Mulheres são protagonistas e ocupam funções estratégicas na Prefeitura de Aracaju

Agência Aracaju de Notícias
08/03/2020 05h00

A luta contra a opressão de gênero, estrutural e histórica, na busca pela igualdade entre homens e mulheres, possui várias maneiras de ser consolidada. Uma delas é garantido às mulheres espaços de protagonismo, para que a nova geração tenha claro que não faz sentido haver funções sociais predeterminadas. Assim, a Prefeitura de Aracaju cumpre um papel importante ao contar com gestoras em áreas sensíveis e importantes para a administração municipal, viabilizando programas específicos para as aracajuanas. 

Quase 40% do orçamento aprovado para 2020, de cerca de 1 bilhão de reais, ligados aos programas e investimentos da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e Secretaria Municipal da Educação (Semed), é gerido por duas mulheres: Waneska Barboza, secretária da Saúde; e Cecília Leite, secretária da Educação. 

Somados aos valores sob a responsabilidade da Secretaria Municipal da Assistência Social e da Fundação Municipal de Formação pelo Trabalho (Fundat), comandadas respectivamente por Silvana Santana, secretária da Assistência, e Edivaneide Souza, presidenta da Fundat, o número assume uma relevância ainda maior. 

Ao designá-las para posições de tanta responsabilidade, a gestão deixa claro seu posicionamento favorável à luta feminina. “O fato de mulheres comandarem duas das pastas com maior orçamento da gestão, mostra que existe confiança na capacidade de gerenciamento financeiro, administrativo e de pessoal para com o gênero feminino dentro da administração. Isso é importante porque passa uma mensagem à sociedade como um todo”, entende Cecília. 

Ainda segundo a secretária da Educação, a administração municipal, ao colocar mulheres em uma posição elevada dentro da hierarquia do serviço público, se contrapõe a uma ordem herdada de tempos em que o machismo era ainda mais intenso. “Pela maneira como a sociedade foi construída nós sempre fomos restringidas às tarefas domésticas, ao espaço privado. Não que esse papéis sejam menores, não podem é serem os únicos possíveis. A gestão demonstra que o espaço público também deve ser ocupado”, diz.

A opinião é compartilhada pela secretária Waneska. “Além dos desafios impostos pela própria natureza de gerir uma secretária, as mulheres enfrentam ainda muita desconfiança por parte de uma parcela da sociedade, por isso é importante que o papel de protagonismo se torne cada vez mais comum. Eu acredito que a Prefeitura de Aracaju segue no caminho certo, abrindo espaço e servindo de exemplo”, ressalta.  

O objetivo, naturalmente, é evidenciar que, ao contrário do preconceito propagado por séculos, inexiste diferença entre as capacidades intelectuais dos sexos. Desta forma, não há justificativa para as desigualdades atuais.  “Nos últimos anos, as mulheres estão alcançando espaços profissionais como nunca antes, aperfeiçoando-se nos seus ofícios e aliando muito bem a vida no trabalho com a doméstica. No caso da Assistência Social de Aracaju, especificamente, há uma maioria de profissionais do sexo feminino, assumindo os mais diversos papéis, inclusive mostrando coragem, capacidade e desenvoltura para se destacar em espaços que antes eram negados”, acredita a secretária da Assistência, Silvana Santana. 
 
A compreensão da necessidade de se opor ao machismo estrutural permeia diversas ações dentro dos órgãos municipais, como é o caso do programa “Papo de Menino x Papo de Menina”, realizado nas escolas da rede com alunos de 10 a 14 anos. A iniciativa consiste em abrir um espaço de diálogo, monitorado por profissionais, para que os estudantes possam discorrer sobre suas dificuldades, tanto em ambiente familiar quanto escolar. Assim, são promovidos também debates sobre as opressões de gênero e sexualidade.

O programa Convida Gestante, ligado à SMS, por sua vez, cumpre o papel de averiguar a situação de consultas e fazer um acompanhamento próximo de mulheres grávidas, especialmente as adolescentes, em bairros com maior índice de vulnerabilidade.  Desta maneira, busca apoiar essa população em uma realidade de abandono parental sistemático. 

Ainda em relação a esse público em específico outras políticas públicas são desenvolvidas, como turmas de profissionalização, por meio da Fundat, para que logo após a gestação elas possam buscar espaços no campo do trabalho. 

Aliás, dentro do órgão que busca qualificar a população para vagas de emprego e mediar a contratação, a Fundat, quase 80% das vagas são preenchidas por mulheres, fato que aumenta as chances de conquista da independência financeira.
 
“Ao facilitar o ingresso no mercado de trabalho, consequentemente garantindo renda, é possível emancipar essas mulheres. Essa é uma das formas de combater a violência de gênero, impedindo que elas se submetam a parceiros por conta da dificuldade financeira. Dentro do órgão há a Coordenadoria da Mulher, responsável por adotar medidas que favoreçam a esse público, na busca por igualdade de oportunidades, e repassar informações sobre os direitos femininos”, explica Edivaneide Souza. 

Na mesma linha, esclarecendo e criando subsídios contra a violência de gênero, as escolas municipais, a partir deste ano letivo de 2020, por meio de Lei aprovada na Câmara Municipal de Aracaju, passarão a adotar no currículo de ensino noções básicas da lei Maria da Penha, impulsionando a reflexão crítica sobre a violência doméstica entre alunos, professores e comunidade acadêmica, com o intuito de promover uma geração que tenha mais respeito pelas mulheres. 

Seja abrindo espaço de protagonismo ou criando projetos e programas de informação e fomento, a Prefeitura de Aracaju se posiciona, dando apoio necessário às aracajuanas, para que igualdade de gênero seja alcançada o mais breve possível, na esperança por construir uma sociedade onde a violência tal qual estabelecida atualmente esteja presente apenas na memória de todos, para que não se repita.