​​Fortalecer a identidade da mulher negra é foco nos trabalhos da Assistência Social

Assistência Social e Cidadania
14/03/2017 10h16

Turbante. Base, pó e batom colorido. De branco, o sorriso. Que riso! O fortalecimento da identidade negra da população aracajuana vem sendo debatido diariamente, no mês de março, durante as ações da campanha "Toda Mulher É Forte", pacote de palestras ministradas nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) de Aracaju. Nesta segunda-feira, 13, foi a vez do CRAS do Santa Maria receber a equipe.

A mulher negra de Aracaju figura em dois recortes sociais muito importantes: o de gênero e o de raça. Mas, apesar de ser maioria absoluta, ela ainda tem pouca expressão nos espaços de poder e na mídia. E vindo na contramão do preconceito, a Secretaria Municipal da Assistência Social e Cidadania (Semasc), decidiu promover conteúdos alusivos ao 8 de março, justamente com e para as mulheres negras. A escolha, segundo a coordenadora de Igualdade Racial da diretoria de Direitos Humanos da Semasc, Laila Oliveira, aconteceu para provocar reflexões na população. “É mais que urgente que os debates e as atividades voltadas para a mulher compreendam a diversidade do que é ser mulher. Não como um sujeito único, mas com toda a sua pluralidade e por isso a importância de se discutir essas questões, entendendo as nuances de raça e de classe. Precisamos levar para a mesa de discussão esses assuntos”.

Rouseanny Luiza é professora de sociologia e há três anos criou o projeto educacional ‘Por Mais Turbantes nas Ruas’. Ela é uma das oficineiras do evento e comenta a importância de se falar sobre ancestralidade para a comunidade a partir da esfera pública. “O nosso projeto tem o objetivo de falar sobre questões étnicas, identidade negra, e é isso que estamos fazendo aqui hoje. Essa iniciativa da Semasc é muito válida e mostra o interesse da secretaria em discutir assuntos que antes sequer eram mencionados”.

A maquiadora Lívia Porto, também palestrante, explica que apenas o fato de uma mulher negra maquiar-se, de entender as suas formas e cores como belas já é um ato político. “Parece que há uma falta de interesse generalizada das marcas em fabricar produtos para a mulher negra, que também consome cosméticos. Essa também é uma forma de cerceamento, porque ao não encontrar uma maquiagem para o seu tipo de pele, a mulher pode relacionar automaticamente que a beleza não é para ela e assim retornamos ao lugar-comum, que tanto esconde as nossas mulheres”.

Rosilene Gomes é manicure, participou das oficinas e se sentiu valorizada com a iniciativa da Semasc. “Para nós, mulheres negras, esse trabalho é muito bom. Eu nunca vi um evento que a prefeitura tenha promovido e que falasse diretamente com a gente, dessa forma tão linda. Eu saio daqui me sentindo ainda mais bonita e mais realizada por ser mulher e preta”, revelou.