Prefeitura de Aracaju lança em parceria com IPHAN documentário sobre Modo de fazer Renda Irlandesa

Agência Aracaju de Notícias
28/11/2018 18h19

O lançamento do curta-metragem “Renda Irlandesa: Vida e Arte das rendeiras sergipanas”, nesta quarta-feira, 28, era aguardado com ansiedade. A estreia ocorreu na sala de exibição do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPD) Orlando Vieira, localizado no Centro Cultural de Aracaju (CCA), na praça General Valadão. Quem compareceu, contava as horas para conferir o trabalho que teve como protagonistas as próprias rendeiras.
 
A rendeira Marinez Santana de Jesus, do município de Laranjeiras, foi uma das primeiras a chegar. “Eu não participei da gravação, mas fiquei muito feliz porque minhas amigas participaram e mostraram a nossa paixão. É gratificante saber que as pessoas se interessam pelo nosso trabalho, feito com tanto carinho. A gente está se sentindo importante”, colocou. 
 
Ao contrário de dona Marinez, dona Adenir Vieira dos Santos é uma das protagonistas do documentário. Para ela, o curta vai eternizar a renda irlandesa na memória e no coração das pessoas. “A gente gravou no banco da praça em frente à igreja. A gente cantou e tudo. Menina, foi uma festa. Só você vendo o filme para entender a nossa alegria”, contou a rendeira do município de Maruim. 
 
Produção
 
O vídeo foi gravado nos municípios de Maruim, Laranjeiras, Nossa Senhora do Socorro e Divina Pastora. Segundo a coordenadora geral do NPD, Graziele Ferreira, este é o resultado de uma oficina de produção e vídeo com 30 jovens. “Eles são familiares das rendeiras desses quatro locais e foram indicados por elas. Os 30 jovens passaram por cursos de edição, direção, direção de fotografia e outros. Na verdade, eles foram alfabetizados no audiovisual e a partir disso foram conduzidos nas gravações por instrutores para que contribuíssem com a memória desse tesouro que é o modo de fazer renda irlandesa. A gente fecha hoje um ciclo importante, de um momento especial”, explicou. 
 
O documentário é fruto do convênio celebrado entre a Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN- Sergipe). De acordo com o presidente da Funcaju, Cássio Murilo, essa é uma parceria inédita. “Este momento é significativo por se tratar do primeiro convênio firmado entre Prefeitura de Aracaju e Iphan, tendo como foco a produção audiovisual no estado. Estou feliz e acredito que mais uma vez o prefeito Edvaldo Nogueira acertou ao firmar esse convênio. A gente mostra um produto que é nosso, através de uma linguagem artística, das mais contemporâneas. Sergipe tem tido um destaque no cenário nacional a partir do NPD”, ressaltou.
 
A renda irlandesa é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, desde 2008. “O estilo como essas mulheres fazem os produtos traz um pouco da história delas. Muitas buscaram nesse trabalho uma forma de renda para sair do engenho, da cana- de- açúcar. Esse vídeo é uma das ações da salvaguarda da Renda Irlandesa porque é o jeito de a gente se aproximar desse modo de fazer, das histórias dessas mulheres. O documentário é um testemunho vivo”, colocou a superintendente do IPHAN em Sergipe, Katarina Aragão.
 
Produtos
 
As rendeiras também aproveitaram a estreia do curta-metragem para expor produtos feitos por elas, a exemplo de bolsas, sapatinhos para bebês, colares e conjuntos para cozinha.  Aos 81 anos de idade, dona Enedite dos Santos Cruz, demonstrou por meio de um trechinho da música ‘Mulher Rendeira’, a emoção de participar desta tarde especial. “Olê, mulher rendera, olê mulhé rendá, tu me ensina a fazer renda, eu te ensino a namorá”, cantou empolgada.

Presenças 

Além do presidente da Funcaju, Cássio Murilo; da coordenadora geral do NPD, Graziele Ferreira; da superintendente do IPHAN em Sergipe, Katarina Aragão; do diretor de Arte e Cultura da Funcaju, Nino Karvan; da representante das rendeiras, Maria José (conhecida como dona Zeza), participaram do lançamento do curta-metragem, a deputada estadual Ana Lúcia e a secretária adjunta da Cultura de Nossa Senhora do Socorro, Carol Westrup.