Aracaju registra quase o dobro do volume de chuva esperado para o mês de maio

Agência Aracaju de Notícias
23/05/2023 12h13

Historicamente, maio é o mês mais chuvoso, na capital sergipana, no entanto, neste ano, o volume de chuva registrado veio com características diferentes, superando o esperado. A média histórica é de 275 milímetros, entretanto, até a manhã desta terça-feira, 23, já foram registrados 455 milímetros, sendo que, nos últimos cinco dias, choveu mais que o previsto para todo o mês, um total de 282 milímetros. 

Desde o dia 18, quando as chuvas começaram a se intensificar, equipes que integram o Comitê de Gerenciamento de Crise da Prefeitura de Aracaju reforçaram o monitoramento por toda a cidade e, a partir dos dados computados, ações preventivas foram desencadeadas, a exemplo da retirada de famílias do Largo da Aparecida, antes mesmo do transbordamento do Rio Poxim, no início da manhã desta terça. 

Participam das ações, a Secretaria Municipal da Defesa Social e da Cidadania (Semdec), através da Defesa Civil de Aracaju e da Guarda Municipal de Aracaju (GMA), as empresas municipais de Serviços Urbanos (Emsurb) e de Obras e Urbanizaçao (Emurb), a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), a Secretaria Municipal da Assistência Social, além de equipes do programa AjuAninal, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), para recolhimento dos animais em áreas de risco, bem como a Defesa Social do Estado e o Corpos de Bombeiros.

Do dia 21 até as 11h de hoje, a Defesa Civil de Aracaju acompanhou a notificação de 66 ocorrências, entre elas 13 alagamentos, dois desabamentos, um risco de deslizamento de terra, cinco deslizamentos de terra, sete riscos de queda de árvores, quatro quedas de árvores e 26 avaliações de risco estrutural. Das ocorrências, foram realizadas três interdições totais de imóveis e quatro parciais. 

Secretário municipal da Defesa Social e da Cidadania, Silvio Prado salienta que, mesmo com o volume grande de chuva, a cidade resiste bem, se comparado a anos anteriores. “Em outras épocas, esse acumulado traria muito mais ocorrências para a Defesa Civil. Com um volume muito menor, já acompanhamos, em outro momento, cerca de 50 ocorrências ao mesmo tempo e, hoje, até o momento, não tivemos nenhuma ocorrência de maior gravidade. Agora, nossa preocupação é devido à continuidade das chuvas, sobretudo com relação ao rio que está recendo uma grande quantidade de água e não está tendo tempo de se recuperar. Por isso estamos atuando na ação preventiva de retirada das famílias que estão em áreas de risco, próximas ao Rio Poxim, assegurando assistência e acolhimento em locais seguros”, frisa. 

Ações 
Através do Comitê de Gerenciamento de Crise, a gestão municipal atua por toda a cidade para evitar transtornos e diminuir os impactos, empregando medidas de limpeza e desobstrução da rede de drenagem, orientação no trânsito e atendimento a pessoas afetadas pelas precipitações. 

Além da região do Jabotiana, onde fica o Largo da Aparecida, localidade mais afetada, agentes da Defesa Civil, e das empresas municipais de Serviços Urbanos (Emurb) e de Obras e Urbanização (Emsurb) já estiveram em locais como Robalo, Aruana, loteamento Copacabana, Atalaia, São Conrado, Jardins, Jardim Centenário, Salgado Filho e Santa Maria, bem como foi feito o monitoramento de canais como o do Riacho do Cabral, da avenida Airton Teles, do Santa Maria, do Lourival Batista, da Salatiel Santana, entre outros pontos. 

Equipes da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) também estão distribuídas pela cidade e, até agora, não foram registradas vias interditadas em decorrência da chuva. 

No momento, na UBS Madre Tereza, no Largo da Aparecida, e o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) do Augusto Franco estão com as atividades suspensas.

Assistência
De maneira preventiva, equipes da Defesa Civil, Emsurb e Assistência Social iniciaram, no início da manhã de hoje, a retirada das famílias afetadas pela cheia do Rio Poxim, no Largo da Aparecida, região do bairro Jabotiana. 

O Largo possui cerca de 250 famílias, destas em torno de 140 podem ser afetadas, sendo que 34 famílias são prioridades para a remoção, ou seja, aquelas compostas por idosos, pessoas com deficiência, acamados, gestantes ou com filhos pequenos.

“Agora, colocamos em prática a retirada preventiva dessas famílias para que elas não tenham transtornos em perder móveis e não fiquem em ambiente insalubre. Já estamos com as equipes nas casas, fazendo a sensibilização, até porque, mesmo com a enchente, encontramos resistência em sair, por parte de algumas pessoas. Entendemos que existe todo o medo de perder seus pertences e deixar sua casa, mas fazemos essa sensibilização. Os Cras já estão preparados para recebê-los, assim como os outros pontos de acolhimento, como hotéis, sendo que já começamos a encaminhar essas pessoas para os locais previstos”, ressalta a secretária municipal da Assistência Social. 

Moradora do largo há 34 anos, Elizabeth Araújo revela que, mesmo na atual situação, ainda é melhor do que tempos atrás. “Nunca me aconteceu nada porque sou prevenida e minha casa é alta, mas a Prefeitura tem trabalhado e me sinto muito mais tranquilo porque, antes, era muito pior. Toda vez que começa a chover, já vejo gente da Prefeitura limpando e cuidado para prevenir”, conta. 

Já a moradora Simone Moura precisou retirar os móveis da casa. “Numa outra vez, perdi meus móveis, mas, nesta, o pessoal da Prefeitura já veio para retirar meus móveis, e isso é muito bom porque o que tenho consegui com muito suor”, pontua. 

A moradora Simone Santos mora no local desde que nasceu e conhece bem o histórico da região.

“Todo ano, na época de chuva, é esse transtorno: o rio enche, algumas vezes a barragem estoura, as pessoas perdem suas coisas, mas, nos últimos anos, a Prefeitura tem dado toda a assistência, inclusive, neste ano, veio bem antes de o rio transbordar e começou a tirar as pessoas. Não tenho do que reclamar. Quem está perdendo móvel é porque quer, já que a Prefeitura está oferecendo para tirar. Esta é a segunda vez que preciso tirar as coisas de casa e tenho recebido a atenção que preciso”, considera Simone. 

Alerta e acompanhamento
Em caso de situação de risco, a população pode entrar em contato com a Defesa Civil pelo número 199. 

Para realizar o cadastro e receber as mensagens de alerta da Defesa Civil basta enviar um mensagem SMS para o número 40199, indicando no campo do texto o CEP do local sobre o qual deseja receber informações. O serviço é gratuito e permite que uma mesma pessoa cadastre mais de um CEP.

A Prefeitura de Aracaju também disponibiliza a plataforma ClimAju para acompanhamento, em tempo real, das condições meteorológicas, em todas as regiões da capital. O recurso, disponível no endereço instarain.com.br/climaju/, possibilita acesso à previsão do tempo, com atualizações diárias e imagens ao vivo de diversas regiões da cidade.