Educação e afeto: programa estimulará laços entre comunidade e escolas

Educação
12/06/2018 17h50

Ensinar e aprender com amor é mais fácil. E por mais que soe estranho pensar em afeto numa relação institucional, é isso que o programa ‘Comunidade Educadora’, formulado pelo Departamento de Educação Básica (DEB) da Secretaria Municipal da Educação (Semed), quer estimular. A proposta foi apresentada na manhã desta terça-feira, dia 12, à secretária de Educação Cecília Leite, bem como a parte do corpo técnico da secretaria. Inicialmente, ela deve ser implementada em comunidades e bairros com grande vulnerabilidade social na capital, como Santa Maria e 17 de Março.

Na prática, o programa servirá como uma linha mestra, que coordenará propostas já existentes na própria Educação - ‘A Hora do Esporte’, ‘Caravana da Arte’, ‘Projeto Hip Hop’, ‘Educação em Família’, ‘Educação para a Democracia’ -, com os de outras secretarias (como Saúde e Assistência), bem como com ações de outros atores sociais, a exemplo do Conselho Tutelar. Tudo isso tendo em mente que a prática educativa não está descolada dos saberes e culturas da própria comunidade. E partindo desse reconhecimento, explica Thaisa Aragão, coordenadora de Educação Especial da Semed e integrante da equipe responsável pela iniciativa, será mais fácil criar novos laços.

“O objetivo maior é, através dessa promoção e desse resgate de vínculos, fazer com que a comunidade tenha seu potencial educativo restaurado, mantido e melhorado. A nossa ideia é que a comunidade é educadora por si só. E a escola precisa se aliar à comunidade, manter essa ligação forte, viva, para que o trabalho que é executado na rede de ensino seja complementado na comunidade. Para que o processo educativo das crianças e das pessoas que compõem a comunidade seja permanente. Queremos estimular o protagonismo. Fazer com que o processo educativo seja perene, que ele não se restrinja ao ambiente da escola, mas que ele permeie o dia a dia das pessoas das comunidades”, descreve.

Para demonstrar a necessidade de uma ação coletiva, a equipe que coordenará o programa – das coordenadorias de Políticas Intersetoriais, Educação Física e Esporte, Políticas Educacionais pela Diversidade, Arte e Educação e Educação Especial – promoveu uma mística na apresentação. Com música, declamações, teatro e uma dinâmica, o recado foi dado: cada um deve fazer a sua parte, mas lembrando que cada um integra um projeto maior. A secretária Cecília Leite aprovou a iniciativa. Ela lembra que a elaboração do programa foi uma demanda que partiu do próprio prefeito Edvaldo Nogueira.

“O Comunidade Educadora está previsto no planejamento estratégico da Prefeitura. E na época da elaboração do planejamento, recebemos uma encomenda: pensar numa proposta que articulasse as famílias às escolas. E nossa equipe foi além ao elaborar um programa que fortalece o vínculo não só com as famílias, mas entre toda comunidade e as escolas. E esta é uma meta que a Prefeitura de Aracaju tem buscado atingir continuamente: integrar suas ações para potencializar os benefícios proporcionados às comunidades”, ressalta.

Dados

De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica, uma pesquisa realizada anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em conjunto com secretarias estaduais e municipais da Educação, em 2016, a rede municipal de Aracaju registrou 30.436 alunos matriculados. Desse total, quantitativo, a taxa de distorção idade-série (diferença entre a idade do aluno, a série que ele estuda e a série que prevista) foi de 32,7%. O de reprovação foi de 15,4 % e, por fim, o de abandono foi de 3,5% para o Ensino Fundamental. O objetivo da Semed é combater estes índices negativos, mas com a ajuda das famílias e das comunidades.

“Queremos colocar todo o território, toda a região na qual a escola está inserida, para atuar em função da educação. Mas uma educação que vá além das questões pedagógicas, que alcance a saúde, a cidadania, que dê às pessoas um sentido de pertencimento. E baseado nos dados que obtivemos, vamos lançar o programa nos locais onde encontramos os maiores índices de evasão e de analfabetismo, além de outros aspectos. A partir daí, dessa experiência multissetorial, queremos definir um modelo que dê aos gestores autonomia para melhor conduzir as ações conforme o perfil das suas comunidades, mas sem esquecer o nosso objetivo, que é trazer comunidade e famílias para as escolas”, destaca Karina Cunha, assessora técnica da Semed.