Mostra de Cinema Negro é realizada no Centro Cultural de Aracaju em parceria com o NPD

Cultura
07/04/2019 08h02

Sinônimo de fortalecimento as produções audiovisuais locais, o Núcleo de Produção Digital (NPD) Orlando Vieira, unidade mantida pela Prefeitura de Aracaju, através da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), mais uma vez apoia a 4ª edição da Mostra de Cinema Negro de Sergipe (Egbé). O evento iniciou no sábado, 6, na sala de exibição do NPD, no Centro Cultural de Aracaju, e segue até o dia 12 de abril. 

Com o tema central ‘Descolonização do olhar’, a abertura contou com figuras importantes do cenário cultural sergipano, dentre eles o escritor Severo D'Acelino; o fundador da União de Negros de Aracaju (UNA/SE), Carlos Eduardo Trindade; o secretário Municipal da Cultura de São Cristóvão, Gaspeu Fontes; e a audiovisual Jade Moraes. A mostra é uma realização da Cine Candeeiro, em parceria com a Cacimba de Cinema e Vídeo, e Lamparina Animação e Produção de Vídeo. 

A cerimônia iniciou com uma exposição do artista plástico Everton Moraes, que também é pai da cineasta Everlane Moraes, homenageada da noite. “O Tributo a Everlane trata das mazelas humanas e questão da mulher negra na sociedade”, contou. Em seguida, a programação trouxe a exibição de curtas-metragens e um bate papo com Everlane.

Everlane Moraes tem sob o seu olhar trabalhos a exemplo do ‘Caixa D’água e ‘Qui-lombo é esse?’, que são produções que retratam a importância do âmbito cultural e histórico do bairro Getúlio Vargas. “Como artista, ter uma produção como a do EGBE e ainda com o NPD que cuida da estrutura, tendo em vista que não temos tempo de fazer isso, no traz um complemento essencial, pois, precisamos de lugar para as exibições de nossas produções”, disse ela agradecida. 

A coordenadora do NPD, Graziele Ferreira, falou sobre os quatros anos de caminhada em parceria com a EGBE. “Nas duas primeiras edições da mostra, o Núcleo sediou, mas, em 2018, resolveu ir além de disponibilizar o nosso espaço. Essa mudança só concretiza nossa atividade, porque percebemos a necessidade de potencializar essas ações afirmativas com esse recorte, o cinema feito por negros e negras. Além disso, com mais uma abertura desse movimento, a gente materializa o sentido dessa sala de exibição pública que abriga projetos e iniciativas que reforçam a nossa produção”, afirmou. 

Para a cineasta sergipana Luciana Oliveira, organizadora do evento, o EGBE deste ano mostra diversos olhares dentro do cinema negro com a exibição de filmes locais, nacionais e do continente africano. “Há quatros anos estabelecemos uma relação com Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira justamente por ser um espaço público e de fácil acesso à população, além de ter uma estrutura que comporta artistas e realizadores audiovisuais”, completou. 

“Esses lugar aqui do NPD é importante e vale a pena divulgar sobre isso, pois há uma especificidade. O cinema que proporciona muitas novidades, diferentes perspectivas, um passado e revitalização leva-nos para o questionamento,  porque cada  metro de fita é um episódio da nossa história”, declarou Severo D’Acelino, escritor, representante sergipano da cultura Afro em Sergipe e conhecido por fundar a Casa de Cultura Afro Sergipana, em 1968. 

A atração cultural da noite de sábado foi por conta do trio ‘Trava Nagô’, que arrebatou o público com muito rap e poesia no Teatro João Costa, do Centro Cultural de Aracaju (CCA). O grupo de rap composto por três travestis negras que unem a sua arte, ritmos, musicalidade e poesia a fim de estabelecer as causas que defendem na sociedade.