Professor da rede municipal utiliza garrafas PET para ensinar ciências

Educação
08/08/2019 16h29

Como transformar conceitos da Biologia, da Física e da Química em experiências concretas que facilitam o aprendizado de conteúdos muitas vezes complexos? Para o professor de Ciências José Hamilton Santana a saída estava em criar um ‘laboratório’ que possibilitasse a realização de atividades práticas com os alunos. E foi exatamente isso que ele fez na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Conrado de Araújo, localizada no bairro São Conrado. Há três anos o educador desenvolve um projeto, o ‘Laboratório PET’, que une experimentação científica com reciclagem de garrafas plásticas.

“Eu dou aulas na rede pública, à noite, para alunos da Educação de Jovens e Adultos – EJA. Muitos chegam à sala de aula exaustos, após trabalhar o dia inteiro. Além disso, esta é uma modalidade que atende pessoas que estão voltando a estudar, por isso o desafio para encontrar metodologias que prendam a atenção e facilitem a aprendizagem”, descreveu o professor. Para baratear as experiências, o professor Hamilton adaptou todas as atividades para que fossem usados garrafas PET. “Também tínhamos a vontade de despertar nos educandos a necessidade de reaproveitar essas embalagens, evitando, assim, mais poluição do meio ambiente”, explicou.

E deu muito certo. Utilizando as garrafas, barbantes, moedas, cola, fita adesiva, tábuas, água e até lixo orgânico, os alunos puderam realizar uma série de práticas. Durante este semestre, eles fizeram um modelo de sistema respiratório e criaram um ‘coração PET’. Para entender a diferença entre um eclipse solar e um lunar, as garrafas foram usadas junto com bolas de isopor, tinta e uma lanterna. Um recipiente de cinco litros virou vaso para compostagem e mostrou como produzir adubo a partir do lixo orgânico (mais uma atividade com preocupação ambiental). E foi possível criar até um foguete, com água e um compressor de ar, que aproximou a compreensão sobre força e velocidade.

A coordenadora pedagógica da unidade, professora Maria Ivanilde Menezes, explicou que a escola apoia a iniciativa do educador. “Este é um projeto muito interessante, pois associa a reciclagem – e o lixo é um enorme problema ambiental – a uma prática de ensino das ciências. Infelizmente, nossas escolas ainda não têm laboratório, mas ele consegue transformar a sala de aula num espaço de experimentações. E a EJA, mais do que as outras modalidades, carece de projetos de ensino e aprendizagem significativos que liguem os conceitos abstratos a realidade do aluno”, avaliou.

E o aluno Arles Rodrigues, 19 anos, tem opinião similar sobre os aspectos positivos da metodologia utilizada pelo professor Hamilton. “Para mim é muito mais fácil aprender usando esse método. Muitas coisas que eu tinha visto, no passado, e não entendia, fui realmente aprender sobre elas nessas aulas. É uma aula que deixa você mais animado, com gosto por estudar”, afirmou.