O Núcleo de Prevenção de Violência e Acidentes (Nupeva), da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), em parceria com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), realizou nesta segunda-feira, 21, uma roda de conversa com o tema Sexualidade na infância e violência sexual contra crianças e adolescentes para os usuários da Unidade de Saúde da Família (USF) Geraldo Magela, no conjunto Orlando Dantas. Esta atividade faz alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio.
De acordo com a referência técnica (RT) do Nupeva, Lidiane Gonçalves, a ação buscou orientar as famílias sobre possíveis sinais de abuso, e sobre o importante papel de cada familiar na defesa e proteção dos direitos da criança e do adolescente. “Nosso papel aqui é o de tentar prevenir a questão da violência através da atenção e da orientação. A criança precisa ter voz quando acontecer, e precisa aprender a diferenciar o comportamento afetivo do abusivo. Mostramos que existem várias pessoas com que ela pode contar, como os pais, os avós, os professores da escola onde estuda, o médico da unidade de saúde, o conselheiro tutelar, ou quaisquer outras pessoas de confiança, já que o abuso pode ser cometido por uma alguém próximo”, esclareceu Lidiane.
A RT reforçou ainda a importância da orientação dos próprios profissionais de saúde sobre alguns indícios, que devem ser observados e notificados os casos durante os atendimentos. “Hoje o foco foram os usuários, mas no próximo dia 30 faremos uma conversa com os profissionais da USF Humberto Mourão, no bairro São Conrado”, informou.
A violência sexual contra crianças e adolescentes é considerada como um grave problema de Saúde Pública, pois traz sérios prejuízos às vítimas, sejam eles físicos, emocionais, psicológicos, sociais ou psiquiátricos. “Considerando as rupturas psicológicas, familiares e sociais ocorridas em muitas dessas violências, precisamos cada vez mais sensibilizar e mobilizar a sociedade e os profissionais para que haja a quebra do silêncio, a fim de prevenir, proteger, enfrentar e punir tais práticas”, completou Lidiane.
Confiança
Para a usuária Michele Ferreira, a ação da SMS tem muita relevância, pois novos casos de abuso contra crianças acontecem todos os dias. “Inclusive minha filha, quando tinha cinco anos, quase sofreu abuso na creche onde estava matriculada. Percebemos pelos comportamentos que ela passou a ter. Quando íamos dar banho, por exemplo, ela resistia na hora de tirar a roupa. Ao investigar, descobrimos que pessoas que frequentavam a creche tentaram tocar nela, e rapidamente a tiramos de lá, antes que algo mais grave acontecesse. Hoje, aos 10 anos, ela está mais esperta, pois sempre conversamos com sobre esses assuntos em casa”, revelou.
A assistente social da USF Geraldo Magela, Ana Paula Morais, reforçou que casos como o descrito por Michele devem ser denunciados, e que as USF são um dos locais que podem ser procurados para receber orientações sobre como proceder nessas situações. “Precisamos incentivar a população a não ficar omissa diante dos casos e a nos procurar para fazermos a notificação, pois, infelizmente, essa não é uma realidade tão distante. O diálogo é muito importante, pois é através dele que ganhamos a confiança dos nossos usuários. Estamos atentos a este tema, e queremos que as pessoas denunciem cada vez mais, para que as providências sejam tomadas, evitando assim o sofrimento das nossas crianças e adolescentes”, enfatizou Ana.
