Prefeitura inicia ação histórica para realizar sonho da casa própria de mais de mil famílias

Agência Aracaju de Notícias
20/07/2020 13h00

"O sonho que eu sempre tive foi de ganhar minha casa e hoje, graças a Deus, o sonho começou a ser realizado". A declaração, em tons regados a lágrimas de felicidade, é da autônoma Maria José Nascimento, de 55 anos, a qual faz parte de uma das 838 famílias da Ocupação Mangabeiras, localizada no bairro 17 de Março, que começaram, na manhã desta segunda-feira, 20, a ser realocadas para novos lares, por meio do auxílio-moradia, garantido pela Prefeitura de Aracaju, via Secretaria Municipal da Assistência Social. 

A ação está dentro do cronograma do projeto residencial, idealizado pela Prefeitura de Aracaju, capitaneado pelo governo federal, para construção de 1.102 habitações no novo complexo habitacional do bairro 17 de Março, batizado de Irmã Dulce dos Pobres, no qual serão investidos  R$ 124,6 milhões, recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sendo R$ 116,7 milhões do financiamento e R$ 7,9 milhões de contrapartida do município.
 
“Hoje é um dos dias mais felizes da nossa gestão, porque damos o primeiro passo nesta longa caminhada de um sonho acalentado desde que chegamos na Prefeitura, que é a retirada dessas famílias das Mangabeiras. São 840 famílias que estão nesta ocupação há mais de quatro anos e que foram cadastradas para receberem suas casas, quando construirmos 1.102 residências, neste local. Além disso, mais 179 famílias, que vieram depois para esta ocupação, terão acesso ao aluguel social, para também viverem de maneira mais digna. Todas as pessoas que saírem daqui serão realocadas em casas alugadas, pagas pela Prefeitura durante o período de realização da obra. Serão investidos mais de R$ 7 milhões só em aluguel social, sendo R$300 para cada família, por mês, pelos próximos dois anos. Depois disso, elas voltarão para cá e viverão em um novo lugar, com infraestrutura completa, dignidade e qualidade de vida. É uma obra que vai transformar a vida dessas pessoas que tanto sofreram”, afirma o prefeito Edvaldo Nogueira.
 
"A minha vida vai melhorar. Eu nunca tive uma casa, é a primeira vez. Isso já é motivo de estar feliz. Já enfrentei tantos problemas por aqui, várias dificuldades, principalmente com relação à lama, vivíamos praticamente na água, além de muita violência", afirma Maria José Nascimento, que sobrevivia da venda de quentinha, mingau, caruru, mungunzá, bobó e arroz doce na porta do antigo barraco. Agora, conta ela, "abre-se uma nova expectativa" para a construção da casa própria, processo que levará em torno de dois anos para ser concluído. 

Enquanto a chave da casa própria não é entregue, o aluguel social pago pela Prefeitura, é visto, sobretudo, como uma iniciativa confortadora do ponto de vista humano e social. 

"Cada um vai ter a sua moradia digna. Todos vão sair daqui mais felizes para o seu aluguel. Tudo no tempo certo. Depois disso, já me imagino na minha casa própria, vou levantar um muro e crescendo aos poucos. Enfrentei muitas dificuldades. Teve uma vez que a chuva e o vento levaram o telhado e derrubaram o barraco. Depois da chuva, poucos meses depois, a Prefeitura veio aqui e cadastrou todos nós. Estou muito grato e agradeço a Deus por tudo", diz com um sorriso largo no rosto o desempregado Jerfeson Andrade, 26, morador da ocupação há quatro anos.
 
Quem também está esbanjando felicidade é a cuidadora de crianças Fabrina Santos de Jesus, 41. Ela mora há seis anos na ocupação Mangabeiras, na companhia de netos e nora. "Estou me sentindo realizada. Morava de favor na casa de minha filha, Aí vim morar aqui. Fiz meu barraquinho. Agora me sinto realizada. Passei o que passei e estou sendo realizada, porque vou ter uma casa e dizer que é minha. Já estou indo para uma casa de aluguel e me sinto vitoriosa. Com fé em Deus vou estar no meu canto, numa casinha para dizer que é minha", vislumbra. 

