Escola de artes Valdice Teles retoma aulas após reformulação física e conceitual

Agência Aracaju de Notícias
14/10/2019 08h00

Equipamento da Prefeitura de Aracaju gerido pela pela Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju), a Escola de Artes Valdice Teles retomou as aulas no início desse mês totalmente repaginada externa e internamente. A unidade, além de ter passado por uma reforma física, ampliou o número de cursos, a forma de inscrição, os critérios de seleção e, com tudo isso, o diálogo artístico com a sociedade.
 
Segundo Cássio Murilo, presidente da Funcaju, a partir do Planejamento Estratégico da administração municipal, a entidade realizou um levantamento de todas as unidades e identificou que a Escola, apesar de toda a história que tem, precisava de uma repaginada física e também de concepção. 
 
“Agora, temos um planejamento estratégico na própria unidade, um projeto político pedagógico para formação, sem concorrer com outras iniciativas”, afirma Cássio, ao destacar que o objetivo da reformulação foi ampliar as diversas linguagens artísticas que dialogam com a contemporaneidade.
 
“Para isso, aumentamos o número de cursos, que, agora, vão desde inicialização musical até os cursos mais complexos, como escrita criativa, acordeon, operação de aparelhos”, revela Cássio Murilo.  Nesse processo, a Escola também passou por uma extensão e teve um polo implantado no bairro Soledade e outro no 17 de Março. 
 
Esses polos foram instalados nos Centros de Esporte Unificados (CEUs), onde ocorrem oficina de fotografia com celular, palhaçaria, MC, DJ, maracatu e samba reggae. “Essa extensão é uma preocupação da gestão com algo que traga a juventude para dialogar com a comunidade”, justifica o presidente da Funcaju.
 
A ideia, segundo Cássio, é democratizar o acesso à produção artística. “Porque essa é uma das peças da ocupação cultural da cidade, ao mesmo tempo em que a gente foca na formação”, argumenta. 
 
Everson Vieira, coordenador da Valdice Teles, explica que essas mudanças começaram ainda em abril e que, de lá para cá, 13 cursos foram integrados à grade, totalizando, hoje, 43 tipos de capacitação. Para além disso, segundo Everson, o próprio processo seletivo foi inovado esse ano.
 
“Foi a primeira vez que a escola lançou um edital para as inscrições, que deixaram de ser por ordem de chegada e tiveram outros critérios, como o grau de interesse com o curso, por exemplo. Porque estávamos tendo um nível alto de evasão”, ressalta o coordenador. 
 
Agora, além de se inscrever pelo site, o interessado passa por uma entrevista com um professor da escola. “Além de nos dar uma real noção do interesse dele, também sabemos se conhece conceitos básicos, como timbre e ritmo”, esclarece Everson. 
 
Ele revela que quase 2 mil pessoas se inscreveram para os cursos, dos quais 700 já foram matriculadas. “Mas ainda há as vagas excedentes”, destaca. A Escola conta com 23 profissionais e oferta cursos de violão, violino, violoncelo, improvisação, uculelê, gaita, acordeon, escrita, escrita criativa, artes visuais, teatro, dança em várias modalidades, dentre outros. 
 
A escritora Taylane Cruz estreou neste ano como professora da Valdice Teles. Ela está ministrando o novo curso de escrita criativa e se diz “feliz e honrada por estar inaugurando o curso”. Segundo Taylane, a capacitação voltada para a escrita é uma inovação. “Aqui a gente não tinha um curso desse, então, é uma oportunidade para quem gosta de escrever, para quem gosta de usar a escrita em seu processo criativo de diversas áreas”, ressalta.
 
Letícia Oliveira, 16 anos, é aluna antiga da Valdice Teles. Ela já fez musicalização infantil, balé, dança moderna e teatro e, agora, decidiu fazer o curso de escrita criativa. “Quando saiu o edital, vi que havia matérias novas e, como sempre gostei muito de ler e escrever, achei que seria uma oportunidade interessante, além de poder voltar à Escola”, conta Letícia. “Acho que esse curso vai me ajudar tanto para debater ideias quanto para passar elas para o papel, em todas as fases da vida”, acrescenta.
 
Kelton Carvalho Andrade, 20 anos, está tendo aulas de violino, instrumento que, segundo ele, sempre quis tocar. “Eu sempre quis, então, quando soube da oportunidade, de um curso gratuito, resolvi fazer. Estou gostando muito. Nas primeiras aulas, já gostei do instrumento”, diz Kelton.
 
Para ele, tem sido uma experiência enriquecedora, importante para qualquer pessoa que deseje desenvolver uma habilidade musical. De fato, a Escola é voltada para a formação artística básica, mas, segundo Everson Vieira, tem atraído profissionais do cenário sergipano, como Sena, Bob Lelis, Samba do Arnesto e Samba de Moça Só.  
 
Isso mostra que a Valdice Teles é, de fato, uma referência no cenário artístico aracajuano, o que, para Everson, é reflexo de uma vocação da atual administração de trabalhar com as artes e com a cultura. “Muitas vezes, a arte é vista apenas como entretenimento, mas não é só. Ela tem um papel de trabalhar a formação do ser humano, seja ela estética, ideológica ou humana”, analisa o coordenador da Escola.