Escolas municipais resgatam raízes culturais nordestinas com festas juninas

Educação
19/06/2019 19h00

Para fortalecer o aprendizado dos alunos e resgatar a importância das raízes culturais nordestinas, diversas escolas da rede municipal de ensino de Aracaju realizaram, nesta quarta-feira, 19, atividades lúdicas e festivas alusivas ao tradicional ciclo junino.

Assim, em diversos bairros da capital, quadrilhas, comidas típicas e muito música alegraram pais, professores e alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental nas  escolas da rede municipal que promoveram um trabalho de resgate do autêntico festejo nordestino.

Tradicionalmente, a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Maria Clara Machado, no bairro Santos Dumont, escolhe um homenageado para a sua festa. Neste ano, a homenagem foi para o grupo de forró aracajuano Maturi.

“Durante esse mês de junho, trabalhamos com o projeto ‘Sergipe, o País do Forró’, com o qual a gente busca resgatar a cultura nordestina, o forró de raiz, para deixar nas mentes dessas crianças, desde cedo, a importância de ser sergipano, de ser nordestino. Aí, este ano, nós convidamos o grupo de forró Maturi para representar essa nossa herança cultural e o casal de dançarinos Sidney e Gabi, que também fazem parte desse resgate”, explica a diretora da Emei, Hidebora de Carvalho.

O grupo Forró Maturi surgiu em 2012, conta com quatro integrantes e toca o autêntico forró pé de serra. Um dos integrantes da banda, Lucas Nascimento, - Luquinha – acredita que iniciativas como estas resgatam os valores de uma festa tradicional.

“Além do valor cultural, que tem implantado nas crianças desde novas, na Educação Infantil, é de suma importância eventos como esse, pois vivemos imersos numa cultura de massa que a gente encontra nas rádios, TV e internet. Iniciativas assim dão a oportunidade de conhecer o que de mais tradicional existe no nosso Nordeste, porque um forró pé de serra aos olhos de uma criança pode ser uma sementinha plantada de amor à nossa cultura, ao nosso povo, aos nossos costumes. A escola está de parabéns por escolher este tema e nós nos sentimos muito honrados por estarmos aqui”, comemorou Lucas.

Os pais também aprovaram a iniciativa da escola. A dona de casa Scarlet Ticyane Santos Lima, mãe de uma aluna de 3 anos, conta que, por meio deste projeto da escola, a filha está se encantando com um mundo novo. “Para mim, a escola realizar uma festa como essa é uma iniciativa maravilhosa, pois está ajudando aos alunos desenvolverem-se ainda mais, despertando a curiosidade para outros temas. Minha filha, por exemplo, assiste muitos vídeos no YouTube, geralmente desenho animado, músicas infantis sobre letras e números, mas com o projeto da escola, ela começou a assistir vídeos de apresentações de quadrilhas, de festejos juninos e da música dessa época, então, ela está aprendendo coisas novas”, destacou.

A dupla de dançarinos Gabriela Feitosa e Sidney Guimarães também foram homenageados na festa da Emei Maria Clara Machado. “Nós dançamos forró 365 dias no ano. Forró é uma cultura, é uma festa e um movimento cultural que diz respeito à característica de um povo. Ao trazer este ritmo para uma comunidade e uma escola pública como essa, estamos investindo no futuro dessas crianças, para que elas se reconheçam como donos de uma tradição cultural linda e rica e para que tenham orgulho de repassá-la para os que virão no futuro”, disse Sidney.

A dançarina Gabriela Feitosa acredita que a escola é o primeiro local onde a criança deve ter acesso à cultura. “A cultura faz parte da nossa vida e a escola é o polo de onde deve ser emanado o conhecimento sobre tudo, inclusive sobre nossos costumes, identidade, herança cultural. E isto ser introduzido no período de formação do ser humano é fundamental”, disse.

