Operação Terminal Seguro contribui para maior redução de assaltos a ônibus desde 2016

Agência Aracaju de Notícias
16/03/2020 05h00

De acordo com dados apresentados pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp) na semana passada, Aracaju e a região metropolitana do Estado reduziram em quase 90% o número de assaltos a ônibus no primeiro bimestre do ano. Para chegar a esse resultado, na capital sergipana, a Prefeitura de Aracaju desenvolve a operação Terminal Seguro, que se integra às ações da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/SE).

Quando a operação ainda estava em estágio embrionário, a Prefeitura de Aracaju reuniu organismos de segurança, como a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a Guarda Municipal, além do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp) e Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Aracaju (Sinttra). A ideia era efetivar a integração e troca de informações entre esses organismos para a execução precisa da operação. E a somação de esforços deu certo.

Em janeiro deste ano, Aracaju registrou o menor número de assaltos a ônibus nos últimos cinco anos: 14 ocorrências, o menor índice mensal desde 2016, ano do pico de maior criminalidade no transporte público, com quase 1.400 assaltos a ônibus. 

“Em fevereiro de 2017, demos início à operação, através de um planejamento de dados, observando ocorrências e horários e vendo a tendência desse tipo de situação”, explica o diretor-geral da Guarda, subinspetor Fernando Mendonça. Segundo ele, a Operação Terminal Seguro propôs a redistribuição do efetivo nos seis terminais, o que foi mantido e ocorre diariamente. “A partir dessa redistribuição, começamos a ter alguns resultados”, ressalta.
 
Já em 2017, o número de ocorrências caiu de 1374 para 800; em 2018, caiu para 440; em 2019, para 240. “Se compararmos de 2016 a 2019, temos uma queda de 82%, o que mostra um trabalho direto e efetivo da Guarda, um verdadeiro combate a essas ações nos terminais e nos ônibus”, destaca.
 
Agora, em 2020, com o recorde de redução mensal, a Operação se consagra ainda mais positiva. “O número ideal é de zero ocorrência, e embora saibamos que se trata de um resultado difícil de alcançar, é o que temos como meta. Mas esse índice já mostra um resultado muito bom, que as pessoas já andam mais tranquilas nos Terminais”, atesta.
 
Terminal Seguro
Implementada pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Guarda Municipal, em 2017, a operação Terminal Seguro é uma operação itinerante, que muda de acordo com as necessidades da cidade. “Por exemplo, no Terminal do Mercado, mudamos o horário do início da operação, porque o mercado central abre às 5h, então, a partir desse horário, já há pessoas chegando, sejam feirantes ou usuários”, explica o subinspetor Fernando Mendonça.
 
A mesma dinâmica norteia a operação nos demais terminais de integração. “Nos que circundam as Universidades, temos que ficar até mais tarde da noite, por causa do horário das aulas; já o da Atalaia tem mais movimento aos fins de semana e feriados; outros têm movimentação maior durante jogos e demais eventos esportivos. Então, é uma operação que vai se moldando”, define.
 
A operação funciona com uma viatura em cada Terminal, ou seja, são seis viaturas ao todo. “É uma operação que ocorre diariamente, de domingo a domingo e que, em horários pré-determinados, também atua com patrulhamento, porque as pessoas aproveitam o movimento maior para praticar crimes”, diz o diretor da Guarda.
 
Para Fernando Mendonça, os números vêm corroborar a intensidade e a efetividade dessa ação. “Inclusive, já houve duas prisões por importunação sexual, que é um crime recente. Duas mulheres se sentiram importunadas, esperaram o ônibus chegar ao Terminal e procuraram a Guarda. Eles foram conduzidos à Delegacia. Isso mostra que a nossa atuação serve para inibir todo tipo de crime”, reitera.

Impacto positivo
De acordo com a especialista em Segurança Pública da Universidade Federal de Sergipe, professora Denise Albano Leal, a operação tem um impacto positivo no campo da segurança pública, em especial àqueles crimes que causam comoção significativa na sociedade, para além do homicídio e estupro, a exemplo de furtos e roubos, os que mais ocorrem em terminais de ônibus.

“Foi uma iniciativa louvável. Esse projeto acaba afetando positivamente a questão da segurança objetiva, porque, de fato, passa a ter uma redução de um percentual entre 80 e 92 por cento, que são números consideráveis. Para além desse dado objetivo tem outro elemento de cunho subjetivo, porque as pessoas passam a ouvir menos relatos de furtos e assaltos que ocorrem nos terminais; parentes e vizinhos relatam que não são mais vulneráveis para situações de furto e de assalto, porque percebem que houve essa redução, percebem também a presença de guardas nos terminais, circulando e fazendo as rondas. Dessa forma, tanto o dado objetivo da redução, quanto a percepção subjetiva de maior segurança passam a ser algo claramente real e concreto na vida das pessoas”, explica a especialista, que já trabalhou na Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública, vinculado à Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Georreferenciamento
A operação Terminal Seguro trabalha também com georreferenciamento de dados, ou seja, identifica as chamadas ‘manchas criminais’, onde são mais frequentes os casos de furto/roubo, os horários, os terminais específicos onde essas ocorrências passam a ser mais frequentes.

Além do georreferenciamento de dados, da atividade de inteligência e das rondas, a articulação com a SSP é fundamental para o sucesso do projeto. Essa interlocução com a SSP, explica Fernando, faz parte de uma gestão consistente, de quem tem compromisso com o bem-estar da população, com a melhoria da qualidade de vida.

Opinião semelhante tem a coordenadora das Delegacias da Capital, delegada Viviane Pessoa. “O trabalho da Secretaria de Segurança Pública é pautado no trabalho integrado entre as forças de segurança, então, nós temos uma troca diária de informações entre a Polícia Militar, Guarda Municipal, Polícia Civil, onde nós podemos pautar nosso trabalho, fazer um planejamento em cima desses dados coletados tanto pelo Estado quanto pelo Município”, afirma.

Viviane destaca a atuação da Delegacia Especializada em Combate a Roubo a Ônibus. “Ajudou a compilar os dados para que nós pudéssemos fazer um planejamento melhor, mapeando as manchas criminais e, num segundo momento, disseminássemos esse trabalho nas delegacias”, destaca Viviane Pessoa.

A delegada também faz questão de enaltecer a parceria com o Setransp) classificada por ela como “fundamental”. “Orientamos o Setransp que evitasse trabalhar dinheiro no pagamento do passageiro, investisse em câmeras de segurança nos veículos para ajudar a identificar os criminosos. A gente, antes da Central de Flagrantes, tinha essa troca rápida das delegacias com as equipes da Guarda Municipal. Em todas as ações da SSP a gente tem sempre como a tônica o trabalho integrado, a troca de informações, o mapeamento da mancha criminal. A redução foi expressiva e hoje não é mais uma angústia para o trabalhador utilizar o transporte público”, reconhece.

Na opinião do presidente do Setransp, Alberto Almeida, a operação Terminal Seguro é um exemplo. "Essa ação da Guarda gera um bem-estar para a população, um sentimento de segurança para quem utiliza o transporte público. A Guarda está de parabéns e que em 2020 a gente consiga diminuir ainda mais essa quantidade de roubos”.