Prefeitura reafirma os direitos da população negra através de projeto em escolas do município

Assistência Social e Cidadania
17/04/2019 20h58

A Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social, realizou, nesta quarta-feira, 17, mais uma edição do Benguela. O projeto, que conta com a parceria da Secretaria Municipal da Educação (Semed), reuniu alunos do 8º e 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Prof. Maria Thetis Nunes, no bairro América, para discutir de uma forma lúdica questões relacionadas ao racismo, machismo, misoginia, preconceito e outros tipos de problemas sociais.

Os jovens e adolescentes que participaram das atividades tiveram que produzir materiais com provocações sobre os temas propostos durante a ação, que tem como objetivo recuperar a autoestima dos alunos através da autoafirmação da identidade racial, promover a reflexão e fortalecer o combate de qualquer tipo de discriminação no ambiente escolar.

Segundo a gerente de igualdade racial da Diretoria de Direitos Humanos da Assistência Social, Laila Oliveira, o projeto é uma forma de trazer essa discussão do racismo do machismo e de outras formas de opressão que está no cotidiano da juventude. “Estamos fazendo com que os meninos e meninas sejam provocados, reflitam sobre a sua trajetória, superem os seus conflitos e sejam protagonistas das suas próprias histórias. Queremos fazer com que elas e eles saiam daqui com um olhar especial de esperança”, ressaltou.

Durante três dias, os facilitadores introduziram debates e estimulam a confecção de um fanzine, uma revista feita de forma de artesanal, a partir de desenhos ou colagens, onde eles puderam produzir e falar sobre o tema de forma livre. Mariele Campos, responsável pelo Suporte Pedagógico da institutição de ensino, enxerga que o projeto é um iniciativa muito importante e que tem resgatado a autoestima dos participantes. “Percebemos que eles têm todo cuidado para tratar dos temas que estão em alta, mas que devem ter uma cautela na hora de serem discutidos. Aqui, os técnicos estão fazendo com que o respeito pelas diferenças esteja sempre presente na sociedade. Algo muito positivo para o desenvolvimento dos estudantes”, observa.

Os estudantes se envolvem no projeto e levam a experiência para sua rotina, como é caso da Daniele Vitória. Para ela, todos os cidadãos devem aprender a entender e ter menos preconceitos. “Tem muitas coisas que a gente sai reproduzindo por não saber que é um preconceito, um ato discriminatório, por tanto é sempre relevante que estejamos sempre nos atualizando”, disse.

A execução do projeto conta com a participação de jovens que atuam em movimentos de defesa dos direitos dos negros na sociedade, como é o caso da estudante de Psicologia e voluntária do Benguela, Tainã Quirino, que durante os três dias de execução na Emef Prof. Maria Thetis Nunes. "Uma experiência muito linda, desenvolvido de uma forma lúdica e criativa e falando sobre temas tão sérios e importantes nos dias atuais e que serão essenciais durante toda a vida de cada um", destacou.

Sobre o projeto

A adolescência é uma fase de mudanças físicas, psicológicas e sociais. É por entender que é nessa etapa da vida que os conceitos podem ser quebrados ou até mesmo formados com maior facilidade que a Secretaria Municipal da Assistência Social, com apoio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), formou o projeto ‘Benguela’, que trabalha uma série de questões que envolvem o racismo, a misoginia, o preconceito, a discriminação, dentre muitos outros problemas sociais. Após adaptações, incluindo, também, meninos aos encontros, a ação passou a se chamar “Benguela”, uma referência a Teresa de Benguela, líder quilombola que viveu no século XVIII na região do atual estado de Mato Grosso, e que é lembrada no dia 25 de julho de cada ano, conhecido como Dia de Teresa de Benguela e Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.