A noite desta quinta-feira, 19, foi propícia ao debate sobre Segurança Pública e Intervenção Federal no Rio de Janeiro. A palestra que abordou a temática, na Escola de Governo e Administração Pública de Aracaju, foi ministrada pelo Dr. Roberto Kant de Lima, um dos grandes estudiosos do tema no Brasil. A ação faz parte de uma das etapas do projeto Aracaju Segura, prevista no Planejamento Estratégico da Prefeitura de Aracaju. A iniciativa contou com a parceria da Universidade Tiradentes (Unit), por meio do "Projeto Doutrinas, Práticas e Saberes locais", coordenado pelo professor Dr. ilzver Matos, do Mestrado em Direitos Humanos, financiado com recursos do Programa de Mobilidade Acadêmica e Científica - PROMOB, da FAPITEC. O projeto, que tem como instituição associada a UFF, ainda tem apoio do ITP e diversas organizações sociais como a Sociedade Omolàiyé e a Comunidade Ojú ifá.
O secretário de Defesa Social e da Cidadania, Luís Fernando Almeida, ressalta a grande contribuição do palestrante para o aprendizado, especialmente, daqueles que lidam com a violência e segurança pública. "Infelizmente o Rio de Janeiro de Janeiro vive, há alguns anos, uma situação muito difícil em relação à segurança pública, à violência e ao índice de homicídios. É sempre importante que a gente aprenda com os erros alheios e não trilhe os mesmos caminhos. Por isso, a palestra de hoje é fundamental e traz uma pessoa que vive no Rio e é um estudioso que, há mais de 20 anos, se debruça sobre o tema. Hoje, todos puderam conhecer e refletir um pouco mais sobre essa problemática", ressaltou.
O palestrante possibilitou uma reflexão sobre a fragilidade das instituições públicas e o impacto nos processos de segurança no Rio, o que repercute, de acordo com o estudioso, no comportamento da população. "Há uma insegurança muito grande por parte da população. O policiamento não gerou empatia (em meio ao processo de intervenção Federal), o que mostra mais uma vez que se trata de uma questão de formação e discussão sobre que é a polícia e para que ela serve", provocou Dr. Roberto Kant de Lima.
Sobre a polícia, ele afirma que tanto a Militar quanto a Civil possuem fortes características repressivas. "Essa ideia de ser uma polícia do Estado é claramente repressiva, porque a polícia que não é da Sociedade acaba assimilando essa condição. Enquanto não se desconstruir essa militarização do pensamento da polícia, em relação às questões do combate, da guerra, da intervenção e da repressão, não veremos a polícia "do séc. XVIII ou séc. XIX", que é uma polícia administradora de conflitos, criada pela sociedade, pela burguesia, para proteger as suas coisas, mas sem relação com o exército. Então essa característica de administração de conflitos, que é a principal função da polícia, acaba ficando completamente escondida, diante das outras funções que ela assume", detalhou.
O conteúdo proporciona grande contribuição ao processo formativo dos trabalhadores que estiveram presentes no evento, contemplando uma das etapas do projeto Aracaju Segura, que prevê a formação permanente do seu quadro técnico. Nesse sentido, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria de Defesa Social e da Cidadania, promove um movimento de formação acerca da problemática da violência e da insegurança.
De acordo com o diretor da Escola de Governo e Administração Pública de Aracaju (Esgap), Bosco Rolemberg, esse é um espaço aberto para a reflexão sobre as políticas públicas, além da capacitação de Gestores. "Conhecer a experiência de outras capitais e tirar lições ajuda a formulação da nossa orientação prática. Tudo isso faz parte do projeto encabeçado pelo prefeito Edvaldo Nogueira, que visa transformar Aracaju numa cidade inteligente, humana e criativa, o que inclui um ambiente seguro, para seus habitantes", ressaltou.
