Ações pioneiras fazem Aracaju avançar na alfabetização dos alunos da rede municipal

Educação
20/06/2023 16h00

A Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Educação (Semed), tem trabalhado amplamente, e por meio de estratégias diversas, para fortalecer e aumentar os índices de alfabetização na capital. Este esforço tem se materializado em ações focadas, principalmente, nos anos iniciais do ensino fundamental da rede, que estão entre o 1º e o 5º anos. Tais iniciativas estão alinhadas, ainda, ao processo de recomposição da aprendizagem, necessário em razão das consequências das aulas remotas no período da pandemia.

Os bons resultados obtidos, até o momento, indicam que a rede está no caminho correto. No início deste mês de junho, o Governo Federal lançou o ‘Compromisso Nacional Criança Alfabetizada’, baseado no conjunto de 5 eixos a serem trabalhados por todo o país: Gestão e Governança, Formação de Profissionais de Educação, Infraestrutura Física e Pedagógica, Reconhecimento de Boas Práticas e Sistemas de Avaliação. A capital sergipana já desenvolve todas estas ações. “Aracaju está em posição de vanguarda”, conforme afirma o secretário municipal da Educação, Ricardo Abreu.

“Elevar os índices de alfabetização é um desafio nacional e o Brasil, hoje, tem batalhado, traçado a meta de alfabetizar 100% da sua população em idade escolar. Para além das iniciativas da Educação de Aracaju, mantemos um amplo diálogo com a Secretaria de Estado da Educação [Seduc], como também estamos atentos às políticas que emanam do Ministério da Educação. Outro ponto importante a se destacar é que há salas de aula com a quantidade maior de estudantes e as estratégias pedagógicas de rede dos docentes precisam contemplar esta nova realidade”, explica o gestor.

A Semed também vem fornecendo a professores, coordenadores pedagógicos e gestores escolares todas as ferramentas necessárias para que possam desenvolver um trabalho de excelência no processo de alfabetização. O diretor do Departamento de Educação Básica (DEB/Semed), Evilson Nunes, conta que Aracaju, assim como outros municípios sergipanos, nunca conseguiu cumprir a proposta de alfabetizar todas as crianças até o final do 2º ano do ensino fundamental. Segundo ele, esta tem sido uma das metas da rede para o final deste ano e, ao que tudo indica, será alcançada de forma inédita em 2023.

“As ações executadas em Aracaju desde 2022 antecipam a política nacional implantada agora para todo o país. É uma prova de que o trabalho desenvolvido na capital nos dá perspectivas de bons frutos. Tudo isso porque buscamos sempre traçar um caminho constante de mapeamento da aprendizagem, vinculado ao desenvolvimento de cada um dos alunos através de avaliações e com foco central na leitura”, enfatiza Evilson Nunes.

Avaliação diagnóstica
Em 2022, a Semed implantou as seguintes ações, administradas pelo DEB: Prova de Fluência Leitora; Avaliação Diagnóstica de Entrada, de Percurso e de Saída; Reforço Escolar e Reenturmação por nível de leitura. Além disso, tem dado continuidade à oferta de formações continuadas aos professores e equipes gestoras das escolas. Outra iniciativa de extrema relevância foi a parceria firmada entre a Prefeitura de Aracaju, a Associação Bem Comum e a Fundação Lemman. A partir desta cooperação, foi criado e está sendo executado o Educaju, programa de recomposição da aprendizagem.

“Deixamos de operar a partir de pressupostos e impressões, para trabalharmos a partir de um pilar central que estamos chamando de Avaliação Diagnóstica de Acompanhamento da Aprendizagem dos Estudantes. Todos os anos, na primeira semana ou quinzena de aula, os alunos do ensino fundamental fazem a Avaliação Diagnóstica de Entrada, que nos permite verificar um panorama fidedigno de como está a rede, em relação à alfabetização”, explana o secretário.

Até o momento, a rede municipal de ensino de Aracaju é a única a promover uma Prova de Leitura a cada 45 dias para todos os alunos do ensino fundamental. O processo de avaliação ocorre por fases: há criança que sequer identifica letras, a que reconhece, a que lê sílabas e a que lê palavras, frases, textos com fluência ou sem fluência. A Prefeitura busca garantir que o estudante que está no 1º ano, que entra na escola, talvez, sem conhecer as letras, conclua seu ano letivo com esta habilidade.

Na execução da Prova de Leitura, o professor grava o aluno lendo, depois carrega e armazena o áudio no SimaAju, sistema desenvolvido pela própria Secretaria para acompanhamento do desenvolvimento dos alunos. Após 45 dias e em mais um período de trabalho de aprendizagem em sala de aula, é realizada outra avaliação. O período de aplicação das provas é necessário para garantir o fluxo de aprendizagem condizente com o ano escolar e o momento cognitivo do estudante. O foco é garantir que a criança termine o 1º ano, pelo menos, como leitor de palavras ou de frases.

Além da Prova de Leitura, a Semed opera com três grandes Avaliações Diagnósticas durante todo o ano letivo: de Entrada, de Percurso e de Saída. Estas são feitas na primeira semana de aula, na última semana do primeiro semestre letivo e no final do ano, respectivamente.

Em 2022, após a rede firmar parceria com a Associação Bem Comum e Fundação Lemman, os alunos do município passaram a receber um material didático estruturado que subsidia o trabalho de alfabetização das crianças, especialmente, as do 1º e 2º anos. São os cadernos do Educaju, utilizado paralelamente ao livro didático.

Com a parceria, a Semed realizou, também, a adequação da formação continuada dos professores e dos coordenadores pedagógicos, e um acompanhamento perene por parte de um grupo de apoiadores do Departamento de Educação Básica, que tem a função de ir às escolas conversar, orientar e verificar como está o desenvolvimento das atividades, por parte dos professores.

Índices de Alfabetização
Após o período de pandemia, a rede municipal constatou um índice de mais de 80% de alunos analfabetos, mas tem conseguido reverter este quadro e a meta é que, ao chegar ao final do ano letivo, estes números estejam em 100% alfabetizados. No 3º ano, por exemplo, até o momento, há em torno de 10% a 15% de crianças que não são leitoras fluentes.

“Ainda estamos em um processo de recomposição da aprendizagem pós-pandemia. A criança que hoje cursa o 3º ano, fez o 1º ano na pandemia; em 2021, ela estudava à distância, de forma remota; e chega hoje ao 3º ano como se, na prática, cursasse o 2º ano. Ainda temos resquícios de estudantes não alfabetizados no 3º ano porque estamos fazendo essa recomposição da aprendizagem. A partir do final de 2023, nossa meta é que a partir do 3º ano para a frente, 100% dos alunos matriculados na rede municipal de ensino estejam alfabetizados e que os do 1º e 2º anos estejam neste processo”, expressa o secretário.

Os estudantes em situação mais crítica no desempenho escolar são identificados e, com eles, é feito um trabalho personalizado de recomposição da aprendizagem. “Há, ainda, o desafio de alfabetizar na idade certa; de trabalhar a alfabetização na Educação de Jovens e Adultos (EJA), entre aqueles alunos que já estão além da fase escolar obrigatória; e hoje há o trabalho de busca ativa nas próprias séries, fora das séries comuns à alfabetização, para aqueles estudantes que precisam ser alfabetizados porque saíram do 1º e 2° anos e não foram”, pontua Ricardo Abreu.