Prefeitura promove debates sobre prevenção do suicídio nos Cras de Aracaju

Assistência Social e Cidadania
12/09/2019 15h33

Em alusão à campanha Setembro Amarelo, de prevenção do suicídio, a Prefeitura de Aracaju tem realizado, desde o início deste mês, rodas de conversas para discutir o tema com grupos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) da capital sergipana.

Desenvolvidas pela Secretaria Municipal da Assistência Social, em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), essas atividades têm como público-alvo desde crianças até idosos, e objetivam estimular o diálogo e esclarecer dúvidas relacionadas ao suicídio. De acordo com os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na segunda-feira (9), o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo, atrás apenas de acidentes de trânsito.

“Sabemos que falar sobre suicídio é um tabu na nossa sociedade. Aderimos a campanha porque setembro é o mês que preconiza a valorização da vida. É importante tratar sobre temas difíceis com os nossos usuários, pois muitos deles já passaram ou passam por essa situação. Já tivemos adolescentes que tentaram contra a própria vida e isso só não foi possível graças ao apoio da família e ao acolhimento recebido pelo Cras. A palavra prevenção já diz tudo: prevenir antes que o ato aconteça. É somente através do diálogo que conseguimos dar voz a essas pessoas e ajudá-las de alguma maneira. Esse problema não é só da minha ou da sua responsabilidade, é de todos nós”, explica a psicóloga do Cras Porto Dantas Aldiléia Lemos.

Durante essas rodas de conversas, os voluntários do CVV ajudam usuários dos Cras a identificar os possíveis sintomas do suicídio e a discutir o tema com seus familiares. “Recebemos o convite dos Cras e estamos apresentando o nosso trabalho e o nosso papel na sociedade. Abordamos assuntos como prevenção do suicídio, causas que levam a pessoa a tentar o ato, como lidar com alguém em processo de depressão e formas de ajudar esse indivíduo. Aqui, apresentamos ferramentas para que trabalhem com si próprios e outras pessoas que estejam sofrendo desse mal”, explica o coordenador do Centro de Valorização da Vida, Savil Vaez.

Aos 17 anos, Maria Anália de Jesus, hoje com 66 anos de idade, teve depressão pós-parto no nascimento de sua primeira filha e pensou em tirar a própria vida. Atualmente, ela viu a história se repetir com seu neto, de 17 anos, que pensou em cometer suicídio após o término de relacionamento com a namorada. Para ela, discussões sobre o tema são importantes porque, além de obter conhecimento, a convivência com outros usuários do Cras a ajudam na prevenção.

"Sempre faço parte das atividades ofertadas pelo Cras. Essa de prevenção do suicídio faz com que lembremos que, nós, idosos, também não estamos livres desse mal. Entendo que esse debate, além de tratar sobre o tema, também é uma forma de prevenção porque interagimos com outras pessoas e nos sentimos à vontade para falar sobre o assunto. Já passei por situações delicadas e aqui eu aprendi que não devemos menosprezar o sofrimento do outro, não devemos sofrer sozinhos e sempre procurar por ajuda", contou Maria Anália.

Apoio Emocional

O CVV é uma organização não governamental (ONG), criada em 1962 no estado de São Paulo, que oferece serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio em todo o país, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. O serviço voluntário chegou à capital sergipana em 2007 e, atualmente, atende das 6h às 2h, diariamente, inclusive aos domingos e feriados, pelo telefone 188.