Assistência realiza debate sobre o combate à violência contra a mulher

Assistência Social e Cidadania
23/03/2018 16h50

Em mais uma atividade alusiva ao mês da mulher e com o objetivo de causar reflexões acerca das diversas violências vivenciadas pelas mulheres, a Secretaria Municipal da Assistência Social realizou nesta sexta-feira, 23, o "Diálogo com trabalhadoras e trabalhadores sobre o papel da mulher numa conjuntura de perda de direitos", no auditório da Faculdade Maurício de Nassau, no bairro Siqueira Campos. 

A vice-prefeita e secretária municipal da Assistência Social, Eliane Aquino, abriu os trabalhos do evento reforçando o compromisso que cada trabalhador da Assistência Social tem com a população. "Estamos vivendo um momento muito perigoso enquanto sociedade. Antigamente, as pessoas preconceituosas até se escondiam atrás de suas capas e máscaras. Agora está tudo muito mais escancarado e nós percebemos que a falta de respeito pelo outro está estampada nas capas dos jornais, na internet e na TV. Nós precisamos resistir a tudo isso e empoderar as nossas mulheres dia após dia. Precisamos ser as primeiras e primeiros a denunciar qualquer tipo de discriminação. Precisamos ser um espelho para que as pessoas mais vulneráveis dessa cidade possam ver e se entender como sujeitos de direito. Precisamos ser espelho para que as mulheres não aceitem a violência em nenhuma de suas diversas formas". 

Assim como são maioria na capital sergipana, a maior parte de usuários dos equipamentos da Secretaria da Assistência é do gênero feminino, e o mesmo acontece com o quadro de funcionários da pasta. Para que todas essas mulheres exerçam plenamente seus direitos e tenham mais qualidade de vida, a Secretaria da Assistência Social, através da Diretoria de Proteção Social e de Direitos Humanos, realiza continuamente intervenções informativas. 

Para este evento foi convidada a especialista em políticas públicas para mulheres, Aparecida Gonçalves. Durante os 17 anos que trabalha na gestão pública, a maioria deles foi na Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres. De acordo com Aparecida, o caminho a ser trilhado passa principalmente pela desconstrução da naturalização da violência. "Muitas mulheres ainda têm na sua perspectiva que é natural apanhar. Mesmo com o advento da Lei Maria da Penha, de 2006, ainda temos esse desafio da naturalização que precisa ser vencido, não só na questão da violência física, mas também da patrimonial, sexual, moral e violência psicológica. Estas são questões que estão postas tanto para a comunidade quanto para o serviço público. Por tanto, precisamos fazer com que essas mulheres se entendam como sujeitos de direitos", afirma.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres estudam cerca de 12 anos a mais que os homens, mas recebem 32% a menos para exercerem uma mesma função; quando se fala em mulheres negras em relação a homens brancos, esse número cresce para mais de 50%. 

Tatiane Menezes é educadora social e atualmente trabalha como apoio técnico da Proteção Social da Secretaria da Assistência. Para ela, todo o diálogo que acontece em torno do tema da violência contra a mulher é salutar. "Esse tipo de atividade nos dá muito mais embasamento teórico para o fazer diário, que é vivenciado na ponta com as nossas usuárias. Costumo dizer que se todo caso de violência contra a mulher fosse denunciado na TV nós não teríamos mais programação nenhuma, tamanho volume dos casos. Esse evento serviu para me fortalecer tanto como trabalhadora da Assistência, mas também e principalmente, como militante, que luta para que os direitos das mulheres sejam garantidos".