Professores contribuem na elaboração dos cadernos curriculares da rede de Aracaju

Educação
08/06/2019 15h21

Durante a manhã e a tarde deste sábado, 8, cerca de 500 professoras e professores – de todas as áreas e etapas - que atuam na rede pública municipal de ensino de Aracaju, estão reunidos discutindo os conteúdos que devem constar nos cadernos curriculares das escolas. O encontro foi organizado pelo Centro de Aperfeiçoamento e Formação Continuada da Educação (Ceafe), setor que integra o Departamento de Educação Básica (DEB) da Secretaria Municipal da Educação (Semed). A atividade ocorre no campi da Faculdade São Luis de França, localizada na rua Laranjeiras, bairro Getúlio Vargas.

Este trabalho que vem sendo desenvolvido pelos professores de Aracaju é decorrente da aprovação, em 2017, da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A partir desse marco, todas as redes estaduais e municipais do Brasil, em regime de colaboração, começaram a construir seus currículos de referência. E assim como em outros estados, Sergipe também já tem o próprio currículo. E a rede municipal de Aracaju contribuiu maciçamente para a elaboração do documento. Mas com o intuito de oportunizar uma participação ainda maior dos educadores da rede, a Prefeitura de Aracaju, através da Semed, definiu como uma das suas metas a criação do currículo municipal.

“A nossa rede é mais específica, tem peculiaridades e características que são próprias. E a Semed tomou a iniciativa de construir, de forma coletiva e participativa, os cadernos de currículo. Então, a nossa proposta é de que os professores da rede possam dar a sua visão ao documento que será referência para o documento principal. Estamos no segundo encontro e queremos que a partir de textos geradores – que perpassam temas como a organização do tempo-espaço, metodologias e definição de conteúdo – eles produzam textos que acrescentem o que eles enxergam como necessário em um documento curricular, afinal eles serão os responsáveis por levar esse currículo para a sala de aula”, explica a diretora do Ceafe, Gabriela Cruz.

A secretária da Educação, Maria Cecília Tavares Leite, participou da atividade. Ela lembrou o esforço que a Prefeitura tem feito para tornar o currículo de Aracaju uma realidade. “Fizemos o encontro do dia 30 de janeiro, o do dia 30 de abril, e iniciamos, no último dia 8 de maio, as oficinas para a construção dos cadernos curriculares. Então, nós estamos no segundo encontro dessas oficinas e a nossa expectativa é muito positiva, porque a gente reuniu quase 550 professores no encontro de maio e esse engajamento foi muito importante. Significa dizer que os docentes acreditam e querem participar desse trabalho e essa é a lógica. Precisamos e desejamos a ampla participação, para que os cadernos tenham legitimidade e representem, também, os anseios e os desejos dos nossos professores. Afinal de contas, são eles que irão executá-los no cotidiano das salas de aula e no projeto pedagógico da rede”, acrescentou a secretária.

Para o diretor de Educação Básica da Semed, professor Manuel Alves do Prado Neto, este é um movimento que não cessa nos encontros. De acordo com ele, os professores retornam para as suas unidades de ensino e nelas se reúnem e realizam discussões no âmbito do coletivo escolar, a partir dos textos que estão sendo colocados à disposição. A consultora Cássia Virgínia Moreira Alcântara foi responsável pelos textos ‘provocativos’, que estimularam os educadores na produção dos conteúdos. Estes textos partiram de três temas: o que é o currículo, para quem o currículo se destina e os desenhos curriculares e propostas metodológicas. Segundo Manuel, estes temas serão depurados a partir do trabalho coletivo.
  
“E é fundamental que eles se pronunciem sobre esses temas, escrevam mesmo, assim como fazem nessas oficinas. Nós temos ainda outros três grandes encontros, pois precisamos discutir as práticas avaliativas e a educação inclusiva, tanto em sentido mais amplo, como no atendimento da criança e do adolescente com deficiência. Também nessa perspectiva, a Secretaria promoverá um encontro especial. A idéia é formularmos uma série de perspectivas pedagógicas, para além do que já pensamos hoje, voltadas para a inclusão. Mas para que a gente repasse essa produção, temos de projetar um ensino absolutamente inclusivo", explicou continuado. 
 
"Finalizadas essas etapas, o documento será colocado à disposição da rede e da cidade de Aracaju numa plataforma, que inclusive já está pronta, só aguarda a finalização e consolidação dos escritos. Daremos um período para a avaliação desses professores e, talvez, de outros segmentos da cidade. Esperamos que até o final do ano possamos ter esses cadernos concluídos para planejar a edição, publicação e a disponibilização deles para as escolas da rede”, informou Manuel.

Qualidade do ensino
 

A secretária adjunta da Educação, professora Maria Antônia de Arimateia, também acompanhou os debates. Ela destacou a ligação desse momento de elaboração do currículo com o que preconizam os planos nacional, estadual e municipal da Educação. “Quando a gente tem nos planos a necessidade de melhorar a qualidade do ensino, quando a gente tem a necessidade de enfrentar a dificuldade de ‘o que ensinar',  ou ‘como fazer o aluno aprender’, a gente tem como norte a necessidade de pensar um currículo. Então, o que a gente está fazendo aqui? Nós já temos uma base comum curricular nacional, já temos um currículo estadual e agora a rede municipal de Aracaju está aqui, coletivamente nesses encontros, fazendo exatamente um pensamento a partir do que está posto como garantia do aluno aprender", destacou, dando mais detalhes.
 
"O que é que nós, nas nossas redes, nas nossas escolas, desenvolvemos enquanto currículo? O que é que a Base e o Currículo Sergipano dão? Agora nós, aqui, conjuntamente, precisamos decidir sobre como vamos chegar lá. E é isso o que estamos fazendo. E esse evento é muito importante porque não é uma ação que vem da Secretaria para baixo, é um movimento de pensar a construção coletiva com os professores da rede, com os coordenadores, diretores, sempre na perspectiva que o currículo seja nosso, da rede municipal”, garantiu.

A professora de Inglês Sônia Cristina Almeida, que atua na Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Rita de Cássia, localizada no bairro Novo Paraíso, a formação é, realmente, relevante. “Eu acho que a formação, essa hora de estudo proposta para a discussão da BNCC e da formação do currículo da rede municipal das escolas de Aracaju, bem como o contato que estamos tendo com as ideias de outros professores, é bastante positivo. Especialmente porque a Base é uma lei e lei tem que ser cumprida, mesmo que nós tenhamos certas reservas a respeito de alguns pontos", avaliou, complementando.
 
"O currículo tem que ser reflexo dessas novas diretrizes que a Base nos traz, e os professores devem contribuir, afinal, é um currículo participativo. Mas o que também devemos colocar neste cenário, é que para concretizarmos este sonho, de um currículo próprio, precisamos estruturar melhor nossas escolas. A BNCC exige do professor compromisso habilidades que têm de ser desenvolvidas, então, é essencial a contrapartida da gestão de municiar às escolas, ofertando o que ela precisa para que esse currículo torne-se realidade, não vire apenas ‘letra morta’. Mas estamos animados e esperançosos com o processo, caso contrário, não estaríamos aqui”, argumentou.