Saúde orienta usuários sobre tratamentos ofertados pelo SUS para crianças diagnosticadas com autismo

Saúde
02/04/2018 19h57

Com o objetivo de difundir informações à população sobre o autismo e de reduzir o preconceito, o 2 de abril foi escolhido como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. E para garantir o atendimento aos usuários com o distúrbio, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), através do Programa de Cuidado da Pessoa com Deficiência (PCPD), oferta ações e serviços que garantem o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional, a dispensação de medicamentos e as informações que auxiliam no tratamento.

De acordo com a coordenadora do PCPD, Sony Petris, é importante registrar que o autismo se manifesta já nos primeiros anos de vida, e que a oferta de terapias e medicamentos podem proporcionar qualidade de vida para os pacientes e suas famílias. Ela diz que a pessoa com autismo apresenta condições referentes às habilidades sociais de interação, de comportamento e de comunicação.

“É importante salientar que cada pessoa é diferente e pode apresentar comportamentos diferenciados, o que exige um cuidado individualizado. Após o diagnóstico, os pacientes devem fazer uma série de tratamentos de habilitação/reabilitação a fim de estimular o desenvolvimento das potencialidades, o que demanda cuidados específicos e singulares de acompanhamento ao longo das diferentes fases da vida. O atendimento do autismo na rede pública pode ser realizado no Centro Especializado de Reabilitação [Cer II] e nos Centros de Atenção Psicossocial [Caps]", explicou Sony.

Identificação

Para a gerente do Cer II, Mylena Amaral, o desafio em toda a rede SUS é qualificar e melhorar a identificação precoce dessas crianças. “Aqui, nós atendemos crianças e adolescentes. Quanto mais cedo houver intervenção, melhor será a resposta aos tratamentos e a probabilidade de eles virem a serem adolescentes e adultos muito mais participativos, funcionais, no sentido de desenvolver suas ações cotidianas. Trabalhamos muito com a fonoaudiologia, psicologia, enfermagem, terapia ocupacional e se necessário a fisioterapia”, destaca.

Atendimento que a família da dona de casa Maria Patrícia dos Santos faz uso. Ela conta que quando o filho tinha dois anos, ele demonstrava mudanças em seu comportamento. “Ele nunca falou, começou a dar cabeçadas no chão, ser agressivo e fazer as coisas repetitivas. Fui em uma psicóloga que deu a hipótese diagnosticada. Eu nem sabia o que era autismo. Naquela época as pessoas não tinham a facilidade de acesso a informação que existe hoje. Aqui, no Cer II, meu filho tem consultas com a fonoaudióloga e terapeuta ocupacional, o que tem ajudado bastante no desenvolvimento dele”, reconheceu.

Segundo a gerente do Caps Infantil de Transtorno Mental, Alessandra Aragão, o SUS de Aracaju oferta cuidados às pessoas em sofrimento psíquico, focando na promoção da atenção psicossocial junto aos usuários e às famílias, sempre de forma integrada. "E dentre as atividades desenvolvidas no serviço estão as estratégias de reabilitação psicossocial, que buscam promover e intensificar ações de fortalecimento do protagonismo de usuários com trabalhos manuais e musicoterapia", complementou.

Ainda nos primeiros anos de vida, alguns sinais podem indicar um possível autismo. Caso alguns deles sejam identificados, os pais devem procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível, uma vez que a estimulação precoce é fundamental para o desenvolvimento dessas crianças.

Sinais motores

• Movimentos motores estereotipados: flapping (sacudir) de mãos, “espremer-se”, correr de um lado para o outro;

• Ações atípicas repetitivas: alinhar/empilhar brinquedos de forma rígida; observar objetos aproximando-se muito deles; prestar atenção exagerada a certos detalhes de um brinquedo; demonstrar obsessão por determinados objetos em movimento (ventiladores, máquinas de lavar roupas, etc);

• Dissimetrias na motricidade, tais como: maior movimentação dos membros de um lado do corpo; dificuldades de rolamento na idade esperada; movimentos corporais em bloco e não suaves e distribuídos pelo eixo corporal; dificuldade, assimetria ou exagero em retornar os membros superiores à linha média; dificuldade de virar o pescoço e a cabeça na direção de quem chama a criança.

Sinais sensoriais

• Hábito de cheirar e/ou lamber objetos.

• Sensibilidade exagerada a determinados sons (como os do liquidificador, do secador de cabelos etc.), reagindo a eles de forma exacerbada;

• Insistência visual em objetos que têm luzes que piscam e/ou emitem barulhos, bem como nas partes que giram (ventiladores, máquinas etc.);

• Insistência tátil: as crianças podem permanecer por muito tempo passando a mão sobre uma determinada textura;

• Tendência a rotinas ritualizadas e rígidas;

• Dificuldade importante na modificação da alimentação: só beber algo se utilizarem sempre o mesmo copo; exigirem que os alimentos estejam dispostos no prato sempre da mesma forma.

Sinais na fala

• Repetição de palavras que acabaram de ouvir (ecolalia imediata). Emissão de falas ou slogans e vinhetas que ouviram na televisão sem sentido contextual (ecolalia tardia). Repetição da fala do outro;

• Podem apresentar características peculiares na entonação e no volume da voz.

• A perda de habilidades previamente adquiridas deve ser sempre encarada como sinal de importância. Algumas crianças com autismo deixam de falar e perdem certas habilidades sociais já adquiridas por volta dos 12 aos 24 meses. A perda pode ser gradual ou aparentemente súbita;

Sinais no aspecto emocional

• Expressividade emocional menos frequente e mais limitada;

• Dificuldade de se aninhar no colo dos cuidadores;

• Extrema passividade no contato corporal;

• Extrema sensibilidade em momentos de desconforto (por exemplo: dor);

• Dificuldade de encontrar formas de expressar as diferentes preferências e vontades;