Também no bairro Santos Dumont, a comemoração na Emef Letícia Soares de Santana levou às famílias dos alunos ao ambiente escolar. Segundo o diretor da unidade, Marcelo Siqueira, datas como esta aproximam ainda mais a comunidade. “Essa escola e a comunidade em que ela está inserida foi vítima de violência durante muito tempo. Com essas comemorações, queremos trazer os pais de volta à escola, para que eles sintam que esse espaço também é deles, tenham essa sensação de pertencimento e também ajudem a cuidar do patrimônio. Não queremos que esses pais venham apenas saber a frequência, nota e o comportamento dos filhos, e sim que participem de uma forma mais afetiva. E nossa tática está surtindo efeito, pois os pais compareceram em peso à festa de São João”, afirmou.

A professora Cristina Santana tem três filhos. A mais nova, de 9 anos, ainda estuda na Emef Letícia Soares e os mais velhos também passaram por lá durante o Ensino Fundamental. Ao longo dos anos, ela sempre fez questão de participar das comemorações na Emef. “Essa escola tem uma equipe pedagógica excelente, um ensino de qualidade e realmente se preocupam com a aprendizagem das crianças. O trabalho feito pela direção é incrível, mesmo sendo uma escola de periferia, o padrão daqui é bastante elevado. Esse São João superou minhas expectativas, a festa está linda e organizada  e isso aproxima a família da escola”, destacou.

Já na Emei Berenice Campos, no bairro Porto Dantas, as crianças da pré-escola também comemoraram os festejos juninos. Com idades entre 1 e 3 anos, os alunos participaram de desfile de rei e rainha do milho ao som de muito forró. “O São João é uma data que está no calendário pedagógico da escola mas, este ano, para nós, está sendo diferenciado porque é o primeiro em que a escola atende apenas alunos com idade de creche. Há um mês, a gente já vem trabalhando o tema junino com eles. Com o ‘São João’, conseguimos trabalhar muita coisa, como cores, ritmos, comidas e também a coordenação motora dos bebês”, explica a diretora da Emei, Raquel dos Santos.

Comemorações na Zona Sul

No bairro Santa Maria, os mais de mil alunos matriculados na Emef professor Laonte Gama da Silva participaram das comemorações ao São João que, neste ano, homenageou Luis Gonzaga. Divididos por turnos, os estudantes dançaram quadrilha, participaram de encenação de casamento caipira e se deliciaram com comidas típicas.

“Neste ano, quisemos resgatar essa cultura nordestina de raiz, que é tão forte. Desenvolvemos este projeto durante todo o ano e hoje realizamos a culminância. No turno da noite, também estamos homenageando o forrozeiro Erivaldo de Carira, sergipano, trazendo a prata da casa. Apesar da complexidade em fazer uma festa como essa em uma escola tão grande, fazemos com muito carinho, dedicação e cuidado para que todas as turmas participem”, frisou a diretora da Emef, Isabel Cristina Santana Campos.

Também no Santa Maria, a Emei João Batista Douglas de Souza realizou a culminância do projeto junino com o tema “São João, acende a fogueira do meu coração”. “Seguindo as normas da Base Nacional Comum Curricular, fizemos tudo muito lúdico, temático, com brincadeiras e jogos, resgatando a festa junina de antigamente, que tinha pescaria, jogo de argola. Os pais sempre participam dos nossos projetos e hoje não foi diferente, estão aqui cantando, dançando e ainda serão sorteados balaios juninos para eles”, conta a coordenadora pedagógica da Emei, Cristiane Passos.

Na Emef José Conrado de Araújo, no bairro São Conrado, a comunidade participou em peso da preparação da festa, que teve como tema ‘alegria’ e foi uma atividade inclusiva. “Professores, alunos e pais, todos se uniram para colaborar com a nossa festa, que trouxe esse espírito junino, que é um espírito de alegria. Queremos mostrar aos nossos alunos que, mesmo diante das dificuldades, diante das barreiras que se impõem, a alegria deve imperar. E um exemplo disso são os nossos alunos cadeirantes, que estão aqui participando com a gente, e se divertindo da mesma forma. Equipe junta cresce junta e, dessa forma, levaremos nossa educação municipal ao topo”, salientou a diretora Carla Christina Gonçalves.