Pais e responsáveis de pessoas com deficiência são estimulados através de projeto de geração de renda

Assistência Social e Cidadania
23/01/2019 17h33

Ter uma pessoa com deficiência em casa requer muita dedicação, carinho, amor e, muitas vezes, exclusividade. É por isso, que, às vezes, muitos dos responsáveis não conseguem sair das suas residências para ocupar uma vaga no mercado de trabalho. Tendo em vista esse fator, a Secretaria Municipal da Assistência Social, por meio da equipe do Centro de Referência Especializado da Assistência Social para Pessoas com Deficiência (Centro Dia), decidiu criar o projeto “Geração de Renda: Culinária Acessível”, que atualmente atende a dez pais e responsáveis dos usuários assistidos pelo Centro, com a oferta de práticas culinárias e de vendas e rodas de conversas sobre empreendedorismo. 

Rabanada, rocambole, beijinho de caboclo, entre muitas outras receitas já passaram pelo projeto, que atende aos pais e responsáveis ao mesmo tempo em que os meninos e meninas são atendidas pelos profissionais da sala de recursos multifuncionais. É na cozinha da instituição onde tudo acontece: o primeiro passo antes de começar as atividades é lavar as mãos, vestir o avental e colocar a touca na cabeça. Depois disso, com o caderno de anotações é hora de anotar a receita e colocar a mão na massa. Em uma dinâmica bastante interativa, a instrutora explica os modos de preparo das receitas, ao mesmo tempo em que tira todas as dúvidas e dá dicas de como vender as delícias que são preparadas a cada encontro.
 
O projeto tem como objetivo estimular o protagonismo e a autonomia dos participantes, além de fazer com eles enxerguem, por meio da culinária, formas de geração de renda sem sair de casa. Durante as reuniões do grupo, o projeto também leva para a cozinha profissionais que se deram bem na área do empreendedorismo e que hoje servem como inspiração para outras pessoas, para bater um papo com os participantes e aguçar o espírito empreendedor dos beneficiados.

Quando recebeu o convite para participar do projeto, o industriário Jefferson Gonçalves não pensou duas vezes. Jefferson compreende a iniciativa como um grande incentivo e estímulo para ele e, também, para o seu irmão Fredy, de 37 anos, que é atendido pela instituição. “É, sem dúvida, uma experiência nova que considero como muito importante tanto para quem participa, como para toda a família. Além de termos mais uma atividade para ocupar os nossos espaços de tempo, ainda podemos ganhar um dinheiro a mais. Estou praticando, em casa, o que venho aprendendo. No Natal fiz uma trufa natalina e todo mundo que comeu aprovou”, disse.
 
Uma verdadeira terapia e uma grande oportunidade para gerar renda. É assim que a auxiliar administrativa do Centro Dia e instrutora do projeto, Ana Lúcia Brito, enxerga o projeto que, segundo ela, deve ser estendido para quase 40 responsáveis pelos usuários do centro. “A gente entende que com a correria do dia a dia, esses pais acabam ficando muito cansados. Então, quando estávamos fazendo o planejamento pensamos em algo que a funcionasse como uma terapia e que ainda desse a chance deles produzirem e comercializarem os produtos feitos, neste caso, os doces, os salgados, entre outras delícias feitas na ação. Tudo que eles aprendem aqui são materiais práticos e fáceis de serem vendidos. É isso que queremos mostrar: a arte de produzir e vender e, claro, e fazer com que eles estejam sempre perto daqueles que são os mais importantes para as suas vidas, que são os seus filhos”, ressaltou.

Após a parte da produção dos alimentos, é hora de vender. Nesta quarta-feira, 23, os participantes do projeto foram até a sede da Prefeitura de Aracaju apresentar e vender os deliciosos ‘beijinhos de caboclo’, que foram feito no início da manhã do mesmo dia. O resultado de todo o trabalho valeu a pena: tudo foi vendido em menos de 30 minutos. 
 
Fortalecendo vínculos

O projeto de geração de renda também tem como proposta aproximar as famílias dos usuários atendidos da instituição. “Sempre buscamos trazer os responsáveis para mais perto do Centro Dia porque sabemos da importância da família como base para esse processo de desenvolvimento. Por isso, resolvemos desenvolver dentro da instituição, como uma forma de fazer com que eles estejam cada vez mais perto. O resultado tem sido muito bacana. Percebemos que eles ficam muito ansiosos para que chegue logo o dia do encontro e que estão colocam em prática quando chegam em casa o que aprendem. Tudo isso mostra o quando vem dando certo”, destacou a coordenadora do Centro Dia, Lidiane Vieira.
 
E quando o assunto é fortalecer vínculos familiares, a dona de casa Josefa Rezende Aragão é um verdadeiro exemplo disso. Josefa cuida do seu cunhado, que ficou deficiente de uma perna após sofrer uma paralisia cerebral. Ela conta que tudo que aprende durante o projeto é passado para o irmão do seu companheiro. “O Marcos é muito interessado e interativo. Está sempre buscando ser independente. Então, quando estou colocando em prática o que me ensinam aqui chamo ele e vou passando pra ele”, contou.