Prefeitura de Aracaju realiza 2° Sarau Expressão de Rua

Agência Aracaju de Notícias
19/08/2019 17h31

A Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social, realizou na tarde nesta segunda-feira, 19, na Praça Camerino, a segunda edição do “Sarau Expressão de rua”, evento que marca o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua. Na oportunidade, usuários e trabalhadores dos serviços disponibilizados pela administração municipal, ligados a esses cidadãos, puderam aproveitar apresentações musicais e participar de oficinas, com o objetivo de relembrar os desafios enfrentados e celebrar o resgate da cidadania. 

A data faz alusão ao “Massacre da Sé”, quando sete pessoas em situação de rua foram assassinadas na região central de São Paulo, em uma das demonstrações mais cruéis de desrespeito aos direitos desta população. Para que não se esqueça do ocorrido há 15 anos, buscando evitar que se repita, é que o sarau é realizado.  

Ele é prova do compromisso contínuo da administração municipal junto às pessoas expostas à vulnerabilidade social. “Na verdade, é o coroamento de um conjunto de ações realizadas pela Assistência Social, na busca por efetivamente restaurar a cidadania dessas pessoas. Nós buscamos, enquanto poder público, ajudar nesta luta que elas enfrentam, dando os subsídios necessários, mais diretamente pelo Centro Pop, mas também, por meio de eventos como esse, que os garante visibilidade e acesso à arte”, explica o secretário da Assistência Social, Antônio Bittencourt. 

A realização conta com a ajuda de todos os envolvidos na luta em favor das pessoas em situação de rua na capital, de forma sensível ao que a data representa e à configuração específica dos usuários no município. “Esse é um evento organizado com a participação efetiva dos nossos usuários, na busca por trazer a este espaço a mensagem do quanto é importante garantir a cidadania desta população, por meio da educação e da arte. Ele ganha mais importância ainda quando levamos em consideração que acontece na Praça Camerino, que é um referencial geográfica e cultural para essas pessoas, um símbolo de resistência. É a prova que a Prefeitura de Aracaju está atenta, atuando para garantir o melhor serviço”, ressalta o coordenador do Centro Pop, Edilberto Souza 

A articulação com outras esferas do poder público possibilita uma análise aprofundada das demandas, assim como  possíveis iniciativas que promovam formas eficazes e humanizadas para lidar com questões complexas. “Junto com a Prefeitura fazemos uma imersão dentro dos problemas das pessoas em situação de rua, para enfrentá-los. A soma de esforços é fundamental para garantir os direitos e buscar mecanismos para melhorar a vida de quem está submetido a uma extrema vulnerabilidade”, entende o defensor público, Sérgio Barreto.

Celebração e autoestima 

A programação foi diversificada. O educador físico Peu Machado, voluntário do projeto “Olhares”, realizado no Centro Pop, abriu o evento com uma aula de dança, fazendo todo mundo se movimentar, deixando o público animado para as outras atrações. “É uma forma de levar alegria a essas pessoas que já sofrem tanto. Se todo mundo dar um pouco de si, aquilo que sabe fazer, ou mesmo um abraço, um carinho, já ajuda muito a recuperar a autoestima delas”, afirma. 

Em seguida, a apresentação do “Batucaps”, grupo percussivo criado pelo professor Alan Moncorvo, composto por pessoas em situação de rua. “Fazemos um trabalho de redução de danos, de terapia ocupacional, há seis anos. Mostrando que através da arte, especialmente da música, é possível quebrar ideias equivocadas e a invisibilidade. Nas ruas há artistas, militantes, pessoas de bem, mostrar isso é nossa contribuição”, explica Alan.  

Ainda contribuíram para celebração do dia o projeto “Aracaju Alfabetiza”, o médico e cantor Ednei Vasconcelos, membro do “Consultório na Rua”, e o cantor Hot Black. A mensagem de resistência e solidariedade presente em todas as apresentações causou comoção e felicidade, a certeza de que há ainda muita gente preocupada em criar uma cidade menos desigual, mas humana.  

Geovânia Nogueira, 52 anos, é um exemplo de como esse cuidado é importante. Frequentando há um ano e seis meses a rede de atenção psicossocial da Prefeitura, sua vida foi transformada. “Eu estou recuperada através da arte, foi o que me salvou. Depois de décadas abusando das drogas, cheguei ao Caps AD Primavera, consegui vencer o vício. Aconteceu por conta da minha participação no teatro, na música.  Para os usuários esse evento é muito importante, mostra que somos pessoas como todo mundo, também merecemos comemorar.”, avalia.