Prefeitura oferece serviços de cardiologia e alerta a população para cuidados com o coração

Saúde
06/12/2018 14h21

“Quando a pessoa ainda está na barriga da mãe, já deve ir ao cardiologista”. Esta afirmação é de uma das cardiologistas do Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (Cemar) do Siqueira Campos (SC), Sheyla Ferro. A Rede de Atenção Especializada (Reae) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) oferta atendimento especializado em cardiologia para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Ambulatório de Cardiologia oferece consultas, eletrocardiograma, monitorização ambulatorial da pressão arterial (Mapa) e o ecocardiograma transtorácico adulto e pediátrico. “Temos 12 profissionais cardiologistas no setor, que se dividem entre consultas e exames.  Existem ainda, três cardiopediatras que fazem as consultas no Centro de Especialidades Médicas da Criança e do Adolescente (Cemca)”, informou a gerente do Ambulatório de Cardiologia do Cemar Siqueira Campos, Brígida Belém Santos.

Para ser atendida no Ambulatório de Cardiologia, a pessoa precisa ser consultada pelo clínico geral nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). “O clínico passa para a pessoa fazer os exames básicos, inclusive, o eletrocardiograma e se houver a necessidade, ele encaminha o eletro juntamente com um relatório discriminando o motivo que está enviando o paciente para o cardiologista. O paciente somente é encaminhado se já houver passado pelos clínicos das UBS”, esclareceu Brígida.

Brígida enfatizou que existe muito absenteísmo no setor, que é quando a consulta e/ou exame é marcado mas a pessoa não comparece. “Isso prejudica muito o serviço pois  deixamos de marcar para outra pessoa. Na maior parte das vezes o endereço e o telefone do paciente mudaram e ele não avisa. As pessoas devem estar com o endereço e o número de telefone atualizados  na UBS onde são cadastrados”, frisou.

Cuidados desde cedo

O cardiologista é o médico especialista que faz o tratamento e diagnóstico das doenças do coração e do sistema circulatório. A médica e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologista em Sergipe, Sheyla Ferro, explicou o motivo da ida ao cardiologista mesmo para mulheres que ainda estão grávidas.

“A partir do sexto ou sétimo mês de gravidez já se deve começar a prevenção às doenças do coração da criança. Com ‘zero idade’, já tem um profissional que cuida do coraçãozinho do neném, que é o cardiopediatra. Ele faz o exame ecocardiograma fetal, que já consegue distinguir algumas doenças bastante sérias no coração da criança dentro do útero”, ressaltou.

Segundo Sheyla, após o nascimento da criança, o pediatra solicita a realização do eletrocardiograma. Caso não seja identificada nenhuma alteração, o acompanhamento é feito pelo próprio pediatra  mas, quando há, o pediatra já encaminha o bebê para o especialista.

“Quando não há nenhum problema, só deve procurar fazer um eletro na idade escolar, porque é quando começa a fazer as brincadeirinhas de atividade física inicial e este eletro deve continuar seguindo a criança junto com a avaliação do pediatra como faz com os exames de vermes e de sangue. A partir daí vai se adicionando, com o crescimento e desenvolvimento da pessoa”, destacou.

A cardiologista enfatiza ainda que quando o adolescente inicia suas atividades de escola, muitas vezes até competitivas, deve ser avaliado pelo clínico, que ao sinal de qualquer  alteração deve encaminhar  ao cardiologista. Na vida adulta o paciente vai agregando fatores de risco.

“As pessoas começam a beber e a fumar, comem muito sal, muito açúcar, muita gordura, vivem nos ‘fast foods’ da vida, tudo isso faz parte de maus hábitos. Acrescido a isso, nós vivemos no momento do lazer passivo. Incentiva-se muito mais celulares, videogames e computadores do que uma criança brincar de queimado na rua. Todas estas pequenas atividades que fizeram parte das outras gerações foram cerceadas atualmente. Isso induz ao sedentarismo e, consequentemente, à obesidade, que juntos induzem ao pré-diabetes”, afirmou.

Sheyla completou que quanto mais fatores de risco forem alocando na adolescência e adulto jovem vai fazer com este paciente chegue à cardiopatia. Fica com hipertensão arterial, com doenças lipidêmicas, que são as doenças das gorduras como colesterol e triglicérides altos, e o diabetes, que é uma epidemia mundial. “A partir daí tem que fazer uma avaliação preventiva por ano, pelo menos, se já tem fatores de risco, duas por ano e se já tem doença alocada, ou seja, a pessoa já é hipertensa deve fazer a cada quatro meses a sua revisita ao cardiologista”, esclareceu.

Pressão alta

A cardiologista informou que a doença mais prevalente é a hipertensão arterial e leva ao comprometimento cardíaco. “A pressão arterial normal para qualquer idade é 12 x 8 mmHg. Para reduzir a mortalidade não é apenas baixar um número da pressão, tem que baixar com qualidade. Porque o que era uma hipertensão, se torna, inicialmente, um coração inchado, depois vira um coração crescido, vai se tornar insuficiente e essa pessoa vai ficar com uma doença incurável, progressiva, limitante, em fase avançada”, pontuou.

Sheyla exemplifica a seriedade da doença. “Se eu chegar e disser que a pessoa tem câncer, ela fica desesperada, mas a insuficiência cardíaca, mata em cinco anos mais do que o câncer, em cinco anos leva a 50% de mortalidade. Nenhum câncer tratável hoje chega a uma mortalidade dessa. E no entanto, ninguém sai desesperado por aí quando recebe o diagnóstico de hipertensão arterial, mesmo sabendo que vai evoluir para insuficiência cardíaca, que é uma doença sem cura”, alertou.