Prefeitura forma cuidadores da Educação Especial para garantir inclusão nas escolas municipais

Educação
22/08/2019 15h01

“Uma criança especial necessita do nosso apoio para se engajar, para se incluir na sala de aula junto aos colegas. A partir disso, futuramente, ela conseguirá ter um caminho diferente porque teve essa inclusão na infância e isso muda todo o seu percurso no futuro”. É o que afirma a cuidadora da Educação Especial Alaine Vieira dos Santos, ao destacar que o seu trabalho faz toda a diferença na vida social e escolar dos estudantes. Alaine foi uma das 120 profissionais capacitadas a partir do curso de formação ofertado pela Prefeitura de Aracaju, cujas aulas foram encerradas nesta quinta-feira, 22. 

Durante duas semanas, os cuidadores que atuam nas escolas municipais, acompanhando alunos especiais, participaram de diversos debates, palestras e vivências, que auxiliarão no trabalho diário nas unidades de ensino. A formação foi promovida pela Coordenadoria de Educação Especial da Secretaria Municipal da Educação (Coesp/Semed). “É algo que a Educação tem acertado muito porque, lá nos primórdios, a criança especial era marginalizada, e hoje temos um olhar diferenciado para elas. Achei a formação muito válida, pois conhecimento modifica comportamento”, complementa a cuidadora Ailane, que é uma das profissionais recém-contratadas e que acompanha dois alunos – um autista e outro com paralisia cerebral – na Emei José Garcez Vieira. 

Nos encontros, foram abordados temas como atribuições do cuidador, saúde mental, autonomia e funcionalidade dos alunos especiais, mediação de conflitos, comunicação não violenta, primeiros socorros e também apresentação e discussão de casos. O cuidador Jenisson Santos Estevão, que trabalha na Emei Áurea Melo Zamor, participou pela segunda vez de uma formação oferecida pela Semed e garante que o conhecimento adquirido faz diferença. “Muitas crianças não iam à escola por causa de suas condições e hoje isso já é possível. O trabalho do cuidador é muito bonito, muito importante, inclusive para superar o preconceito. Eu aproveitei muito esta formação, porque toda orientação que recebemos é muito bem-vinda”, garante. 

Manuela Rosa Travassos é cuidadora da Educação Infantil. A creche em que ela trabalha, a Emei Benjamin Alves de Carvalho, receberá a matrícula de um aluno com microcefalia e, diante disso, ela considerou importante a participação na formação. “Pudemos entender a importância que o cuidador tem na vida dessas crianças. Esse curso é importante não somente para o nosso trabalho, mas para a vida. Pois no nosso dia a dia encontramos pessoas autistas, com deficiência visual e precisamos saber lidar com elas. Durante o curso, pude ver também como o Brasil está avançando em relação à saúde mental, pois não se isola mais essas pessoas e é muito bom fazer parte disso”, revela. 

Atualmente, a rede municipal de ensino de Aracaju possui cerca de 600 alunos com necessidades especiais matriculados. Entre os diagnósticos, se apresentam deficiência intelectual, transtorno do espectro autismo, deficiências auditiva e visual, entre outros. Esta foi a terceira formação ofertada pela Semed, para os cuidadores da Educação Especial, durante a atual gestão. A coordenadora da Coesp, Thaísa Aragão, avalia positivamente o andamento da capacitação.

“Partindo do princípio de que Aracaju é uma cidade humana, a gente entende que, se trabalhar pela Educação Inclusiva já é investir na humanização do ensino, então, qualificar estes profissionais torna as relações ainda mais humanas e a inclusão, de fato, acontece. A inclusão é um processo que se realiza diariamente nas pequenas ações, por isso, essas reciclagens não podem parar. Desta vez, tivemos uma inovação que foi a apresentação de casos pelos próprios cuidadores, que levaram as situações enfrentadas no dia a dia, seus impasses e também suas soluções”, avalia.

Para a realização desta formação, a Semed contou com o apoio de alguns parceiros, como a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “A profissão de cuidador na educação inclusiva ainda não é reconhecida pelo Catálogo Brasileiro de Ocupações (CBO), no entanto, é incrível escutar a experiência deles. Eles dão prova de que tem um processo de inclusão acontecendo na rede municipal de ensino de Aracaju”, finaliza Thaísa.