CineSUSgestão promove debate sobre a realidade das mulheres negras em Sergipe e no mundo

Saúde
19/07/2018 21h00

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), através do Centro de Educação Permanente (Ceps), exibiu nesta quinta-feira, 19, no Centro Cultural de Aracaju, mais uma obra audiovisual durante o projeto CineSUSgestão. A produção escolhida foi o documentário “Em Busca de Lélia”, que traz um debate sobre a mulher negra.

Segundo a referência técnica de Educação Permanente do Ceps, Kátia Aragão, o projeto proporciona a construção conjunta de saberes, com trocas de experiências e integração de conhecimentos populares e formais, entre usuários e profissionais de saúde.

“Aqui aprendemos e entendemos que pensar e debater conhecimentos populares também é pensar sobre a saúde pública. A exibição de filmes cinematográficos e os debates estão inseridos no processo de educação permanente do SUS. Além disso, também temos a oportunidade de encontrar pessoas que vivenciam a realidade exibidas em tela, como no caso de hoje, que trocamos saberes com Yasmim Porto e Michele Souza”, evidenciou Kátia.

Yasmim é referência técnica de enfermagem da Rede de Atenção Psicossocial (Reaps) e, para ela, o encontro realmente trouxe um diálogo enriquecedor sobre as questões ligadas à mulher negra, como preconceito, violência, inserção no mercado de trabalho e, principalmente, saúde.

“Aproveitamos a data alusiva ao dia da mulher negra, para falar sobre os temas que afligem não apenas a elas, mas a todas as mulheres, de um modo geral. Temos uma noção da mulher negra como sempre no lugar de mulher cuidadora. Somos mulheres afetivas, mas também produzimos, inclusive debates como o de hoje”, reforçou.

A representante da auto-organização de Mulheres Negras Rejane Maria, Michele Souza, o um filme exibiu informações bastante pertinentes para a realidade sergipana, que tem mais de 60% da população de mulheres negras, além de ter resgatado uma personagem como Lélia.

“Lélia Gonzalez é fundamental para a nossa história, e esse filme retrata detalhes da vida da ativista, professora, antropóloga e política brasileira. Gravado na Bahia e no Rio de Janeiro, o filme traz à baila fragmentos de sua trajetória através de entrevistas, performances, encenação e uma atmosfera recheada por imagens históricas. A mensagem que ele reforça é a de que a cor da pele não determina o caráter de uma pessoa, e que as pessoas precisam enxergar a integridade e a alma”, enfatizou Michele.

Dia da Mulher Negra

A partir de 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, com a realização do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, e a criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, ocorreu a definição do 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha. No Brasil, em 2014, a então presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei nº 12.987, que reconhecia essa mesma data como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Tereza de Benguela foi uma líder quilombola que viveu durante o século XVIII, e comandou o Quilombo do Quariterê, no atual estado do Mato Grosso. Sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando foram derrotados pelas tropas do visconde português de Balsemão, Luiz Pinto de Souza Coutinho.