Projeto realizado pela Assistência em escolas municipais ajuda a combater problemas sociais

Assistência Social e Cidadania
19/10/2018 14h19

A adolescência é uma fase de mudanças físicas, psicológicas e sociais. É por entender que é nessa etapa da vida que os conceitos podem ser quebrados ou até mesmo formados com maior facilidade que a Secretaria Municipal da Assistência Social, com apoio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), formou o projeto ‘Benguela’, que trabalha uma série de questões que envolvem o racismo, a misoginia, o preconceito, a discriminação, dentre muitos outros problemas sociais. Nesta sexta-feira, 19, foi realizada mais uma edição do projeto na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Antônio da Costa Melo. Na oportunidade, adolescentes do 8º ano, se expressaram através de relatos, poemas, desenhos e até músicas de protesto.

“Uma senhora me viu se aproximando do seu carro e levantou o vidro rapidamente com medo de assaltá-la”, “São muitos os casos de bullying dentro da escola”, “Os homens devem respeitar as suas mulheres e tratá-las com amor”. Essas foram algumas das frases ditas pelas meninas e meninos que participaram do último dia da ação na instituição de ensino, que mostraram que os adolescentes podem até ter idades, perfis e histórias diferentes, mas os relatos em que muitos foram vítimas ou praticantes de atos de repúdio por não aceitarem a condição do ser diferente de algumas pessoas são muito parecidos.

No seu rap, a estudante de 15 anos, Luciana Santos, fez um protesto contra as os homens que não valorizam as suas mulheres. “Ela merece o seu respeito, ela merece a sua atenção. Respeite as meninas, meu caro! Você é um homem ou um animal? Você até está parecendo que é um canibal”. Esse trecho da música da Luciana, fala sobre os diversos casos de agressão em que as mulheres são vítimas de seus parceiros. Para ela, essas discussões são bastante significativas dentro da escola para tentar romper as raízes do machismo e das demais doenças sociais. “São muitos os casos relatados aqui na escola de meninas, principalmente negras, que sofrem com o preconceito, inclusive, muitas não conseguem ao menos se ambientar, se reconhecer dentro da camada social em que estão as pessoas brancas por terem sido tão feridas pela sociedade. O projeto nos fez refletir muito. Com certeza vai ajudar amenizar esses problemas aqui em Aracaju”, observa.

De acordo com a gerente da Igualdade Racial de Aracaju, Laila Oliveira, a promoção das ações de enfrentamento às diversas violações de direitos vem contribuindo com o objetivo da Prefeitura Municipal de Aracaju, que é de tornar a cidade cada vez mais humana. “Fazemos com que os participantes enxerguem que eles são vítimas dos mesmos preconceitos que reproduzem. Por meio da produção dos conteúdos contando as suas histórias, a gente propõe que façam uma reflexão. Isso faz com que os meninos e meninas se sensibilizem e humanizem as suas relações do dia a dia com famílias, professores, enfim, com toda a sociedade”, ressalta.

O Artur Oliveira, de 17 anos, é muito interessado pelos assuntos que são relacionados à sociedade e ao comportamento do indivíduo. “Eu escolhi uma música em que fala justamente da diversidade social que existe no mundo. Como as pessoas são diferentes e como o mundo é diferente. Temos que aprender a aceitar as pessoas, do jeito que elas são. Eu aprendi muito com a vida, já cometi atos discriminatórios e já fui vítima. Hoje o projeto reforça o quanto é ruim essa prática”, disse.

Segundo a professora de Língua Portuguesa, Edilma Messias, a escola é referência quando o assunto é o combate ao preconceito. A professora conta que a ação veio para somar com o projeto denominado “África: um povo de múltiplas culturas e sua influência no Brasil”, idealizado dentro da instituição, em que trabalha com temas que tenham como objetivo acabar com os preconceitos sobre a cultura do povo africano.