Escolas municipais celebram dia da Consciência Negra com atividades que valorizam a cultura

Educação
20/11/2019 15h15

A educação para a cidadania é um dos papeis fundamentais desenvolvidos nas escolas da rede municipal de ensino, mantidas pela Prefeitura de Aracaju. O respeito às diferenças é um dos paradigmas mais trabalhados e, a cada dia, avanços são perceptíveis tanto na forma em que os professores tratam o tema, quanto na forma em que os estudantes absorvem esses ensinamentos. Nesta quarta-feira, 20, Dia da Consciência Negra, grande parte das escolas municipais se mobilizaram para celebrar a data e a diversidade existente nas comunidades escolares.

Todas as 44 Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) apresentaram projetos referente à data e realizaram durante toda a semana atividades alusivas à Consciência Negra, culminando seus projetos nesta quarta-feira. Cada unidade, a seu modo, desenvolveu atividades que valorizam a cultura africana, a identidade negra, a autoestima e a autoaceitação.

Foram desfiles de beleza negra, exposição de brinquedos, literatura e culinária africana, rodas de capoeira, apresentações artísticas, oficinas de turbante, entre outras atividades que movimentaram as escolas durante todo o dia. Para a secretária municipal da Educação, Maria Cecília Leite, esta é uma data que merece todo o empenho para ser celebrada.

“O respeito às diferenças precisa ser ensinado desde cedo, por isso, nós da Semed, estamos vibrando neste dia em que estamos vendo tantas escolas mobilizadas para valorizar nossas origens. Ao ver os professores e estudantes envolvidos em atividades que promovem a autoestima, o orgulho das origens e, principalmente, o respeito, somos preenchidos por uma sensação de gratidão, pois vemos que o trabalho desenvolvido tem dado resultado. No entanto, ainda há muito o que fazer”, destaca a secretária Maria Cecília.

Mesmo o dia sendo importante para ser comemorado, nem sempre foi assim. Em 2017, apenas cinco escolas municipais apresentaram projetos relacionados à Consciência Negra. Devido ao trabalho realizado pela Secretaria Municipal da Educação (Semed), por meio da Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped), em 2019 esse número aumentou expressivamente.

“De cinco planejamentos ou cronogramas que recebemos em 2017, nós pulamos para 50 em 2019, em dois anos, são dez vezes mais. Isso comprova que as escolas estão muito mais sensíveis e abertas para essas questões, quanto também que o trabalho feito pela Semed através da Coped foi assertivo e deu resultados ainda mais expressivos do que esperávamos”, destaca a coordenadora da Coped, Maíra Ielena Nascimento,

As ações desenvolvidos pela Semed foram fundamentais para este despertar. Iniciando pelo projeto Lápis de Cor, desenvolvido nas escolas entre 2017 e 2018, foi possível obter um diagnóstico da rede em relação à realidade das escolas diante do racismo: apenas 20 unidades reconheciam que este era um preconceito recorrente no ambiente escolar.

“Depois deste diagnóstico feito, iniciamos um plano de intervenção, diretamente com os estudantes, através de projetos como Benguela e Pega a Visão, como também com os docentes, através da formação Ilé-Iwé. Nosso grande desafio é fazer com que as escolas percebam que esse enfrentamento pode ser feito durante todo o ano letivo, não somente no mês de novembro’, completa Maíra Ielena.

Atividades
A Orquestra de Atabaques de Sergipe realizou uma apresentação especial para os estudantes da Emef Jornalista Orlando Dantas, localizada no bairro Olaria. A unidade está trabalhando desde o início da semana o projeto ‘Entender o passado para conhecer o futuro’. “Os alunos estão bem interessados para conhecer suas origens, de onde vieram. Estamos trabalhando construção de mapas, deslocamento do povo negro até o Brasil, as influências africanas no nosso cotidiano, entre outras atividades. Precisamos conscientizar para garantir relações melhores no futuro e combater não somente o racismo, como os demais preconceitos também”, garante o coordenador pedagógico da Emef, Anderson Tadeu Gonçalves.

A Emef Sérgio Francisco da Silva, no Lamarão, trabalhou com exposições, apresentações de dança e teatro, capoeira, entre outros. Além das atividades realizadas na escola, os estudantes também participaram de exposição realizada no Centro de Referência da Assistência Social (Cras) do bairro.

“Buscamos trabalhar esta temática durante todo o ano letivo, pois o preconceito racial acontece todos os dias. Apesar de o Brasil ser um país de maioria negra, o racismo ainda existe pois falta consciência às pessoas da contribuição que cada povo deu à construção da nossa cultura. Por esse motivo, nossos professores trabalham sempre essa questão, pois é a visão de igualdade que queremos passar para os nossos alunos. Nesta semana da Consciência Negra, intensificamos as ações”, enfatiza a diretora da unidade, Delma Araújo de Oliveira.

“Nós ainda estamos tabulando estes dados no setor e enviaremos tanto para o Ministério Público, como para o Conselho de Promoção de Políticas de Igualdade Racial. Então, esse papo de que as escolas não fazem nada no que diz respeito ao enfrentamento, não procede, e a gente poderá comprovar isto, por ‘a’ mais ‘b’”, conclui Maíra Ielena.