Prefeitura reforça alerta de infectologistas sobre os perigos da automedicação

Agência Aracaju de Notícias
03/07/2020 04h00

Não é de hoje que se fala sobre os perigos da automedicação, no entanto, com a pandemia do novo coronavírus, o assunto tem sido cada vez mais recorrente na área científica e os alertas são inúmeros. Essa preocupação tem crescido, sobretudo, devido à disseminação de mensagens em aplicativos e redes sociais sobre o uso de determinadas substâncias para tratar ou prevenir contra covid-19. Por conta disso, a Prefeitura de Aracaju reitera o alerta sobre os riscos para a utilização de medicamentos sem prescrição médica ou eficácia comprovada cientificamente. 

Conforme explica a infectologista da Secretaria Municipal da Saúde, Fabrízia Tavares, o mundo já viveu outras pandemias e experiências fracassadas de automedicação ou disseminação de drogas milagrosas sem que tivessem efeito e, mais uma vez, apesar dos alertas, muitas pessoas insistem em creditar, sem fundamento, a existência de elixires mágicos. 

“Constantemente, batemos na mesma tecla, falamos sobre a gravidade da automedicação. É preciso frisar categoricamente que o uso de drogas pode ser letal, a depender de como se faz o uso das mesmas. Usar um medicamento sem critério é um risco altíssimo. Temos experiências com outras pandemias, como o ebola, em que houve a utilização de medicamentos e substâncias de forma empírica, e não deram certo, inclusive, com outros coronavírus. É preciso que haja a comprovação científica, baseada em estudos e pesquisas, para que se possa prescrever medicações e, ainda assim, o acompanhamento é de extrema importância, situação que não existe na atual pandemia”, salientou.

A infectologista afirma que a ânsia pela existência de uma medicação capaz de prevenir o coronavírus é geral, no entanto, mesmo com a angústia e, ao mesmo tempo, esperança de cura, é necessário ser realista e cauteloso porque o assunto tem a ver com a vida das pessoas. 

“Temos relatos de pacientes que foram para a UTI e já tinham feito uso desses medicamentos milagrosos que divulgam por aí, ou seja, a ingestão dessas drogas nada resolveu. Portanto, se não há pesquisa, se não tem estudos relacionados a essas drogas, podemos levar a risco de efeito colateral, à morte porque, inclusive, alguns desses medicamentos chegam a acentuar certos sintomas de covid”, reforçou. 

Outro ponto que a infectologista destaca é a conduta que vem sendo utilizada amplamente em todas as unidades do Município que recebem pessoas com sintomas de covid-19. 

“Batemos muito na tecla de uma avaliação inicial criteriosa, com um exame físico de qualidade e o monitoramento desses pacientes ambulatoriais. Quando a gente monitora, detectamos de forma mais precoce os riscos de agravamento e, aí sim, indicamos terapêuticas mais específicas ou indicamos internamento precoce. Essa é a tendência de hoje, monitoramento”, orienta Fabrízia.

Informe SBI
Na terça-feira (30 de junho), a Sociedade Brasileira de Infectologistas (SBI) emitiu um informe ressaltando a inadequação das medicações que estão sendo divulgadas por meio das redes sociais e aplicativos de mensagem. 

Na publicação, a SBI lista as substâncias que estão sendo divulgadas para o tratamento da covid-19 e que não possuem embasamento científico: 

- Cloroquina/hidroxicloroquina
- Corticoides
- Medicamentos antivirais (opinavir/ritonavir)
- Medicamentos antiparasitários (ivermectina e nitazoxanida)
- Tocilizumabe
- Anticoagulação (heparina e seus derivados)
- Plasma convalescente
- Vitaminas e suplementos alimentares