Provocar a reflexão e a sensibilidade crítica dos moradores do bairro Santa Maria sobre os avanços e os retrocessos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esse foi o objetivo do encontro promovido pela Secretaria Municipal da Assistência Social de Aracaju, por meio do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Santa Maria e da sua Diretoria de Direitos Humanos, nesta quarta-feira, 12, no auditório do Complexo Educacional Vitória de Santa Maria.
“Todas as pessoas, mulheres e homens, nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”. Esse é o primeiro dos 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU). São quase 70 anos da sua criação, mas ainda muito se discute sobre a importância do documento como, também, a sua influência nas vidas de todos os cidadãos. Com o intuito de provocar a discussão sobre os avanços e retrocessos do documento, o encontro reuniu os moradores do bairro Santa Maria para reforçar que uma das principais propostas da Declaração Universal é assegurar que todos os cidadãos tenham condições dignas em suas vidas.
De acordo com a coordenadora do Cras Santa Maria, Milena Rocha, esse é um tema que deve estar sempre em evidência nas principais discussões da sociedade, principalmente, quando se trata de pessoas em situações de vulnerabilidade que, frequentemente, têm os seus direitos violados. “Esse evento faz parte das atividades alusivas que vão ajudar a tornar Aracaju em uma cidade de direitos. Mas como vamos fazer isso? O primeiro passo é mostrar quais são esses direitos, e que todos nós somos cidadãos de direitos. Toda equipe do Cras se empenhou muito para abraçar essa iniciativa da Diretoria de Direitos Humanos, porque entendemos que é muito importante que todos os usuários sejam conhecedores daquilo que é garantia de um documento tão importante”, disse.
A mensagem foi passada através de atividades lúdicas e do debate, que teve a participação ativa da própria população expondo os seus pensamentos. Para a diretora de Direitos Humanos da Assistência Social, Lídia Anjos, essas ações de intervenção na sociedade são importantes ferramentas para reforçar o quanto o documento é favorável para a garantia das políticas públicas na vida de todas as pessoas. “Há uma lógica conservadora impregnada na narrativa da sociedade de que algumas pessoas merecem, sim, morrer e que os direitos humanos são direcionados às pessoas direitas. Mas quem são as pessoas erradas? Quem são as pessoas certas? Temos que refletir que os direitos humanos é um processo de pensar a construção da dignidade de todos os cidadãos. Aqui, estamos mostrando que direitos humanos é luta, e que através dessa declaração estamos assegurados de termos acesso às políticas públicas como saúde, educação e moradia”, explica.
A catadora de reciclagem Marcleide Denise dos Santos e os seus filhos são usuários do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do Cras Santa Maria. Para ela, todos têm o direito de viver de uma forma digna e justa. “A Prefeitura trazer esse debate para a nossa comunidade é muito bom. Porque muitas pessoas são ignorantes, acham que se um indivíduo errar tem que morrer. Não é bem assim. Meu marido graças a Deus saiu do mundo da marginalização, hoje é um homem do bem, que vive para a sua família. Se não fossem os Direitos Humanos, talvez não o meu esposo não estivesse entre nós. A gente percebe o quanto a Declaração foi significativo para as nossas vidas e o quanto tem um relevante papel, que é justamente de nos dar direitos e novas chances de viver”, observa.
O encontro, que faz parte da série de atividades em alusão aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, contou com a parceria da Secretaria Municipal da Educação (Semed), Secretaria Municipal da Defesa Social e Cidadania (Semdec) e da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
