tempo, data, minuto por Km e calcula o que deve melhorar para atingir a meta. E quando não pode sair, nada de ficar parado, o treino acontece dentro de casa, percorre todo local durante duas horas. 

"Minha esposa não pode sair muito, ela tem que ficar em casa porque somos apenas nós. Quando minha nora fica com ela, eu dou uma saída e vou treinar, afinal são 24 km. Mas quando não posso sair, eu corro dentro de casa. Eu saio da varanda, passo pela sala, subo as escadas e volto novamente. Às vezes, uma ou duas horas correndo esse percurso. É muita força de vontade, e eu gosto" explicou Reginaldo. 

Outro exemplo de determinação é o atleta Hermínio Mendonça Mota, de 60 anosm que se divide entre treinos e o comércio que mantém sozinho. De um lado prateleiras repletas de utensílios, do outro sua interminável fileira de medalhas, o contraste do cenário entre a vida de comerciante e atleta não é fácil. 

“Corro há 15 anos e tem quatro que participo da Corrida Cidade de Aracaju. Eu gostei e esse ano não vou ficar de fora. Ano passado corri os 10 km, mas, dessa vez, escolhi o menor percurso, de 5 km. Por isso, estou sempre treinando, duas a três vezes por semana, que é o ideal para ficar em forma. Acordo às 5 horas da manhã, me preparo e vou correr. Quando volto, já abro meu estabelecimento. É cansativo, mas sempre participo das corridas. Eu abro de 6 horas da manhã até às 21 horas, e eu estou sozinho para tudo, então, é difícil como atleta, porque não tenho descanso. É corrido, mas consigo. O segredo é querer e não parar ” disse.

Quando se trata de fomento à prática da corrida de rua, Hermínio acredita que a organização da Corrida Cidade de Aracaju é mais um ponto positivo para atrair o público sergipano. “Cada dia estão incentivando mais o esporte. E tanto a premiação, quanto essa divisão de categorias são muito boas, é uma forma de motivar o corredor. Se não houver esse apoio, o esporte acaba. Com certeza essa gratuidade para os idosos também estimula muito. Nós da terceira idade temos, sim, que correr, temos que participar, mas é importante, antes de competir, treinar um pouco e ter uma boa alimentação porque não adianta começar e não acabar. A boa corrida é aquela que você começa e conclui” declarou Hermínio.

No dia 17 de março, quando Reginaldo e Hermínio estiverem alinhados para a largada da 35ª edição da Corrida Cidade de Aracaju, ambos estarão ao lado de mais 54 outros inscritos na categoria acima dos 60 anos que irão em busca do lugar mais alto no pódio. O número de atletas na faixa etária mostra a importância da mais tradicional corrida de rua do Norte/Nordeste do país na melhora da qualidade de vida dos aracajuanos.