Para encerrar o mês de intensificação das atividades de cuidados relacionados à saúde mental, o Janeiro Branco, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, realizou nesta quinta-feira, 30, o I Seminário de Prevenção e Promoção da Saúde Mental do Cuidador, no auditório da Faculdade Pio Décimo.
O evento reuniu trabalhadores, residentes e estagiários da Rede de Atenção Psicossocial (REAPS), que, por meio de palestras e oficinas vivenciais refletiram acerca do cuidado da saúde mental de quem cuida.
“Nesse janeiro branco a rede atuou em parceria com o Conselho Regional de Psicologia, com várias ações articuladas, tanto com os serviços quanto com os conselhos, universidades. Aconteceram ações dentro dos serviços, dos territórios, e os usuários e familiares participaram dessas atividades ao longo do mês. O seminário culmina, pensando na saúde mental do trabalhador, que ao longo do mês também fez essas atividades e ofereceu cuidado. A gente está discutindo o cuidado com o trabalhador e com a pessoa que cuida”, explicou a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial (Reaps), Chenya Coutinho.
Na parte da manhã, a programação contou com três palestras, sendo a parte da tarde dedicada às oficinas vivenciais. Todas as atividades serão certificadas pelo Conselho Regional de Psicologia.
Uma das palestras da programação tratou sobre “Práticas integrativas e complementares em Saúde no cuidado da saúde mental do trabalhador”, com a psicóloga Katita Jardim, mestre em Psicologia e Produção de Subjetividade pela UFRN e também professora da pós-graduação em Saúde Mental e Atenção psicossocial e da Especialização em Psiquiatria na Estácio Sergipe.
“A nossa forma de olhar a saúde é sempre compartimentalizada, mas na verdade o ser humano é uma coisa só, e as práticas integrativas vêm no sentido de nos tirar das caixas, integrar. A proposta do SUS inclusive é de integralidade do ser humano, com todas as partes subjetivas, físicas e psíquicas, entendendo como um só. Na medicina tradicional Ayuvérdica (que é a medicina tradicional indiana), temos uma visão do ser humano que cuida da saúde, não da doença como a gente faz. Quando a gente muda nossa cultura, e começa a ver a saúde de fato, como aquilo que deve ser cuidado, os problemas existentes simplesmente somem”, pondera Katita Jardim.
A especialista ainda alerta sobre a importância do cuidado com a saúde das pessoas que cuidam. “Enquanto a pessoa não cuida de si mesma, para poder inclusive cuidar dos outros, não tem como produzir saúde mental. A minha fala é sobre como a gente se compromete, enquanto profissional de saúde mental, para se cuidar antes de cuidar do outro e fazer um trabalho significativo”, defende.
Entre os participantes, a assistente social do CAPS Ad Primavera, Lijane Oliveira acompanhou atenta as palestras. Ela reconhece a complexidade do cuidado quando se trata de saúde mental, e o quanto é essencial compartilhar momentos de conhecimento e troca de experiências, por isso se interessou em participar do seminário.
“A correria do dia a dia em nossos locais de trabalho faz com quem algumas questões, tanto dos usuários quanto dos profissionais, acabem passando despercebidas. E momentos como este servem de alerta pra gente refletir, identificar melhor os sintomas, porque na correria, muitas vezes, eles são percebidos quando já estão avançados. E ter um mês dedicado a esse tema faz com que a gente estude mais, relembre e busque cada vez mais auxiliar no dia a dia dos nossos usuários, quando fazemos as intervenções”, afirmou Lijane.
