Oswaldo Trigueiro: palestra traz passado e presente das festas populares

Cultura
30/07/2015 17h22

O São João, as festas do divino Espírito Santo, a literatura de cordel e o carnaval fazem parte de tradições culturais que remetem à época medieval. Essas expressões que foram se resignificando ao longo do tempo é tema da palestra do doutor em comunicação Oswaldo Trigueiro, palestrante VII Seminário Nacional de Ações Integradas em Folclore, com trabalho intitulado ‘As festas populares brasileiras da Idade Média à idade Mídia’.

O pesquisador conta que as festas populares que vivenciamos hoje trazem traços muito fortes de práticas culturais, religiosas, artísticas da Idade Média. “Há uma série de símbolos e ações praticadas pelos brincantes populares atualmente, que inconscientemente estão repetindo e dando um novo sentido aos fatos culturais de séculos”, fala.

Ele explica que a folkcomunicação tem a preocupação de entender as redes de comunicações, como se propagam e como essas festas perduram durante longos anos, sempre se atualizando. “Na época, como a literatura e a escrita eram dominadas pelas elites eclesiásticas, a população criava sua própria forma de comunicação, com as festas, o contraditório, a contestação", diz.

Segundo sua pesquisa, na Idade Média já existiam redes de comunicação, pois a Igreja e o Estado, para se apropriar das festas populares, usavam tudo que era mais sofisticado nesse quesito. “A rede de comunicação na Idade Média era fantástica. Naquela época já existia um papel estratégico de comunicação, utilizando as imagens, as pinturas, os rituais religiosos, procissões. A Igreja utilizava tudo que era de mais moderno da época”, comenta.

 Trigueiro fala ainda da importância do Seminário, principalmente no que tange a retomada da atualização da Carta do Folclore e a reunião de pesquisadores de diversos estados que vem acompanhando as evoluções da cultura popular. “A capacidade da Professora Aglaé de mobilizar e realizar um evento como esse é incrível. Nós acreditamos muito no trabalho que ela desenvolve aqui em Aracaju. A riqueza cultural de Sergipe é fantástica e esse encontro é da maior importância”, conclui.