Assistência leva discussões sobre a mulher negra para escolas do município

Assistência Social e Cidadania
19/07/2018 16h58

Neste mês de julho, onde se comemora o Dia da Mulher Negra, a Secretaria Municipal da Assistência Social de Aracaju, por meio da Diretoria de Direitos Humanos (DDH), realiza em escolas públicas do ensino fundamental diversas ações de enfrentamento ao racismo e a eliminação das desigualdades de gênero na capital sergipana. Nesta quinta-feira, 19, os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Olga Benário receberam a equipe da DDH, que levaram diversas atividades sócio-educativas com o objetivo de promover a reflexão sobre os assuntos pautados na ocasião.

De acordo com dados divulgados pelo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, em 2015, o Brasil possuía aproximadamente 56 milhões de mulheres negras, onde chefiavam 41% das famílias negras e recebiam, em média, 58% da renda das mulheres brancas. Segundo informações do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen Mulher), a cada três mulheres presas, duas são negras. Para fomentar o debate, esses foram alguns dos dados apresentados diante da atividade com a proposta de revelar os efeitos do preconceito inserido na sociedade brasileira desde o início da colonização.

A gerente de Igualdade Racial da Diretoria de Direitos Humanos, Laila Oliveira, explica que o momento é uma oportunidade de fazer com que os meninos e meninas participantes se enxerguem na temática e reflitam sobre as suas experiências enquanto pessoas da cor de pele negra. “O destaque é para as meninas negras, já que estamos tratando de uma ação alusiva. Queremos mostrar o quanto o preconceito ainda é presente no país e como a mulher negra é retratada através das diversas narrativas. Também são nesses encontros, que recebemos as demandas e formulamos projetos de combate a diversos tipos de problemas que violam direitos”.

A jornalista e representante da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Aline Braga, acredita que abordar esses temas para estudantes com essa faixa etária é um grande diferencial na luta pela igualdade racial e de gênero. “O debate que a gente teve foi muito importante. Os adolescentes trouxeram diversas questões, que na maioria das vezes eles não têm espaço para conversar. Isso mostra que esses estudantes sentem e que estão atentos a tudo que está acontecendo. Aqui estamos fazendo com que eles reflitam. Que é muito bom, porque através da reflexão é possível mudar comportamentos”, observa.

No encerramento da atividade foi confeccionado um fanzine com conteúdos produzidos pelos próprios alunos após as discussões. Maria Isabela Brasil da Silva, de 14 anos, explorou em seu texto a origem do preconceito. “Eu fiz uma obra literária que fala justamente sobre o surgimento do preconceito racial, que veio junto com a colonização do Brasil. Eu mesma, já fui vítima deste mal”, disse. Ela ainda complementa que a sua cor de pele e o seu cabelo crespo já foram motivos de bullying. “Em vários momentos eu tive que negar para mim mesma que era uma menina negra. Isso porque as pessoas me condenavam. Dizia que eu tinha a cor estranha, que meus cabelos eram feios. Mas hoje, entendo que isso não passa de um preconceito que ainda perpetua”.