Projeto de professor da rede municipal promove interação entre família e escola

Educação
10/07/2018 12h15

A família e a escola são as primeiras instituições sociais que um indivíduo faz parte. Ainda na infância, são elas as responsáveis pela educação e construção moral da criança. E quando as duas caminham lado a lado, com pais e professores apoiando-se mutuamente, o resultado alcançado fortalece ainda mais a educação pública. É assim que acontece há dois anos com o projeto “Conectando Família e Escola', desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Presidente Vargas, localizada no bairro Siqueira Campos. Idealizado pelo professor Alessandro Félix, o projeto tem mudado o conceito das antigas reuniões de pais e aproximado cada vez mais as famílias dos alunos à comunidade escolar.

Tudo começou através de um grupo de whatsapp criado pelo próprio professor, para compartilhar com os pais informações sobre a vida escolar dos alunos. “Sempre aos sábados, os pais e responsáveis que estavam no grupo começaram a conversar sobre diversos temas, inclusive sobre o projeto político-pedagógico da escola. Então, comecei a ver que esses pais não eram totalmente leigos e sugeri, a cada semana, discutirmos um tema diferente, sempre virtualmente”, explica o professor Alessandro, que há quatro anos trabalha na rede municipal de ensino de Aracaju.

O primeiro tema escolhido foi 'respeito', que rendeu vários debates virtuais. Com o tempo, os responsáveis pelos alunos passaram a frequentar a escola para conhecer pessoalmente o professor com quem conversavam pelo aplicativo. A partir daí, o projeto foi criado e, além dos debates virtuais, os encontros passaram a ser presenciais. Atualmente, o grupo conta com 22 participantes, que são mães, pais, avós e responsáveis pelos alunos do quinto ano B. Já nos encontros presenciais, toda a família participa.

Encontros

O primeiro encontro do projeto aconteceu em maio de 2017 e se repete a cada final de unidade. No primeiro, um psicólogo foi convidado para desenvolver uma atividade sobre respeito e família. No segundo, uma professora da Sala de Recursos Multifuncionais colaborou com o tema 'afeto e família', já o terceiro encontro tratou da consciência negra e igualdade racial. O ano letivo de 2017 foi encerrado com um espetáculo teatral interpretado pelos próprios alunos da turma, encenando a obra ABC do Nordeste Flagelado, do poeta cearense Patativa do Assaré.

“Fundamentei este projeto no próprio regimento escolar, que diz que precisamos desenvolver o processo educativo fundamentado na participação da família e da comunidade. Precisamos trazer a família para a escola porque já começamos a ver os avanços, inclusive nas atividades que são passadas para casa. Não é aquela reunião que a escola tem que fazer porque é norma e os pais vão só ouvir reclamação dos filhos e as vezes não conseguem nem falar. Este é um encontro, um bate-papo. Se começamos a modificar um pouco a conversa com o pai ele vem para a escola e isso muda também o seu comportamento. Não é mais aquele pai que vem brigar na porta da escola, exigir, ele vem colaborar com o nosso trabalho”, afirma Alessandro.

2018

O primeiro encontro do ano letivo de 2018 já aconteceu e, este ano, o acompanhamento da vida escolar do filho é um dos temas a ser trabalhado. Em junho, a coordenadora de Ensino Fundamental da Semed, Ana Débora França, deu uma palestra com o tema 'Dever de casa: tarefa de quem?', e foi seguido por um café da manhã feito pelos próprios pais.

“São famílias diferentes, alguns alunos moram apenas com o pai ou somente com a mãe, outros são criados pelos avós, mas todos participam. Vejo que alguns têm dificuldade em escrever, mas mandam áudio perguntando sobre o filho, agradecendo. E eu também atualizo eles sobre tudo que acontece na sala de aula, então, mesmo os pais em casa ou no trabalho, sabem o que seus filhos estão fazendo e estudando”, destaca Alessandro.  “Todos os lanches dos encontros, os pais que fazem questão de trazer. Percebo que eles querem estar ali com a família, lanchando, conversando, estando ao lado do filho. Nem sempre todos tem tempo para a família e essa é uma oportunidade que eles têm de estar perto, participando da vida do seu tutelado”, finaliza.

Feedback

Com pais e responsáveis mais participativos, o rendimento dos alunos melhora e as atividades desenvolvidas pela escola também são avaliadas. A técnica em enfermagem Josilene Carvalho tem dois filhos matriculados na Emef Presidente Vargas e é uma das participantes do projeto. Ela conta que o que a motivou a participar do 'Conectando Família e Escola' foi a passibilidade de participar mais de perto da vida escolar dos filhos. “É uma forma de nós, pais, estarmos cientes e participando de um momento tão importante para a vida dos nossos filhos como é a educação. Hoje em dia é muito difícil vermos professores trazendo a família junto ao colégio, ainda mas quando se trata de escola pública”, afirma.

Para a diretora da Emef, Elienai Góes, o projeto melhorou consideravelmente o rendimento dos alunos em sala de aula. “Quando temos a presença dos pais na escola, o rendimento dos alunos melhora e o comportamento também. Geralmente, os estudantes mais disciplinados são os que os pais têm um elo maior com a instituição, e os que mais apresentam problemas são os que têm pais ausentes. Desde que o professor Alessandro entrou na escola, ele tenta envolver os pais na sala de aula e os mantém informados sobre a vida escolar dos alunos, o que cria um vínculo de afeição muito importante. Este projeto tem o total apoio da direção da escola”, enfatiza.