Professora da rede municipal cria jogos para ajudar alunos na aprendizagem da gramática

Educação
17/06/2019 10h54

Todos os anos, a professora Rosana Batista dos Santos via a situação se repetir: nas aulas o sobre uso da crase e dos pronomes oblíquos, os alunos travavam. A educadora, que dá aulas de Português na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Alcebíades Melo Vilas Boas, no bairro Industrial, resolveu mudar de tática. Após muita pesquisa, ela resolveu criar dois jogos – misturando cartas, desafios, quebra-cabeça, dados – para tornar mais fácil a aprendizagem dos dois temas.

“Tive a ideia de criar esses jogos porque são dois assuntos bem melindrosos e abstratos para os alunos, eles têm muita dificuldade em entender. No caso da crase, eu até busquei na internet jogos, mas só encontrava ‘quizes’ de perguntas e respostas, chatos, para adultos. Enquanto pensava na logística de como se faz o emprego da crase, acabei criando o jogo para ensinar, de uma maneira mais significativa, para que eles pudessem entender esse dispositivo”, explicou Rosana.

Segundo ela, todas as peças foram feitos por ela mesma, em casa. Além de imaginar a parte ‘concreta’ do jogo, ela definiu regras e a dinâmica para envolver os estudantes. “No caso da crase, é um jogo de cartas, mas também de quebra-cabeça que se encaixam, que é justamente a liga lógica da crase, que é um ‘a’ que se funde a outro ‘a’ de duas frases diferentes. Existem dois tipos de cartas, uma de lançamento, de propositura, que é uma carta que eu coloquei um símbolo verde, e o outro tipo, que complementa a frase que pode, ou não, ter fusão ali”, descreve.

Há também a carta de consulta, na qual a professora colou uma estrela adesiva para diferenciar das outras, que é uma carta que tem as regras para os alunos consultarem e tirarem dúvidas. A última carta é a que eles precisam ter  mais cuidado, ‘a carta desafio’, onde tem três regras. Eles lançam essa carta ao grupo adversário para que eles formem uma frase com crase baseada naquela regra. Se o grupo adversário acertar, ganha o dobro de pontos; se ‘amarelar’, como eles dizem, os pontos vão para quem propôs o desafio.

O outro jogo é sobre o uso dos pronomes oblíquos, que também é uma grande dificuldade. “Porque é uma linguagem muito articulada, refinada e eles não estão acostumados com isso no cotidiano. É outro jogo de cartas envolvendo os pronomes e a mudanças. Eles jogam os dados quando é necessário que o pronome se torne objeto, daí eles têm que buscar. Eu criei os balõezinhos com os pronomes oblíquos para substituir pelo pronome reto. É um jogo cuja lógica me inspirei no próprio assunto da língua portuguesa. E eles ganham pontos que servem para notas porque é um exercício e eles nem percebem”, comenta a professora.

Trabalho em grupo

De acordo com a professora, outro objetivo alcançado é que os alunos trabalham juntos. “Gosto de colocá-los para trabalhar em grupo, justamente para criar essa noção de cooperação, de trabalho em equipe, porque nada se faz só nessa vida. Então, quero ensinar isso para eles. Existe a competição, claro, mas também tem a ajuda que é o mais importante para conviver em sociedade”, justifica a educadora.

Para os estudantes das turmas que estão tendo contato com os assuntos através da nova metodologia, o aprendizado foi, sim, facilitado. “É um assunto que a professora fez entrar em nossas cabeças e de uma forma que a gente nem se dá conta que está estudando”, explica Jamile Santos Fontes.

Para Poliany Renata Alves dos Santos, o fato de sair da rotina ajuda no aprendizado. “Vale ponto, estamos sendo avaliados, mas é de uma forma interessante, brincando, então fica bem mais fácil”, relata.

A colega Pâmela Thaiane Ferreira Lima também elogia a iniciativa da professora Rosana. “A gente trabalha em grupo. E essa professora é maravilhosa, ela sempre tem ótimas ideias. A gente adora ela”, declara.