No bairro Coroa do Meio, escola municipal proporciona aulas de maracatu aos alunos

Educação
14/11/2019 12h05

O conhecimento e a valorização da cultura é parte fundamental do processo de ensino-aprendizagem e as escolas municipais partem deste princípio no desenvolvimento de seus projetos. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Juscelino Kubitschek, no bairro Coroa do Meio, a partir da parceria com o grupo cultural Asè D’Ori, os estudantes receberão oficinas de maracatu, uma manifestação do folclore brasileiro que inclui música percussiva e dança, originária do estado de Pernambuco.

As oficinas ofertadas serão de rítmica, história e cultura do maracatu e também de instrumentos, como a alfaia, a caixa (tarol), o gongê, o agbê e o atabaque (timbal). Estas oficinas serão voltadas para todas as faixas etárias e também para os moradores da comunidade em que a escola está inserida. A previsão é que as atividades iniciem no próximo dia 23 de novembro. Diretor da Emef JK, José Ítalo Augusto Sobreira conta que a parceria com o grupo cultural surgiu a partir de uma coincidência.

“Fui a uma escola do Estado em que já trabalhei e encontrei um rapaz com o nome do grupo na camisa. Conversando com ele, me contou sobre o projeto que desenvolve na escola Santos Dumont, na Atalaia, e me convidou para conhecer. Primeiramente fui sozinho e depois acompanhado de um grupo de alunos e professores do JK. Os estudantes adoraram e decidimos firmar esta parceria e trazer as oficinas aqui para a Emef também”, conta o diretor José Ítalo.

O Grupo Cultural Maracatu Asè D’Orí realiza, desde 2014, diversas oficinas ligadas à cultura popular e arte para a comunidade dos bairros Aeroporto, 17 de Março, Santa Maria, Coroa do Meio e comunidades adjacentes; e é considerado o primeiro grupo de Maracatu de Baque Virado do Estado de Sergipe.

“Tudo que possa agregar conhecimento, principalmente na área da cultura, e  ainda mais com esse enfoque afrobrasileiro, é totalmente válido, pois valoriza as nossas origens. Quando você valoriza a cultura afro, você, de certa forma, valoriza a cultura dos alunos, pois eles se reconhecem enquanto pessoas. Nosso país é uma grande mistura de raças e é importante que a gente tenha bem claro que nós somos a nossa história e para entender quem somos é preciso conhecer todas as manifestações de arte em geral. Além da questão cultural e desenvolver a questão rítmica e musical nos alunos,  também será trabalhada a questão ambiental, com base nos 5 Rs (Reduzir, Reciclar, Reutilizar, Recuperar e Reintegrar), pois instrumentos serão confeccionados a partir de carteiras danificadas e são os próprios alunos que farão isso”, complementa o diretor José Ítalo.

Asè D’Ori
O Grupo Cultural Maracatu Asè D’Ori trabalha com o maracatu da nação denominada ‘Baque Virado’. Os primeiros trabalhos do grupo foram realizados em 2011 com oficinas na Orla da Atalaia. O nome do grupo significa ‘energia da cabeça’, na língua yorubá.

“Em 2014 oficializamos o grupo e em 2017 começamos a fazer oficinas recorrentes. Primeiro, na escola Santos Dumont, com a parceria do grupo Asè Kizomba e também com oficinas em outros locais da cidade. Quando conhecemos o professor Ítalo, pensamos na possibilidade de irmos para outra escola. O interessante é que nesse trabalho em colégios, conseguimos configurar um modelo de oficina de baixo custo e com uma logística que conseguimos realizar as atividades em duas escolas diferentes”, explica o diretor do Asè D’Ori, Bigato Pereira.

Entre as oficinas, estão atividades voltadas somente para mulheres, somente para crianças e também as que atendem o público em geral. As oficinas são gratuitas e acontecerão aos sábados à tarde. Na última quarta-feira, (13), o grupo realizou uma apresentação para os alunos do turno noturno da Emef Juscelino Kubitschek com o objetivo de apresentar o ritmo aos estudantes e convidá-los para participar das oficinas.

 “O Maracatu do Baque Virado é originários dos quilombos de Pernambuco, nasceu dentro dos terreiros e daí foi para as ruas. A gente quer ensinar essa cultura, essa tradição, formando novos batuqueiros. A escola é o melhor lugar para se fazer esse trabalho de base, pois nessa idade, os alunos estão bastante receptivos e nós trazemos algo que a grande mídia não mostra, que é a cultura raiz. Dessa forma, os jovens podem descobrir uma nova paixão e despertar o desejo em fazer parte do grupo de elite”, afirma um dos integrantes do Asè D’Ori, Marcos Elias da Silva, conhecido como Jeca do Brejo.

A estudante Helena Maria Santos Bonfim, do 9° ano, conheceu o maracatu durante a apresentação na escola e gostou do que viu. “Acho bastante divertido e interessante, me incentivou a participar das oficinas. Estamos em um momento em que as pessoas estão buscando valorizar mais as suas origens e isso é muito importante porque o racismo está muito grande. Achei muito bacana a iniciativa de trazer essas oficinas aqui pra escola”, revela a estudante.