Prefeitura garante atendimento a crianças com microcefalia e baixa visão

Educação
12/02/2020 11h52

Com as luzes apagadas, a professora Ana Laura projeta a luz da lanterna na parede. O objetivo é que o pequeno Janderson, de 4 anos, acompanhe o movimento que faz aquela luminosidade. Nascido com microcefalia e também portador de problemas de visão, Janderson passa, uma vez por semana, pela sala de estimulação precoce, no Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), mantido pela Prefeitura de Aracaju, por intermédio da Secretaria Municipal da Educação (Semed).

O trabalho realizado com Janderson não é o único. Há três anos, o CAP presta apoio a crianças com microcefalia e que são cegas ou possuem baixa visão. Neste período, o Centro já atendeu a mais de 20 crianças, tanto de Aracaju quanto de municípios do interior do estado.

“Começamos este trabalho justamente quando iniciou esta problemática da microcefalia. Por coincidência, quando esses alunos chegaram aqui, nossa professora da estimulação precoce foi convidada a fazer um curso na Fundação Altino Ventura, em Recife, e voltou trazendo tudo que a gente precisava para trabalhar com essas crianças”, explica a coordenadora do CAP, Joana D’arc Meireles.

Quando chegam para o atendimento, é na sala de estimulação precoce que o trabalho é iniciado. Com o auxílio de brinquedos e diversos materiais pedagógicos, a professora Ana Laura Campos Barbosa, que está há um ano trabalhando no local, busca estimular o desenvolvimento dos alunos como um todo.

“Meu trabalho aqui é estimular a criança a usar todo o corpo para aprender. Não trabalhamos somente a visão, mas o tato e a percepção de uma forma geral. No caso dos alunos com microcefalia, o fato do cérebro deles ser um pouco menor, a condição de aprendizagem também fica comprometida. Mas sempre converso com as mães que estimular é o ponto principal, que elas nunca deixem de acreditar que é possível”, conta a professora Ana Laura.

Como o atendimento no CAP é realizado apenas uma vez por semana, a professora também orienta às mães a manter o ritmo dos estímulos em casa. “Tudo que eu faço aqui, faço com a mãe presente para que elas aprendam e possam reproduzir em casa. E também ensinar aos pais, aos irmãos para que interajam com a criança, que conversem, que cantem, que mexam os dedinhos delas. Todo trabalho realizado com qualquer pessoa com deficiência deve ser contínuo”, completa Ana Laura.

A lição de casa foi prontamente compreendida pela dona de casa Silvania Maria de Alcântara, mãe de Janderson, que é atendido no CAP há dois anos e meio. Silvania contraiu Zika vírus durante a gestação e descobriu que o filho tinha microcefalia somente na sala de parto. “Quando a enfermeira trouxe ele pra ficar comigo, foi que eu percebi. Foi um choque imenso”, conta a dona de casa.

Após exames oftalmológicos e a descoberta de problemas de visão em Janderson, Silvania buscou o auxílio do CAP. “Antes, ele não conseguia fixar o olhar em alguém, hoje ele já faz isso, graças ao trabalho de estímulo que é feito aqui. É maravilhoso poder contar com o CAP, eu amo demais cada um que faz parte dessa equipe”, comemora Silvania.

CAP

O Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), ligado à Coordenadoria de Apoio Educacional à Pessoa com Deficiência (Coepd/Semed), é uma unidade que atende à demanda espontânea de todas as idades, de segunda a sexta, das 7h às 17h.

Atualmente, o Centro possui cerca de 120 alunos matriculados e oferece, além da estimulação precoce, o braile, que é o sistema de leitura e escrita pelo tato; informática; educação física adaptada, que é caminho para orientação e mobilidade, trabalhando a lateralidade, equilíbrio e as habilidades necessárias para o uso da bengala; o Soroban, que são cálculos matemáticos; a música; e a modelagem.