A construção conjunta entre o Centro de Educação Permanente em Saúde (Ceps) e as redes de Saúde de Aracaju culminou na capacitação do Acolhimento Pedagógico (AP) dos profissionais contratados pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS) da Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Desde a última segunda-feira, 23, o AP acontece com os profissionais que vão atuar na Rede de Atenção Psicossocial (Reaps) e segue até quarta, 25. Também já houve as edições das Redes de Atenção Primária (Reap), de Urgência e Emergência (Reue), e ocorrerá ainda a da Rede de Atenção Especializada (Reae).
Nesta terça-feira, 24, a discussão promovida pela SMS foi sobre toda a Rede de Saúde de Aracaju com foco na Reaps, e ainda houve uma apresentação do grupo teatral Vida em Cena, composto por usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). "No primeiro dia, debatemos sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e saúde mental com ênfase na luta antimanicomial. Já hoje abordamos um pouco da produção em saúde mental, de como é realizada e como é registrada. Também aconteceu uma explicação sobre a Vigilância em Saúde, pois é importante que os trabalhadores tenham conhecimento desta área", explicou o coordenador municipal da Reaps, Dalmare de Sá.
São 35 profissionais participando do AP, divididos em duas turmas: manhã e tarde. "Amanhã haverá uma explicação do Núcleo de Gestão de Pessoas (Nugep) sobre a contratação, os direitos e deveres dos profissionais, e a continuação da produção em saúde mental, como o que deve ser feito no Caps (oficinas terapêuticas e acolhimento dos usuários). Enfim, tudo isso será passado para eles para que cheguem no local de trabalho tendo noção do que vão fazer, como têm que se programar, e como é o tipo de serviço. Como a saúde mental é um pouco diferente, apesar de o PSS contratar pessoas com experiência, precisamos construir, junto com o Ceps, o conhecimento necessário para que esses novos servidores saibam, de fato, como devem atuar”, ressaltou o coordenador.
Recomposição
Para Dalmare, com o implemento destes profissionais, as equipes, que estavam muito defasadas desde a gestão passada, serão reconstituídas. "Os Caps precisam muito destes servidores que darão um gás nos atendimentos à população, da maneira que ela merece, com qualidade e com o melhor atendimento que pudermos oferecer", pontuou, acrescentando que estes profissionais já começam a trabalhar na próxima quinta-feira, 26.
A ação da Prefeitura foi elogiada pela técnica de Enfermagem Antônia Pereira Marinho. "O acolhimento é uma iniciativa muito boa. Essa ação é importante para nos mostrar como a rede trabalha, e também para demonstrar que este é o momento de interagir com os colegas, além de absorver o conhecimento e saber a história da evolução dos Caps. Achei muito significativo e esclarecedor", opinou.
Metodologias adaptadas
Segundo o coordenador do Ceps, João Martins, a proposta geral do Acolhimento Pedagógico atende a mesma linha das outras redes, mas as metodologias são adaptadas de acordo com as necessidades de cada uma. "Esta é a primeira chamada para a Reaps, e, na programação desta rede, já usamos metodologias mais leves como o Cine SUSgestão, trabalhos em roda, e maior número de debates e dinâmicas. Essa talvez seja a diferença entre educação permanente e um curso de qualificação. Aqui optamos por pegar situações da realidade, do cotidiano de trabalho que o profissional experiencia, para poder problematizar e pensar em ferramentas que lidem com os desafios cotidianos. O conhecimento aqui parte muito desse encontro com o trabalhador", reforçou.
A cada convocação do PSS será feito este acolhimento pedagógico com os profissionais, para que as capacitações aconteçam de forma constante. A terceira convocação do PSS (para a Rede de Atenção Especializada e vagas residuais das outras redes) já foi publicada no Diário Oficial, e com isso novas rodadas do AP estão sendo planejadas. “A previsão é de que elas aconteçam em meados de maio, mas a pretensão do Ceps é ofertar outras capacitações e cursos ao longo do ano. Os servidores já estão se inscrevendo no Curso de Formação em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, realizado na modalidade de educação à distância que estamos ofertando. São 50 vagas e já estamos com quase todas preenchidas. Algumas pessoas que se inscreveram já são desta turma que está chegando, e ainda existe a perspectiva de ocorrer um curso similar a este no segundo semestre deste ano", informou João.
Reaps
A Rede de Atenção Psicossocial de Aracaju é composta por seis Caps, e destes, cinco são do tipo III, que trabalham 24 horas com acolhimento noturno. São eles: Caps III David Capistrano; Liberdade; Jael Patrício; AD (álcool e drogas) Primavera, e infanto-juvenil AD Vida. O único Caps II, que não oferece atendimentos à noite, é o infanto-juvenil (antigo Arthur Bispo do Rosário).
Há ainda uma Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) e quatro residências terapêuticas. O Hospital São José trabalha em parceria com a SMS para urgência e emergência psiquiátrica, e dispõe de nove leitos psiquiátricos e 16 leitos de retaguarda. Já o Programa de Redução de Danos (PRD) e um novo convênio que está sendo fechado com a SMS para reabilitação psicossocial fazem parte do serviço extra da Reaps.
As Unidades de Saúde da Família (USFs) pertencem à Rede de Atenção Primária (Reap), mas existem aquelas que são referências em saúde mental. São elas: USF Santa Terezinha (1ª Região de Saúde de Aracaju); USF Geraldo Magela (2ª Região); USFs Dona Sinhazinha, Ministro Costa Cavalcante e Marx de Carvalho (3ª Região, sendo as duas últimas referências psiquiátricas infantis); USFs Joaldo Barbosa e Edézio Vieira de Melo (4ª Região); USFs Dona Jovem e Oswaldo de Souza (5ª Região, a última também infantil); USFs Francisco Fonseca e Carlos Fernandes (6ª Região); e a USF Anália Pina (7ª Região). "E é bom lembrar que este modelo das unidades básicas serem referência em saúde mental surgiu em Aracaju", reforçou Dalmare.
