Em dia de formação, professores debatem currículo da rede pública de Aracaju

Educação
30/01/2019 17h09

Homologada no final de 2017, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que define os conhecimentos essenciais que todos os alunos da educação básica têm o direito de aprender. A partir dele, as redes estaduais e municipais passaram a elaborar seus currículos, respeitando o texto nacional, mas imprimindo a cultura e a própria realidade. Em Aracaju, a Secretaria Municipal da Educação (Semed) promoveu alguns debates sobre o tema. Durante esta quarta-feira, dia 30, cerca de mil professores que atuam nas escolas municipais participaram de uma nova formação: o ‘I Seminário Travessias no Ensina e Aprender: da BNCC à construção participativa do currículo da rede pública municipal de ensino de Aracaju’. O objetivo principal foi mobilizar os professores para construção de um currículo da rede pública de ensino da capital. A atividade foi realizada na sede da Faculdade Maurício de Nassau, no bairro Siqueira Campos.

A secretária municipal da Educação, professora Cecília Leite, fez a saudação aos participantes, lembrando a tarefa a ser desempenhada. “Devemos dialogar sobre a concepção dos referenciais curriculares da educação básica brasileira, sergipana e aracajuana. A tarefa cotidiana de cada professor, como determina a legislação educacional do país, é preparar nossas crianças e adolescentes para o exercício da cidadania. Para tanto, precisamos garantir a existência de um currículo basilar”, destacou. O diretor do Departamento de Educação Básica (DEB) da Semed, professor Manuel Prado, destacou outras metas do encontro. “Vamos refletir sobre a necessidade e desafios para a construção de um currículo da rede municipal de Aracaju, bem como a formação continuada no contexto de implementação da Base e reelaboração do projeto pedagógico e dos currículos no âmbito da escola”, observou.

Responsável pela palestra ‘O que é a BNCC’, a secretária adjunta da Educação, professora Maria Antônia de Arimateia, falou sobre a retomada da discussão. “Este é um documento obrigatório, que define os conhecimentos básicos para os alunos das redes públicas e privada, mas não é o currículo. Por isso, nunca é demais repetir porque precisamos entender, desmistificar e nos apropriar do que a norma diz. E que ela é, na realidade, um instrumento que nos ajuda a viabilizar a construção dos currículos das redes e escolas”, ressaltou.
 
Convidada a participar da mesa de abertura, a professora Silvana Bretas, do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), apontou outro aspecto. “A BNCC, ao chegar ao chão da escola, ganha novas dimensões. Quem faz o currículo é a comunidade escolar: professor, alunos, famílias. Por isso também devemos pensar qual o nosso papel nessa elaboração e qual o impacto da mesma em nossas vidas”, acrescentou.

Para o vereador Antônio Bittencourt, membro da Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara de Vereadores de Aracaju, e ex-secretário da Educação da capital, a Prefeitura está de parabéns ao organizar o debate. “Eu tive o privilégio de dirigir a Semed e sei da responsabilidade que é tratar desse tema, a educação. Qualquer modelo a ser adotado deve tratar do mundo real, não podemos ter um currículo artificial, pensado apenas por ‘cabeças iluminadas’. Ele deve ser construído coletivamente, com os principais atores dessa ação: os professores. Pois precisamos de uma escola que tenha vida e que dê conta daquilo que precisa o povo da nossa cidade”, destacou.

Implementação

Coordenador estadual de implementação da Base Nacional e do currículo sergipano, o professor Rogério Tenório de Azevedo também compôs a mesa de abertura e saudou a iniciativa. “Estamos certos de que Aracaju garantirá em seu currículo as aprendizagens essenciais exigidas pela BNCC, bem como as aprendizagens adicionais construídas pelo currículo sergipano. Como professor da rede municipal estou ansioso para participar desse processo”, declarou. A professora Núbia Lira, que também integra a coordenação de implementação da BNCC e é coordenadora da Educação Infantil de Aracaju fez um histórico do processo em Sergipe. “O texto teve várias contribuições, inclusive da rede municipal. E é preciso, mais do que nunca, que a gente se integre num debate qualificado, coletivo, respeitoso e humano”, argumentou.

Outra palestrante convidada, a professora e consultora educacional Cássia Virgínia Moreira Alcântara apontou o que é essencial. “Um currículo precisa contemplar não só um conjunto de habilidades e competências, mas também a fala dos professores, de como serão operacionalizadas essas habilidades e competências. Uma das possibilidades no município é fazer isso coletivamente, nas horas de estudo. Porque são os professores que sabem como gerir suas salas, quais são os alunos que eles têm e qual a realidade das suas escolas. Então, eles precisam estar reunidos para falar sobre como isso será operacionalizado, que metodologias serão utilizadas”.

Neste sentido, a coordenadora do Centro de Aperfeiçoamento e Formação Continuada de Educação (Ceaf) da Semed, Rita de Cássia Amorim, falou sobre a política adotada pela Prefeitura de Aracaju. “A discussão do currículo da rede municipal e o processo de formação continuada andam juntos. Toda a discussão, hoje, é voltada para como essa base comum foi implantada e como se dá a implantação do nosso currículo. Paralelo a isso, como ficará esse processo de formação continuada, visto que temos politicas nacionais que atentem para uma remodelagem dessa formação e precisamos nos apropriar das nossas especificidades”, afirmou.

Protagonistas

O seminário foi dividido em duas mesas, com quatro subtemas. A mesma programação foi ministrada nos turnos da manhã, tarde e noite. Os educadores inscritos tiveram o direito de participar da formação durante o horário de regência na escola. A professora Alessandra Mota está como coordenadora pedagógica da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Nunes Mendonça. Ela conta que a participação do professor dentro da construção do currículo é de fundamental importância. “Os professores, que estão no chão da escola, sabem do que cada aluno precisa aprender para que se desenvolva com êxito, por isso, é importante que nós estejamos nesta formação para aprender mais sobre a BNCC e, a partir daí, dar nossa contribuição com mais propriedade”, comentou.

Rosângela Melo Canuto, professora da rede municipal há 14 anos, aproveitou a formação oferecida pela Semed para se atualizar quanto ao assunto. “Eu achei bastante interessante esta oportunidade, pois é sempre bom esta a par de tudo que venha contribuir positivamente para os nossos alunos e o professor deve estar sempre atualizado. Como a BNCC é um projeto novo, preciso conhecer para saber se condiz com a minha realidade em sala de aula e também poder dar a minha contribuição. O seminário está sendo bem produtivo e tenho certeza que todos sairão daqui conhecendo bem o projeto e sabendo da importância da nossa contribuição para ele”, afirmou.