Através do surfe, projeto quer fomentar o autoconhecimento e o respeito à natureza

Agência Aracaju de Notícias
26/03/2019 15h41

O cheiro da praia, que tanto faz parte da rotina dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Elias Montalvão, passou a dar lugar ao contato direto com a água do mar. Agora, 20 alunos têm introduzidas no cronograma estudantil aulas de surfe, uma oportunidade de aliar o conhecimento do próprio corpo com o aprendizado sobre meio ambiente e, de quebra, construir laços de respeito com a natureza e com o meio social em que vivem. Através do projeto “Transformasurfe: uma onda de educação”, meninos e meninas na faixa etária de 9 a 10 anos começaram a utilizar duas pranchas de bodyboard e seis pranchas de softboard adquiridas pelas unidade duas vezes por semana. 

O pequeno Heslander Costa, de 9 anos, é um dos alunos do projeto. Ele teve as primeiras noções do esporte no Estrelas do Mar, projeto apoiado pela Prefeitura de Aracaju, através do Praia para Todos. Como já tinha uma noção, as remadas e equilíbrio sobre a prancha já estavam familiarizadas. “Eu gosto muito de estar perto do mar e curto bastante surfar. É muito legal porque a gente ainda aprender sobre as coisas do mar e é muito divertido”, contou. 

Assim como Heslander, Pedro Henrique Silva, de 10 anos, contou com o Estrelas do Mar para as primeiras remadas, mas, quer se desenvolver mais com os colegas da escola. “Como estudo com alguns deles, fica até mais fácil aprender. A gente aprende um monte de coisa sobre a natureza e como respeitar o mar”, revelou. 

As 20 crianças são divididas em duas turmas e cada uma das turmas tem uma aula por semana, com duração de três horas. “Essas três horas são divididas em ensinamentos teóricos sobre o surfe, respeito ao meio ambiente, ecologia, preservação do meio ambiente, impactos na natureza e noções de como entender as marés, além de orientações sobre os perigos que o mar pode oferecer caso não sejam tomados alguns cuidados. Temos ainda dinâmicas para aquecer e alongar, e brincadeiras para ajudar na socialização. Cerca de uma hora a uma hora e meia dedicamos à prática do surfe na água”, detalhou o professor de Educação Física, Isaac Dórea. 

De acordo com o professor, todos esses passos são essenciais para chegar ao objetivo do projeto. “A Educação Física não está distante de nenhuma disciplina escolar, ela é tão transformadora quanto as demais. O surfe era algo muito distante da escola e estamos começando a quebrar isso, mesmo sendo uma ação muito embrionária. O nosso intuito é dar mais um viés para que essas crianças possam compreender um pouco mais de suas capacidades, sobre o outro e, ainda, sobre o que é respeitar o ambiente em que vivemos. Tudo isso pode transformar e, fazendo esse trabalho de formiguinha, podemos ajudar a ter mais pessoas conscientes no mundo”, ressaltou Isaac. 

A aluna Gabriela dos Santos, de 9 anos, pode conhecer  surfe através do projeto e se encantou. “É muito diferente dos outros esportes que a gente pratica na escola e é muito legal. Eu gosto muito do mar, mas, já tive medo. Hoje, não tenho mais. Quero saber mais sobre o mar e sobre o surfe e me divertir. Estou gostando muito do que estou aprendendo”, afirmou. 

O Transformasurfe surgiu por meio de uma portaria que existe na Prefeitura que permite que o professor de Educação Física desenvolva atividades esportivas extras, além do horário normal das aulas nas unidades de ensino. “Inscrevemos o projeto e foi aprovado, o que nos encheu de entusiasmo. O surfe faz parte da minha vida há 19 anos, então, sei bem os benefícios que ele trouxe para o meu corpo e, sobretudo, para a minha mente e consciência de mundo. O que aprendi, quis passar para as crianças”, destacou Isaac.

A iniciativa partiu do professor Isaac e contou com o apoio da equipe da diretiva da escola e da Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Educação (Semed), além da participação de voluntários do projeto Caranguejo Surf Sup School. A ideia inicial é de que o projeto dure todo o ano letivo.