Usuários dos Caps Primavera têm manhã de lazer no Parque da Sementeira

Saúde
18/12/2018 17h30

Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) são produtores de cuidado em saúde mental dos usuários, e uma dessas produções é a atividade externa, que é chamada de extramuros. Nesta terça-feira, 18, o Caps Álcool e Drogas (AD) Primavera promoveu uma manhã de lazer e confraternização para os usuários que fazem parte das Oficinas de Roda de Conversa e de Fuxico no Parque Augusto Franco, também conhecido como Parque da Sementeira.

A assistente social do Caps, Lijane Oliveira, destacou a importância das oficinas terapêuticas realizadas pelo Caps. “São dinâmicas que eles gostam muito, pois mudam de ambiente. Hoje nós convidamos uma médica que trabalhou muitos anos no Caps AD Primavera e saiu, mas o vínculo com os usuários continuou forte. Então, ela veio dar uma palestra para eles aqui, tivemos uma dinâmica de troca de presentes, como também houve lanches e almoço. Enfim, foi uma manhã agradável de reflexão e lazer”, informou.

A médica clínica, Maria Suely Melo, trabalhou durante cinco anos no Caps AD Primavera e saiu em maio deste ano. Por lá, ela desenvolveu a oficina de espiritualidade e meditação e falou sobre o vínculo criado com os pacientes.

Importância

“O que nós construímos com bases sólidas acaba dando frutos depois. Foi plantada uma sementinha em cada um deles. Então fui convidada, por solicitação dos próprios usuários, para conversar um pouco com eles hoje aqui. Os depoimentos que estou ouvindo aqui foram que mudaram a maneira de pensar, de agir e de ver o mundo”, enfatizou.

A médica também enfatizou a importância das atividades terapêuticas, realizadas pelo Caps. “Acho que esse é o verdadeiro tratamento, principalmente para o usuário de saúde mental. Só medicar não é tão resolutivo, pois cria outra dependência, obviamente que é necessário, mas é preciso fazer o trabalho paralelo de tentar mudar a rota de pensamento, eles têm que construir novas condutas, se não vão continuar viciados nos padrões antigos. Então, é necessário construir oficinas que deem a eles esta oportunidade de pensar, raciocinar, meditar, construir novos horizontes, trabalhar a baixa estima, trabalhar as habilidades e capacidades que eles têm e que desconhecem. Isso tudo é benéfico para a vida deles”, destacou Suely.

O usuário Carlos Luiz Laurindo da Silva, 62, faz tratamento no Caps desde 2014 e integra a oficina de Roda de Conversa. Segundo ele, desde 2007 que se tornou viciado em crack e desde o ano passado, está em reabilitação e sem o uso da substância.

“O trabalho no Caps me salvou. É Deus no céu e o Caps na terra para mim, porque me livrei do crack e a médica Suely foi uma peça muito importante para a minha salvação. Eu estava praticamente morto e com as orientações dela, venho me recuperando. Usei outras drogas desde novo, como a maconha. Não tive muitas orientações na família e o crack veio para me destruir mesmo, mas graças ao Caps estou bem melhor”, revelou.

Oficinas terapêuticas

No grupo terapêutico da Roda de Conversa são trabalhados os acontecimentos do cotidiano deles, com dinâmicas que auxiliam a reflexão e o desenvolvimento. “Fazemos uma espécie de autoajuda. Os que já passaram por aquilo dizem sugestões de como sair, o que estão passando acabam recebendo estas orientações e eles trocam muitas ideias do dia a dia deles e assim desenvolvemos dinâmicas dentro dos temas debatidos”, explicou Lijane, acrescentando que 18 usuários fazem parte deste grupo.

Já a Oficina de Fuxico é formada por 16 usuários do Caps, selecionados por possuírem habilidades artesanais. “Nosso trabalho é por etapas: os que enxergam, enfiam a linha na agulha para outros costurarem a rodinha do fuxico, outros fazem o crochê. É um trabalho em conjunto. Estas peças foram confeccionadas por eles mesmos e foram entregues como presentes de Natal”, acrescentou a assistente social.