Escola municipal cria projeto que estimula alunos a conviverem com a diversidade

Educação
31/07/2019 14h24

Saber mais sobre si mesmo, bem como sobre as pessoas com as quais convive e os locais onde estuda e mora. Buscar essas informações foi a tarefa principal dada aos alunos que participaram das duas primeiras etapas do projeto ‘Paz e Diversidade’, desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professora Maria Carlota de Melo, localizado no Povoado São José, zona de expansão de Aracaju. A iniciativa foi pensada pela professora Genelúcia Cruz Santana, após observar conflitos constantes entre os alunos.

“Eu vi que eles discutiam e se ofendiam usando, por exemplo, a cor da pele como xingamento”, explicou a professora. Para ela, apenas proibir o comportamento não corrigiria o problema. “Foi quando eu pensei em uma ação maior, que incentivasse o autoconhecimento, além estimulá-los a conhecer os outros”, descreveu. Na primeira etapa do projeto, as crianças tinham que se olhar no espelho e descobrir quais características físicas eram herdadas da família. “Eles perceberam que os traços são de família, herdados de quem eles amam. Que isso tem valor”, apontou a educadora.

Na segunda etapa, o objetivo foi conhecer os outros. “As crianças fizeram entrevistas com os funcionários que atuam na escola e descobriram um pouco mais sobre eles. Até eu passei a conhecer melhor os meus colegas”, disse Genelúcia. Esse olhar incluiu, também, descobrir a história da escola e do bairro. “Saber quem foi a professora Maria Carlota de Melo, o que ela fez, o motivo dela ser a nossa patronesse foi muito interessante. Mas o que mais chamou a atenção deles foi descobrir a história da localidade onde moram”, afirmou.

Para isso, a escola convidou vários idosos que vivem no povoado há décadas e que testemunharam a transformação do local. “Foi uma conversa fantástica. Os moradores falaram sobre a dificuldade que enfrentaram para estudar na infância, falaram como a inauguração da escola, no final da década de 80 do século passado, trouxe benefício para a comunidade, pois com ela veio a água encanada, a energia elétrica, o saneamento básico e infraestrutura. Eles mostraram que mesmo estando em outra fase da vida, possuem muita coisa em comum com os alunos”, destacou a educadora.

A diretora da escola, professora Elaine Mara Oliveira dos Anjos, está entusiasmada com o projeto. Para ela, atividades criativas devem ser encorajadas. “Hoje, o desafio da escola é envolver os alunos para que eles se interessem e façam parte do aprendizado. E este projeto traz muito isso, porque quando os alunos estão aqui, junto com as mães, pais, tios, avós, vizinhos, ficam mais animados e interessados. E um dos atributos do nosso trabalho, como equipe gestora, é identificar, apoiar e estimular ações dessa natureza. E torcemos para que a ideia se espalhe”, torceu.

Resultados

Aos poucos, a iniciativa já está mudando o clima na escola. É o que garante a professora Genelúcia. “Neste São João percebi que a Rainha do Milho não foi escolhida porque o cabelo ou a cor da pele é de uma certa textura ou tom, mas por outras qualidades, como simpatia e desenvoltura. Vejo que eles estão compreendendo e trazendo para a própria realidade a mensagem de que é possível viver em paz, respeitando as diferenças, de idade, de raça, posição social, gênero, religião, enfim, tudo. E lembrando que essa paz não é a ausência de conflitos, mas a garantia do diálogo para superá-los e que a diversidade deve ser respeitada”, concluiu a professora Genelúcia. O projeto será retomado no segundo semestre, quando os alunos aprenderão sobre a formação étnica e cultural do povo brasileiro.