Escola municipal eleva rendimento escolar de alunas com projeto de expressão corporal e aulas de balé

Educação
09/07/2019 16h42

Na ponta dos pés, elas buscam o equilíbrio. Movimentos sincronizados e delicados, ouvidos atentos às instruções da professora e expressões que demonstram esforço, concentração e a realização de fazer o que ama. Cerca de 25 alunas da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Conrado de Araújo, no bairro São Conrado, se reúnem uma vez por semana para aulas de balé, ideia que surgiu a partir do projeto de expressão corporal da professora de Educação Física Edisangela Fonseca Alves e que, prontamente, foi acolhido pelas estudantes e suas famílias.

Segundo Edisangela, a ideia inicial era criar um projeto de expressão corporal em que se trabalhasse a dança no geral, no entanto, após os primeiros movimentos aprendidos de balé, tanto as alunas quanto as famílias se identificaram com o estilo. “Eu trabalho com a parte básica da dança clássica, para ter mais expressão corporal, porém, o balé foi incorporado porque eu acredito que era sonho das mães e de muitas meninas daqui. Inclusive era o meu sonho também. Agora, mesmo que a gente trabalhe outro tipo de dança, incorporamos posições do balé, como na nossa festa junina, em que a coreografia da apresentação tinha mais passos de balé que de quadrilha”, afirma a professora.

O projeto iniciou em abril de 2018 e, um ano depois, a busca por vagas continua grande. Com aproximadamente duas horas de aula por semana, sempre às sextas-feiras, as participantes do projeto se apresentam nas festas promovidas pela escola, como Natal e São João. “Desde pequena eu já gostava de balé, já sabia escalar, fazer algumas posições e agora aqui nas aulas estou aprendendo mais. Eu gosto tanto de dança que à noite, quando estou sem sono, fico dançando em casa, sozinha”, conta a estudante Roberta de Sena Souza, de 7 anos.

Para aliar as aulas de balé ao projeto pedagógico desenvolvido nas salas de aula, os professores trabalham em parceria. “Sempre advertimos que a continuação delas nas aulas de dança vai depender do rendimento na sala de aula. Então, algumas já melhoraram o comportamento, outras melhoraram as notas. Elas querem ser vistas como exemplo não só por estarem no balé, mas também por se destacarem dentro da sala de aula”, completa a professora Edisangela.  

A ideia de o projeto de expressão corporal ter como base as aulas de balé foi prontamente abraçada pela direção da Emef José Conrado de Araújo. A diretora da unidade, Carla Christina Gonçalves, ex-bailarina, reconhece a importância da prática. “O balé faz um trabalho de preparação no nosso corpo para muitas outras atividades corporais e eu vi isso em mim, pela coordenação motora, o equilíbrio, ou seja, o balé traz benefícios para a vida inteira. Então, quando eu vi a empolgação das mães e das crianças, eu resolvi abraçar totalmente a ideia. A dança é algo fantástico, além de ser um trabalho corporal excelente, é um trabalho também para a alma”, afirma a diretora.

Ainda segundo a diretora Carla, o projeto aproximou as famílias da escola. “Devido à falta de tempo, muitas vezes, as famílias se distanciam da vida escolar do aluno, mas quando tem algo que elas se interessam, dão um jeito. Com o projeto, as mães não apenas se aproximaram mais, como também se tornaram parceiras. Elas se juntam, confeccionam as roupas das meninas, cobram as aulas, vêm para as apresentações. Isso mostra o respeito que elas têm pelo projeto e que confiam e acreditam no trabalho feito pela escola. É o melhor de tudo porque quando há confiança há respeito”, finaliza a gestora escolar.