Responsabilidade
De acordo com a secretária da Assistência Social, Simone Passos, a ação que ocorre hoje é a última etapa do processo de realocação das famílias. Para isso, destaca ela, foi montada uma operação que envolve profissionais das secretarias municipais da Assistência Social; Defesa Social e Cidadania, através da Guarda Municipal de Aracaju e Defesa Civil; e das empresas municipais de Obras e Urbanização (Emurb) e de Serviços Urbanos (Emsurb). Ao todo, 15 caminhões foram colocados à disposição das famílias.
 
"O trabalho vem sendo cumprido com responsabilidade. Foram dias intensos, onde a gente pôde averiguar melhor a situação de cada família, e das famílias que adentraram na comunidade após o cadastro. Também teve o momento de receber e conversar com elas. O trabalho foi rápido e facilitado, porque as famílias providenciaram a documentação o mais rápido que puderam. A gente tem até o dia 24 para fechar essa realocação, mas esperamos fechar no dia 23", destaca a gestora. 

Simone Passos afirma ainda que a intervenção municipal é um antigo desejo da comunidade. "É uma obra sonhada pelos moradores. A gente sabe que, desde 2017, o projeto já tramitava e agora em 2019 fechamos os cadastrados e, assim que o terreno foi passado da União para o Município, nós conseguimos começar essa ação de retirada. A obra é sonhada não somente pelos moradores, mas pela gestão também. A casa própria é sonho de milhões de brasileiros e a gente vai conseguir trazer essa casa própria, dando dignidade e autonomia para 1.102 famílias de Aracaju".

Eixos
A diretora da Gestão Social de Habitação da Assistência Social de Aracaju, Rosária Rabelo, explica que a ação da Prefeitura não consiste apenas em construir lares, mas também existe um acompanhamento contínuo dessas famílias, que receberão orientações divididas em três eixos centrais.

"O primeiro é o fortalecimento comunitário dessas famílias; o segundo é educação ambiental e patrimonial, porque nós vamos ter aqui uma reserva de mangabeiras, preservando o que já existe há mais de 30 anos; e um terceiro eixo é o desenvolvimento econômico, porque nós temos famílias aqui que sobrevivem de reciclagem, um número grande de carroceiros que sobrevivem de fazer frete. Então, nós vamos trabalhar esses aspectos, ver de que forma podem empreender melhor para que possam ter uma geração de renda mais consistente. É uma ação extraordinária, porque, além das casas, eles também vão ter serviços aqui", detalha a diretora. 

Rosária Rabelo faz questão de externar que essas famílias estão sendo tratadas pela administração municipal com dignidade, respeitando cada morador. "Ao longo de quase seis anos, eles conviveram aqui na miséria e sem acesso a praticamente nenhum tipo de serviço. Hoje estão indo para uma casa alugada pelo Poder Público, concretizando o sonho de que, daqui a dois anos, vão estar numa casa própria. Ao longo desses anos, a A Secretaria de Assistência Social continuará prestando toda assistência a essas famílias". 

Parcerias
O secretário da Defesa Social e da Cidadania, Luís Fernando Almeida, ressalta a importância da parceria entre os órgãos. "A Secretaria da Defesa Social está atuando não somente com a Defesa Civil, que montou ponto aqui para dar um suporte no caso da derrubada de imóveis que apresente qualquer risco e ela possa orientar melhor as pessoas que estiverem executando esse trabalho, mas também no apoio à Guarda Municipal, que está presente com 150 homens e mulheres para garantir a segurança dessa população, pessoas de bem que irão receber melhorias fantásticas em suas vidas. É bom frisar que não estamos fazendo um despejo, estamos fazendo a realocação de pessoas, que já têm seu aluguel social e vão aguardar a construção de um bairro que será lindo, com preservação das mangabeiras. Então, é um grande passo".

Opinião semelhante tem o presidente da Emsurb, Luiz Roberto Dantas. Ele ressalta que a Emsurb está com duas equipes, divididas em 22 agentes coletores e de limpeza, com o objetivo de fazer um "pente fino". "Depois da saída e demolição dos barracos, já existe uma empresa contratada que faz a demolição, o transporte das pessoas e a gente fica só para esse pente fino, isto é, fazer uma limpeza mais cuidadosa; observar se tem algum objeto ou pertence de algum morador. Além disso, estamos contribuindo com a Assistência Social no que diz respeito à organização e os cuidados que se deve ter nesse processo, que tem tudo para ser pacífico, diante das iniciativas que já foram tomadas, mas é muito importante estarmos por perto, conclui".