Escolas da rede participam da Semana da Escuta das Adolescências

Educação
24/05/2024 15h00

Com as escolas sendo um dos lugares com maior concentração de adolescentes, o Ministério da Educação (MEC) vem realizando, desde o dia 20 deste mês, a Semana da Escuta das Adolescências, que se encerra na segunda-feira, 27. O projeto, que é um acolhimento aos estudantes do ensino fundamental, visa apoiar e incentivar todas as unidades de ensino do país a ofertar uma escuta qualificada do público-alvo.

Neste sentido, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), vem dando suporte e viabilizando a execução do projeto nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) da rede, seguindo e respeitando os propósitos da iniciativa do Governo Federal, que tem como objetivos fortalecer os anos finais do ensino fundamental e promover o envolvimento dos adolescentes no processo diagnóstico da sua comunidade escolar e na execução de soluções.

De acordo com a coordenadora de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped) da Semed, Analice Marinho, a semana é composta por duas etapas: a primeira é reservada para as ações práticas nas escolas, com a equipe diretiva e os professores realizando atividades que incentivem os alunos a expressarem suas visões sobre o ambiente escolar. Já a segunda etapa, é o momento dos estudantes responderem um questionário sobre a relação aluno-escola, que será analisado pelo MEC e devolvido para as unidades de ensino.

“É um questionário online, com indicações objetivas, disponível no MEC, com 14 perguntas objetivas onde aluno vai dizer o que, para ele, é uma escola acolhedora. O objetivo dessas perguntas é fazer o aluno refletir sobre se sentir inserido nesse espaço escolar e entender como isso melhora a questão da aprendizagem. É uma forma do aluno se reconhecer enquanto o sujeito ativo em sua própria aprendizagem e na escola. Para o projeto, as unidades construíram calendário e cronograma explicando como vão fazer cada etapa e a gente da Coped vai acompanhar. É importante destacar que esta é uma iniciativa inaugural, surgida neste ano”, explica.

Emef Anísio Teixeira

A diretora da Emef Anísio Teixeira, Sandra Leite, considera o projeto como uma iniciativa de extrema relevância, porque oferece aos alunos a oportunidade de expressar seus anseios,  demandas e opiniões com autenticidade. “Com isso, o projeto acaba promovendo um ambiente mais inclusivo, melhorando o clima escolar, contribuindo na identificação e resolução de problemas, além de fortalecer o vínculo entre os nossos adolescentes e demais membros da comunidade escolar. Fomentando um sentimento de pertencimento e respeito mútuo”, afirma Sandra.

Uma das professores à frente das rodas de conversas com os 9º anos, Isabela de Oliveira, da disciplina de Português, concorda que acolher as falas dos adolescentes é de suma importância, pois eles vivenciam várias fases, com mudanças contínuas e, muitas vezes, se encontram isolados e com a impressão de não ser acolhidos em suas casas ou até mesmo na própria escola.

“O projeto dá uma chance imensa para os adolescentes se expressarem, mostrar o que estão sentindo no seu coração e no seu pensamento quanto pessoa e quanto estudante. Ainda mais estudantes de anos finais, que vão deixar essa fase do ensino fundamental dois e vão passar para o ensino médio, que é onde vêm as ideias e as perspectivas do que fazer e o que estudar.  Então, essa ação vai acolher o aluno, escutar sua opinião e dar a importância necessária, com o professor ali, mediando aquela roda de conversa. É um momento promissor, uma ideia inovadora que só vem a somar”, analisa a docente.

Já Ariane Mayara, professora de matemática, liderou a roda de conversa com os alunos do 6° ano e relata que o momento foi uma oportunidade de ouvir a opinião dos estudantes a respeito da escola.

“Com essa escuta, a gente avalia o que pode ser feito e mostra como é importante ouvir os estudantes. É através das falas deles que a gente vai construir uma base e melhorar tanto o aprendizado, quanto como professora. Vamos ver onde estamos errando e acertando a partir dos questionamentos e das dificuldades expressadas por eles”, declara.

A aluna Maria Clara de Paula, do 9° ano, destaca a roda de conversa como um elemento essencial na educação para adolescentes. “Eu acho que é importante a gente ser ouvido porque, no dia a dia, somos nós que sabemos como é a realidade na nossa própria escola, como os professores e diretores tratam a gente. Além do mais, nem todo mundo aprende do mesmo jeito, nem todo mundo pega o assunto na mesma sintonia. Então, é importante ouvir a gente sobre como seria para melhorar algumas questões. Eu acho o programa excelente, porque vamos poder ter voz e expressar nossos questionamentos”, fala.

Emef Manoel Bonfim

A diretora da Emef Manoel Bonfim, Karine Melo, enxerga o projeto  como uma abordagem educativa, que coloca os alunos em um ambiente em que eles possam se sentir mais confortáveis.

“A gente tem uma visão pedagógica muito no sentido de conteúdo, mais conteúdo, sobre o que queremos que eles aprendam, mas, para que eles aprendam, eles precisam estar bem e em um ambiente acolhedor, onde possam se expressar, opinar e dizer ‘na minha escola, esse ponto é positivo, esse é negativo’. Portanto, essa escuta acolhedora é para fazer uma avaliação de como estamos com esses alunos, para saber o que está faltando para que eles consigam avançar”, informa.

A gestora ressalta ainda a complexidade de ensinar e orientar os estudantes numa perspectiva para além da sala de aula, pois de acordo com Karine, é mais difícil preparar o aluno para a vida e para que eles sigam os seus estudos posteriores.

“A escola tem essa preocupação com a função social, onde o aluno não desista dos estudos e que ele se sinta seguro dentro da escola, porque as unidades de ensino acabam fazendo, também, esse papel de escuta dos problemas de família. A gente acaba tendo essa escuta e de observar os alunos. Quando a gente vê aquele aluno muito problemático, sabemos que há uma questão psicoemocional que está atrapalhando seu aprendizado. Por isso, reafirmo a importância desse projeto”, expressa a diretora.

Para o estudante Wemerson Aquino, do 9° ano, é através da escuta que eles vão poder falar sobre assuntos que levem a uma melhoria da escola em que ele frequenta. “Haverá uma melhoria na questão da gente desabafar mais e conversar sobre comportamento, falando sobre o que nós achamos bom e o que pode melhorar. Eu achei bem legal e sugeri que se criasse um grupo com os funcionários e os pais, para que eles escutem mais os alunos e que a gente também os escute mais”, diz.

Ana Clara Souza, também é do 9° ano e aprovou o projeto porque permitiu que a escola ouvisse os estudantes com atenção. “A gente falou sobre o que incomodava e o que era legal na escola e isso foi muito bom porque fomos ouvidos de verdade. A gente desabafou sobre várias questões e eu acredito que toda essa conversa trará melhorias”, afirma.